Reino Da Luz

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O Reino da Luz
 
      Jhonatan corria pelos corredores do palácio, tentando despistar os servos que o procuravam. Havia matado aula mais uma vez, e por mais que se sentisse mal, era melhor do que aguentar os sermões de Terra. Bom, os sermões iriam ser feitos não importa o por quê, mas Jhon estava feliz em apenas atrasar o inevitável.

      Enquanto passava por um dos corredores, parou por um tempinho para recuperar seu fôlego, e percebeu que havia uma janela ali. Era sempre assim nesse castelo, já que o arquiteto parecia adorar suas janelas, portas, varandas, parapeitos, tudo que abre sua vista ou passagem a um lugar. Até mesmo agora, quase cem anos após sua construção, os servos ainda achavam passagens antes escondidas, cheias de poeira, revelando laboratórios, pequenas bibliotecas, quartos que nunca foram usados.

     
     Essa janela em específico não era diferente das outras: Uma abertura retangular e estreita em uma das paredes, com nenhuma decoração substancial, mas ela se destacava pela paisagem atrás. Ela ficava no corredor mais alto dos palácios, em um andar usado por poucos, mas oferecia uma vista da cidade inteira.

      Jhon respirou fundo, maravilhado com o esplendor que estava vendo. Centenas de pequenas estruturas se espalhavam por milhares de metros a cada direção, e as pessoas que habitavam essas estruturas passavam por sua rotina diária abaixo: Elas compravam, vendiam, construíam; caso estivessem em seus dias de folga, iam ver um espetáculo no teatro, ou beber nas tavernas. A cidade, construída inteiramente de mármore, brilhava no sol forte, e era a capital do Reino da Luz, chamando-se Gunes.
 
     Localizada entre uma montanha e um rio, Gunes era um importante posto militar e econômico, vital para manter as linhas de comunicação entre sul e norte em caso de guerra. 13 anos atrás, foi o local da batalha final na Grande Guerra, mas havia sido reconstruída, e agora era um centro comercial gigante e próspero. Seu brilho, vindo da reflexibilidade da luz do Sol, deu o nome ao Reino da Luz.

     Meu reino, pensou ele, Caso   eu     consiga derrotar Naiver na Cêrimonia.

        
     Não era produtivo continuar pensando sobre o futuro agora, principalmente não agora que estava fugindo de suas aulas. Jhon se prepara pra voltar a correr, mas percebe uma porta semi-aberta no final do corredor: Dela saiam barulhos de dor, como alguém sofrendo um pesadelo, ou talvez mais do que isso...

     Decidindo se arriscar um pouco, Jhonatan espia pela fresta adentro, e enxerga um homem, deitado, se debatendo. Ele estava quase se convulsionando, suas roupas encharcadas, seus cabelos escuros grudados na testa, e parecia estar em sofrimento. O homem era Icer, um dos Três Guardiões de Jhonatan.

      Parado na entrada do quarto, Jhonatan hesita por um momento: Se ajudasse Icer, iria certamente ser levado devolta para suas aulas. Mas esse momento foi breve, e em um segundo Jhonatan chamava o nome de seu Mentor, tentando acordá-lo:

      "Icer! Icer! Acorda, vamos! Acorda!!”

      Icer estava em um lugar escuro, envolto por aquilo que não era material. Em frente ao seu olho da mente, uma visão se desdobrava por entre as margens mais complexas de seus pensamentos.
     Primeiro, um circulo branco, brilhante, que trazia paz a Icer, apareceu; ele era radiante, perfeito, mas frágil, dando a impressão que quebraria com qualquer toque. A escuridão, antes tão prevalente, agora estava relegada aos cantos do espaço, sem nenhum poder, ou qualquer indício de fonte do mesmo.
     Mas a escuridão não se contenta com apenas se manter distante, e quer poder! Icer sabe disso, e se enche de ansiedade quando ela começa a preencher o circulo.

      "Isso é ruim, tenho que pará-la!"
Icer pensa, mas não tinha um corpo em estado físico para interferir. Apenas consegue assistir, abalado, enquanto a Luz era consumida.

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