Capítulo 11

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Eu o observo, surpresa.

— Sabe patinar?

— Não como você.

Ele desliza facilmente pelo gelo à minha volta.

Tenho a impressão que Nick é um desses caras capazes de fazer qualquer coisa.

— Acho que ninguém patina como você.

— Como sabe? Não entende nada de patinação.

— Como sabe que não entendo?

— Entende?

— Tem razão, não faço ideia do porque de todos os movimentos e saltos. Apenas admiro como são belos.

— Bem, talvez eu possa te explicar alguns, vamos ver. Isso é um camel spin. — Eu giro com meu torso e a perna livre, perpendiculares formando um T.

Volto em posição normal.

— Existem muitos tipos de spin. Camel, layback, sit...

Faço outro elemento girando em um pé só, com minhas costas arqueadas para trás.

— Isso é um layback spin.

E deslizo pelo gelo, fazendo um double axel perfeito.

— E isso é um double axel. O axel é considerado o salto com maior dificuldade técnica entre os seis tipos de salto da patinação artística.

— Você faz parecer muito fácil.

— É fácil pra mim. — Sorrio.

— Você é mesmo incrível, Kiara.

Meu peito expande com um elogio que já ouvi tantas vezes, mas vindo dele tem um sabor diferente.

— Muitos patinadores são incríveis.

— Imagino que sim, mas eu tenho observado você. A maneira que se move com Christian, a conexão e a confiança que tem um no outro é surreal. Não havia essa conexão com Diana e Dimitri, por exemplo.

Não gosto quando ele cita Dimitri.

— Você tinha essa conexão com Dimitri?

— Eu acreditava que sim...

— Por que parou de patinar com ele?

Eu não respondo.

Deslizo para longe, girando, saltando e realizando vários elementos até ficar cansada. Sei que Nick está ali me observando e toda vez que nossos olhares se encontram, ele parece estar esperando que eu exploda a qualquer momento.

Não sei quantas vezes circulei, perdendo o fôlego e já sentindo meus músculos sem aquecimento adequado reclamando.

— Você deveria parar agora.

Escuto sua voz mais perto do que imaginava quando caio pela primeira vez. Abro os olhos para ver Nick pairando sobre mim, com a mão estendida.

Eu a seguro, sentindo sua palma quente contra a minha, fria, e ele me puxa me erguendo e me tirando do chão. Nossos olhares se encontram e respiro com dificuldade, não por causa do exercício, mas pela intensidade do olhar dele.

Nick não faz nenhum movimento para sua mão soltar a minha e me surpreendo quando o sinto segurando minha outra mão, nossos dedos se entrelaçando devagar.

A energia que sempre sinto quando ele está perto me envolve como um choque elétrico, me aquecendo de fora para dentro, derrubando minhas defesas. Ainda estamos deslizando devagar, ele me empurrando delicadamente pelo gelo, nossos olhares presos um no outro.

Corações de geloOnde histórias criam vida. Descubra agora