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O Padre havia acabado de ser transferido para aquela igreja, num bairro não muito nobre e nem muito pobre.

Naquele dia, ele havia feito o de sempre, acordado, orado, tomado seu desejum, ajudado na missa, depois foi ao escritório organizar papéis daquela igreja, e feito seu almoço, ajudou na entrega de comida para as pessoas que viviam ali perto, e voltou para se preparar para o próxima missa, onde iria substituir o padre e o cardeal.

A igreja estava vazia, apenas o Padre estava naquele lugar, limpando parte das estatuetas no altar, quando aquela jovem entrou.

Ela caminhava calmamente, desde a entrada, seu olhar estava fixo nele. A pobre sacerdote , ele não poderia fugir mesmo se quisesse.

- Sacerdote?

Ele foi chamado, se virando para encontrar uma jovem moça, de cabelos negros soltos,vestida elegantemente em um vestido preto leve, marcando parte de seu corpo, com um casaco de pelos e um chapéu de véu no rosto da mesma.

- Sim? Em que posso ajudá-la ?

Humildemente ele perguntou, para aquele homem, ela estava de luto,e queria do fundo de seu coração a ajudar.

- Quero me confessar.

Respondeu calmamente, enquanto o analisava, finalmente! Ela havia conseguido o encontrar, suas pernas pareciam tremer, e sentia seu coração batendo desesperadamente no peito.

- Claro filha. Venha,me acompanhe!

Largando de lado o pano em mal estado, o Sacerdote a guiou até o confessionário, abrindo para ela poder entrar e tomando seu lugar.

Fazendo o sinal da cruz, após rezar, ele está pronto.

- Quanto tempo faz da sua última confissão?

- Esta é a minha primeira vez, Sacerdote.

Foi a resposta do outro lado da tela.

- Tudo bem filha. Não precise ficar nervosa, apenas diga o que precisa para se sentir leve, e poder adorar a Deus em paz!

Dessa vez foi sem resposta,sentindo-se amargurado pela moça, ele usou aquele silêncio como um assentimento.

- Se está bem. Pode começar , qual é a sua confissão ?

Ouvindo um suspiro, enquanto olhava atravéz dos pequenos furos na madeira, ele podia a ver. Tirando seu chapéu e se apoiando na parede daquele lugar pequeno, e o olhando também, com olhos negros lhe hipnotizando, e lábios vermelhos que lhe lembrou a pecado, os mesmo que deram um sorriso o fazendo esquecer daquele lugar.

- Eu confesso.. que só queria alguns momentos ...

Saindo do transe em que se colocou, o homem a olhou novamente, vendo seus olhos brilharem em um jeito brincalhão,sem um sorriso aos lábios.

- Momentos? Momentos de paz?

Ele se sentia curioso, não deveria, mas não conseguia saber por quê.

- Sim, Padre.

- E como se sente agora?

Pobre Padre.. ele a si próprio condenou. Deixando seu coração doce e simpático se preocupar com aquela pessoa, enquanto nascia em si algo que nunca imaginou que poderia. Mascarado pela forma de compaixão sacerdotal,ele se deixou levar.

- Agora? Eu me sinto bem... Muito bem na verdade.

Sua mente vagava em como seria o rosto dela. Via apenas partes daquela pessoa, devido a tal situação, e sua voz não era voz de alguém fraca, mas também não era uma voz estrondosa, ela era confortável de si ouvir,e ele queria ouvir muito mais.

- E como se sentia antes?

Estranhamente o coração do homem batia forte no peito,ele se sentia ansioso e não havia percebido.

- Eu sentia raiva... Me sentia a ponto de perder o juízo, algo que não mudou!

Esse homem ingênuo,nunca se importou com as mulheres ao seu redor,possuía um coração tão bom, que não estava percebendo o que fazia.

-  Não mudou? O que a faria quase perder o juízo?

Ele não estava preparado para aquela resposta, ela era demais, mas, foi o primeiro sinal.

- Não. Um homem. Quase perderia o juízo se não encontrasse um certo homem.

Ela sentiu sua boca ficar amarga,e um incômodo com aquilo.

- E agora?

- Agora eu o encontrei. E estou a ponto de perder o juízo pois quero o ter.

Incomodado, o pobre Sacerdote se sentía assim,mas ele não sabia nem o por quê, a sua inocência e vida dedicada a Deus,o fazia não entender o que passava consigo próprio.

- E por que não o têm?

Se ele soubesse,o peso de suas palavras ele não teria as dito.

- Estamos em uma situação complicada. Mas ele ainda será meu! O farei me amar, me desejar e querer ficar comigo, Padre!

Poderia ele ter percebido a intenção naquela frase? Poderia,se ele tivesse alguma experiência, mas seus sentimentos o traiu, e ele apenas não se sentia em posição de continuar ali.

- Posso saber o nome dele, jovem?

Certeza que ele não vira o que falou, ou então como poderia as dizer sendo um sacerdote.

- Numa próxima vez!

Apenas uma curta frase, fez seu incômodo diminuir seu peito bater vivamente.

- Terá uma próxima vez ?

Pensou, esse sacerdote,se sentia com esperanças, sentia que estava tudo bem, o homem não percebeu suas palavras, não percebeu seus sentimentos aflorando.

- Toc! Toc !

Alguém bateu na porta em que ele estava,virando sua atenção para lá.

- Padre?

- Sim?

- Precisamos de sua ajuda, poderia vim?

- Sim, apenas...

Ela não estava lá, ao olhar para o outro lado, ele estava vazio,ela havia colocado seu chapéu e saído do confessionário, assim que ele virou sua atenção.

Ela estava feliz, ele estava perto. Muito perto. Apenas o ver por agora, bastava , até porque com certeza ela o veria de novo.

Saindo de lá, ele se sentiu confuso, tinha mesmo alguém com ele não é?

- Com licença, mas você viu a moça que estava comigo no confessionário?

Ele perguntou a freira, que foi o buscar.

- Sim, ela saiu enquanto conversávamos, por isso o chamei, já que a vi sair,o senhor estaria desocupado. Achei que tinham terminado!

Mesmo com essa resposta, ele não estava contente, havia perdido a chance de saber, ela voltaria ou não?

- Tínhamos, faltava apenas a benção. Uma pena...

- Me desculpa Padre! Não tenho como expressar meu arrependimento por ter atrapalhado, a benção é tão importante e a jovem moça saiu sem ela... Me desculpe!

Sim, ela era importante, mas havia outras coisas mais importantes naquele momento,  como quem era o tal homem, e quem era ela?!

- Não se preocupe Irmã. Deus sempre estará com ela!

Sim... Ele acreditava nisso, e também acreditava que o que sentiu com ela, era apenas sacerdotal.

A Princesa InfernalOnde histórias criam vida. Descubra agora