ZARA DIXON
Vejo aqueles homens querendo ceifar a vida do meu pai.
— Ela não é minha filha, é somente uma puta — meu pai diz me olhando com desespero e não estou entendendo onde ele quer chegar com isso.
— Quem é você? — um dos homens pergunta, o mesmo que não tira os olhos de mim.
Para olhar em seu rosto preciso erguer meu rosto, mas não queria olhar em suas esferas azuis, o homem me causa medo.
— Te fiz uma pergunta — diz um pouco mais grave, fazendo meu corpo tremer.
Olho em desespero para meu pai, que faz sinal de não com cabeça, para eu continuar com sua mentira.
— Zara — digo com a voz baixa. — Trabalho aqui. — Não tenho coragem de dizer que sou uma puta, assim ele entende como quiser.
— Está mentindo — o desconhecido diz parando na minha frente, segura meu queixo, ergue para cima e olha em meus olhos. — Odeio que mintam para mim.
— DEIXEM-NA EM PAZ, ZARA NÃO TEM NADA A VER COM ISSO! — meu pai berra em um choramingo.
— Qual é a sua idade? — pergunta ignorando os protestos do meu pai.
Seu rosto é tão lindo e ao mesmo tempo assustador, seus lábios um tanto grossos com uma cicatriz no canto e os olhos têm um azul gelado feito um iceberg.
— Dezenove — respondo em um sussurro.
— É virgem?
Arregalo meus olhos, não iria falar isso na frente de todos, minha virgindade não está em jogo aqui ou está?
— Lógico que não, ela é uma garota aqui da boate. — Meu pai volta a se debater, fazendo o outro homem apertar a arma ainda mais na sua cabeça.
— Então quer dizer que eu posso levá-la lá para cima e trepar com ela? — o homem à minha frente diz virando o rosto na direção do meu pai.
— NÃO — berro dando um passo para trás e tirando sua mão do meu queixo.
Tento caminhar em direção ao meu pai, mas o homem me segura por trás, trazendo meu corpo de encontro ao seu. Fico tensa, apenas por alguns segundos, e logo começo a me debater.
Com muita agilidade, ele espalma sua mão em meu pescoço, apertando com força. Respiro com força, seu cheiro amadeirado misturado com tabaco invade meu olfato e imagino que este é o nosso fim.
— Essa garota não vale nada — Lays diz se insinuando para eles.
Esta mulher não tinha jeito, como consegue se jogar para cima de homens perigosos como eles?
Eles iriam nos matar.
Sem que eu preveja, o homem se movimenta, ergue seu outro braço e um estouro me faz soltar um berro. Fecho meus olhos com força, ele tinha acabado de atirar na cabeça dela e havia sangue por toda parte.
— Heinz, minha trepada, irmão — o outro homem diz em tom calmo, como se isso fosse a coisa mais normal.
— Cansei de ouvir a voz desta mulher. — Seu tom de voz acima de mim é sereno.
Seu nome é Heinz, ele não é daqui, afinal seu inglês o denuncia, e agora com esse nome, tudo indica que venha da Alemanha.
— Agora vamos ao que interessa — Heinz diz cheirando meu cabelo e seu aperto passa a ser um pouco mais suave. — Seu pai tem uma chance de ficar vivo e isso vai depender unicamente de você.
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