Ano novo!

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POV GIZELLY


     Após o fatídico dia em que tudo aconteceu eu foquei em minha mudança para a capital, nós já tínhamos fechado com o local que iriamos ficar e o emprego com a filha de seu Luís já estava certo, só precisa chegar lá e fazer os exames, ela disse que ia olhar algo para o Paulo também.

     Duas semanas haviam se passado e eu ainda tentava digerir tudo que tinha acontecido, Rafaella tentou falar comigo novamente, mas eu não estava disposta a ouvi-la, toda vez que eu pensava em Rafa me vinha a imagem das duas juntas, o sorriso malicioso que Gabriela lançava em mim era cortante aquelas lembranças.

     Às vezes me pegava pensando na noite em que quase aconteceu no chalé, na noite linda que tivemos na cabana, nas coisas que havíamos planejado, quando eu me lembrava dessas coisas as lágrimas não demoravam a rolar.

-Hello gatinha, seu Luís ligou e disse que quer conversar com você. – Paulo entrou no quarto me despertando das lembranças. – Gi, você esta chorando?

- Ai amigo, não é nada de mais. – Falei secando o rosto na manga da blusa. – Já passou.

-Gi porque você não dá a chance dela se explicar? – Ele acariciava meu cabelo com carinho. – E se for só um mal entendido mesmo?

-Não tenho nada pra falar com ela Paulinho, eu realmente estou focada na nossa nova vida.

-Você quem sabe amiga, seu Sebastião convidou a gente pra festa de fim de ano dele, se você por um acaso mudar de ideia. – Paulo levantou me abraçando. – E agora deixa ir, vou almoçar com minha mãe e pegar algumas coisas minhas que ficaram com ela.

Ele saiu e me deixou com meus pensamentos, e se fosse só um mal entendido? Se eu ficar pensando demais eu ia enlouquecer isso sim. Talvez Paulo estivesse certo, talvez eu devesse ir nessa festa. Com esses pensamentos sai e fui encontrar seu Luís que me esperava no armazém.

     Sempre tive seu Luís como um pai pra mim, ele sempre me ajudou muito e eu sei que ele me via como uma filha. A gente se adotou nesse tempo em que trabalhamos juntos e me despedir dele seria uma das coisas mais triste que eu teria que fazer.

-Minha filha, que bom que você chegou, eu estava só lhe esperando pra acertarmos nossas contas. – Ele dizia com um largo sorriso. – Não acredito que vou ficar sem minha melhor funcionária que se tornou uma filha pra mim!

-Ai Seu Luís, prometo vir sempre visitar vocês. – Eu odiava despedidas, nunca gostei. – O senhor sempre foi um pai pra mim, jamais poderia me esquecer do senhor.

-Espero que não esqueça mesmo em mocinha, mas vem aqui tenho um presente pra você.

Seu Luís me levou até os fundos e pra minha surpresa a caminhonete velha dele estava envolvida em um grande laço e Paulo todo feliz ao lado.

-Minha filha, eu sei que ela está velha de guerra, mas vai servir pra vocês chegarem à capital e vir me visitar sempre aparecer uma oportunidade. - Seu Luís meu segurava pelos ombros eu não podia estar mais feliz.  – Espero que goste você merece muito mais que isso meu bem, sei que você ainda não tirou a carta, mas sei que o Paulo pode ser seu motorista particular.

    Ele realmente me surpreendeu, ele e a esposa seriam pessoas que eu realmente iria sentir falta.

-Motorizada hein gatinha? – Paulo fazia cócegas em minha barriga. – E claro farei questão de ser motorista particular da donzela.

-Hahaha, claro que vou querer seu bobo. – Eu desviava das mãos dele. – Mas eu vou querer tirar minha habilitação quando a gente tiver um tempo. Mas me conta como foi o almoço com a sua mãe.

- Menina! Tenho um babado pra te contar, senta que lá vem bomba. – Paulo falava de um jeito mais afeminado, parece que depois do ocorrido com o pai ele não tinha mais a pose de hetero. – EU VOU SER TITIO, ACREDITA QUE JARARACA ESTÁ GRAVIDA?

-Minha nossa, não creio nisso! – Estava chocada com a novidade. – Meu deus Tabata dizia que nunca teria filhos sabia?

  Paulo disse que a mãe detestava a ideia dele não morar mais com ela e que estava cada dia mais difícil conviver com Tabata e com o pai dele.

-Ela já está lá em casa de mala e cuia menina. – Ele ficou triste por um momento. – Quer dizer, minha antiga casa né.

-Hey gatão! Não fique assim, agora teremos nossa casa! Só nossa sabia? – tentava anima-lo. – Eu estava pensando e acho que devíamos ir à festa do Seu Sebastião.

     Eu pensei e acho que devo seguir meu coração, eu não quero ir embora com historias mal resolvidas. Eu estava magoada com Rafa, mas eu poderia pelo menos ouvi-la antes de ir embora. Estou prestes a começar a minha vida adulta e por isso deveria encarar meus problemas com maturidade.

     Comemoramos o natal lá em casa mesmo, Mamãe estava triste com a nossa partida, mas ao mesmo tempo orgulhosa de nós. Nosso Natal não poderia ter ser melhor, eu vou sentir muita falta da minha mãe e dos meus irmãos.

     Chegou o dia da bendita festa do Seu Sebastião e meu desespero andava ao lado da minha ansiedade, Rafaella não tinha me procurado mais, porém no natal ela me mandou uma mensagem desejando feliz natal pra mim e minha família.

-Ai Paulo não sei se ir nessa festa é uma boa ideia! – Falei colocando a sandália.


-AH nem vem, o Davi vai estar lá, e você disse que queria encarar seus problemas de frente. – Paulo já estava pronto me esperando. – E você está indo pra curtir a festa também, então vamos logo.

   Paulo tinha razão, eu não posso ficar me escondendo pra sempre, e também eu queria vê-la nem que seja mais uma vez.

   A festa estava animada, tinha muita gente conhecida por lá, Seu Sebastião realmente sabia dar uma festa, estava tudo muito bonito. Paulo e eu cumprimentamos alguns conhecidos.

Meus olhos percorriam todo o espaço torcendo pra encontrar um par de olhos verdes lindos.


-Amiga! Disfarça pelo menos, você não para de procurar por ela. – Ele me cutucava chamando minha atenção. – E mantenha a calma que eu acabei de achar quem você está procurando e ela está vindo em nossa direção.

-Oi gente tudo bem com vocês? Não achei que viriam! – Rafaella se aproximou de nós e falou a última frase olhando diretamente pra mim. – Gizelly, como tem passado?

-Estou bem, obrigada. – Eu disse sem fazer contato visual com ela, certeza que se eu a olhasse iria esquecer tudo que aconteceu naquela hora.


-Será que podemos conversar em um lugar mais reservado? – Ela forçava um contato comigo. – Temos coisas inacabadas pra resolver.


-Ok Rafaella, vamos conversar. – Ela ia me puxando pela mão quando o pai dela a chamou. – Vai lá, eu te espero aqui.


     Ela correu até o pai e eu fiquei esperando, ela estava linda toda de branco, ela era linda de qualquer forma, eu estava apaixonada e não podia negar esse fato.

-Vejo que meu sogro convidou a caipirada inteira não é mesmo? – Gabriela chegou por traz de mim dizendo isso próximo ao meu ouvido. – Você é bem ousada, em vir até aqui na casa da minha namorada dar em cima dela, pensa que eu não me lembro da sua carinha linda? Se você acha quem pode vir aqui e tomar minha namorada pode tirar o cavalo da chuva. Rafa e eu temos uma vida juntas e não vai ser uma caipira qualquer que vai mudar isso!

    Ela saiu e eu só queria correr dali, eu estava certa não tinha como competir com isso, só me resta aceitar que minha historia com Rafaella acabou ali naquela noite de ano novo!

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A segunda parte é mais interessante 🦒🦒🦒

Você Partiu!Onde histórias criam vida. Descubra agora