CAPÍTULO DOIS

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HEINZ ZORNICKEL

Isso é loucura, Don!

Não dou atenção para o que ele fala, passando por diversos homens que me olham com cara de besta.

Será que é difícil acatar uma ordem minha sem questionar?

Entro em meu escritório com Jordan na minha cola.

— Heinz, pensa no que está fazendo — Jordan, meu consiglieri, continua teimando.

Caminho até minha adega, encho um copo de whisky e tomo tudo de uma vez só.

— Pensei e já tomei minha decisão. Sabe que quando me decido não tem quem me faça voltar atrás — Viro em direção ao meu conselheiro, encostando meu corpo na mesa de bebidas e sentando na ponta.

— Klaus é novo aqui, não sabemos se é confiável — Jordan passa a mão diversas vezes em seu cabelo.

— Ele é meu irmão, um Zornickel, nas suas veias corre meu sangue. Otto não pode me substituir aqui, então ele vai ser meu subchefe na Suíça. Otto vai ficar somente a par dos negócios de Nova York de hoje em diante.

Otto é meu irmão mais novo, assim que ele completou 18 anos o nomeei meu subchefe, porém com o nosso domínio em Nova York, tive que mandá-lo para lá. Nosso nome é novo lá, nossas boates têm lucrado muito e meu irmão está conseguindo administrar com maestria.

Nunca pensei na hipótese de sair da Suíça e ir para um lugar mais agitado, gosto da calmaria e de comandar tudo da minha torre, lugar onde já tentaram se infiltrar diversas vezes, mas sempre foram pegos.

Respiro fundo, mordendo o canto do meu lábio, sentindo a cicatriz de um combate de treinamento.

— Inferno! — Começo a andar de um lado para o outro.

— Loucura, não é mesmo?

Jordan além de ser meu conselheiro é meu melhor amigo.

— Pensei que Klaus nunca iria ser encontrado. Agora está mais claro que os Vacchianos estão por trás disso.

— Ele disse que sempre morou na Itália, não é mesmo?

Concordo com a cabeça, paro ao lado da janela e olho a neve cair ao longe, as colinas estão cheias de neve.

Klaus foi sequestrado ainda quando bebê, meu pai o procurou por diversos anos, até que o deu como morto. Na época eu era apenas um menino de dois anos e não lembro como foi. Quem o reconheceu foi meu pai ao ver a imagem dele no jornal, o criminoso mais procurado, sendo preso.

Meu irmão cresceu longe da máfia e vivia de roubos.

— Onde ele está? — pergunto virando meu corpo.

— Petrus o chamou, deve estar falando com seu pai.

— Mande-o vir na minha sala.

Jordan sai da sala, tiro minha arma do coldre, coloco em cima da mesa, sento na cadeira, abro a gaveta, pego um charuto, o preparando e sinto o cheiro maravilhoso da erva que ele é feito.

Acendo dando a primeira tragada, sinto meu corpo tenso relaxar e coloco os pés sobre a mesa. Fecho meus olhos, mas com os ouvidos atentos.

Sou o Don mais novo que assumiu a In Ergänzung, tinha dezessete anos quando meu pai foi diagnosticado com câncer e desde então vive em tratamentos.

Estou com 38 anos e até hoje o velho não é mais o mesmo.

Depois que minha mãe faleceu no parto da minha irmã mais nova, Petrus nunca mais foi o mesmo, por mais que ele se faça de durão é óbvio que o que o movia era ela.

HEINZ - COMPRADA PELO MAFIOSO  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora