"Pequenos atos... grandes fofocas!"
A rotina habitual de um castelo parecia ser seguida à risca em Clarverc. Desde a mesa sempre cheia, até os corredores com nobres para lá e para cá, tudo exalava normalidade. Nobres, diplomatas, e até mesmo o rei e a rainha, rondavam pelo castelo com folhas na mão, sempre rodeados de conselheiros e guardas; era, no mínimo, agitado. Hoje as pessoas me cumprimentavam, não todas claro, mas a grande maioria demonstrava algum respeito, na medida do esperado pelos clarvequianos, é claro.
A noite havia chegado e o salão de jantar estava levemente cheio, muitas pessoas conversando baixo em seus ciclos, mesmo enquanto eu me afastava para o jardim, podia ouvir suas vozes. A área externa do castelo parecia especialmente convidativa naquele momento, com a lua banhando as folhas com seu toque prateado. Lembrei de quando eu e minha mãe ficávamos sentadas embaixo da árvore no jardim de Bromes, ao longe dava para ver as estrelas e, acima de nós, a luz da lua brincava com os galhos. Uma dor se instaurou no meu peito com aquela lembrança, meus olhos marejando lentamente e um bolo desconfortável se formando em minha garganta. Ela costumava cantar uma música para mim quanto tínhamos tempo para ficar juntas, ou quando eu fazia birra para fazer o que eu queria, eu sorri tristemente, cantarolando a canção baixinho. Sentia falta dela, principalmente quando dizia que meu lugar era Bromes. "Esse é seu lar Artana, aqui, comigo e com seu pai". Eu acho que vou ter que aprender a viver longe do meu lar, mãe...
— Bela canção – a doce voz, que eu identifiquei rápido, soou atrás de mim. Olhei para trás e lá estava Darlan, com as mãos atrás do corpo e com uma postura impecável.
— Minha mãe cantava para mim quando eu pedia para ir à feira na cidade, e obviamente ela tinha que me dizer não – sim, era por isso que eu fazia birra.
— Nunca foi em uma feira? – ele perguntou espantado sentando em um dos altos canteiros ao meu lado.
— Claro que já – eu ri baixo – mas eu queria ir como plebeia, com roupas de plebeia, sem soldados, apenas um passeio com a minha mãe – contei estranhamente a vontade.
— Realmente, isso é algo bem fora da realidade. — ele não parecia espantado — Quem sabe em um reino fora do Krystallo você não possa realizar esse sonho.
— É... Quem sabe. Mas eu duvido muito que as feiras de qualquer outro lugar do mundo sejam tão alegres como as de Bromes – falei sorrindo com a lembrança – sempre observava as pessoas de longe, era bom ver como elas tinham uma vida feliz com preocupações normais – falei enquanto olhava a escuridão ao longe.
— Eu realmente acredito que se dará bem com Arkin – Darlan sorriu olhando para mim, e eu sorri também – ele não só tem ideias malucas como essa, como também faz questão de realizá-las.
— Você nunca teve vontade de ir a uma feira como plebeu? – perguntei com um falso alarme exagerado – está vivendo na realeza errado então. Espere... – o sorriso sumiu – "questão de realizá-las"?
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O poder de escolha
FantastikArtana Fontenelle, jovem herdeira do trono de Bromes, prometida ao príncipe herdeiro do reino de Claverc, um destino traçado e uma vida completamente planejada, o que poderia dar errado afinal? "O poder da escolha agora é todo seu Artana, use-o como...