Capítulo 9

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No instante em que minha boca toca a dele é como se uma lufada quente de vida fosse injetada em meu coração, acendendo luzes piscantes que brilham por trás das minhas pálpebras fechadas e faz meu corpo inteiro vibrar.

Vivo. Quente.

Pulsante.

Com um gemido me deixo levar pelas sensações, projetando a língua para sentir seu gosto, meus lábios devorando a boca masculina como se fosse o último alimento do mundo.

E eu estou faminta.

Estou com fome de Nick de Santi.

Com um gemido, minhas mãos seguram seu rosto, a barba contra meus dedos é áspera e macia ao mesmo tempo e intensifica os arrepios que descem por minha espinha e faz tudo tremer dentro de mim.

Então, Nick deixa escapar um ruído rouco e grave do fundo da garganta que faz uma explosão de prazer atingir meu ventre, mas em seguida, sinto seus dedos em meus braços, não me puxando para perto como desejo mais que tudo naquele momento, mas para me afastar.

Abro os olhos, ofegante e perdida, ainda sentindo as vibrações do beijo em toda minha pele e Nick está se afastando, levantando do sofá.

— O quê?... — balbucio, confusa.

— Isso não pode acontecer, Kiara. — Suas palavras soam bruscas e por um momento apenas o encaro atordoada, meu cérebro levando alguns segundos para compreender toda a situação.

E, então, é como se eu caísse em mim.

Minha nossa, eu beijei Nick de Santi!

Eu, Kiara Willians, que não podia nem conceber aceitar uma aproximação masculina, tinha tomado a iniciativa de ir pra cima de um cara.

E eu ainda quero ir pra cima dele.

Engulo em seco, minha mente rodando, talvez ainda do álcool ingerido ou pela avalanche de acontecimentos inéditos dos últimos minutos.

Ainda sinto um resquício de desejo. Porém, Nick está olhando pra mim como se tivéssemos cometido o maior erro do mundo.

Ele se afastou.

Ele me afastou.

A verdade atinge meu estômago e uma dorzinha incômoda começa a se alastrar por meu peito.

— Eu achei, eu... — "Eu achei que você estivesse atraído por mim também", é o que eu quero dizer, mas não consigo.

— Sinto muito, mas está confusa. Deve ser a bebida.

Sacudo a cabeça, aturdida.

Um misto de vergonha, pesar e raiva domina minhas emoções.

Fixo meu olhar em Nick, em pé ali na minha frente. Sua expressão é fria como gelo e eu quase rio da ironia.

— Por que estou aqui, Nick? Que diabos quer de mim? — O questionamento escapuliu da minha boca sem que eu conseguisse me conter.

Nick está me confundindo e estou mais tonta do que nunca.

Ou será que confundi tudo em meio a minha inexperiência e empolgação pelo que ele me fazia sentir?

— Quero que vá dormir. O quarto de hóspede é a segunda porta à direita no segundo andar. Você não está bem. Vai esquecer de tudo isso amanhã.

Porra, ele está sendo condescendente?

Eu o observo se afastar, subindo as escadas.

Quero gritar. Quero chorar.

Corações de geloOnde histórias criam vida. Descubra agora