3. Morangos e mel

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"Cozinhar é ao mesmo tempo uma brincadeira de criança e uma alegria para os adultos. E cozinhar com cuidado é um ato de amor. "

Craig Claiborne

— Mamã! Mamã! Acorda, mamã! — Ayla dizia enquanto pulava na cama de sua mãe e lambia todo seu rosto amassado pelo travesseiro.

Uma das melhores coisas de ter uma filha — além do fato de apenas ter uma — era ser acordado com lambidas e beijos. Harry amava toda e qualquer demonstração de carinho e afeto de sua alfa, sempre a ensinava que não apenas podia como devia demonstrar seus sentimentos. Geralmente alfas são mais reclusos e tendenciosos à esconder suas emoções, sempre deixando o lado lobo aflorar nas mais variadas situações, mas Ayla não era uma alfa qualquer.

Ayla era filha de Harry.

O ômega lúpus mais carinhoso, intenso, destemido e independente que você conhecerá.

— Alfa! Filhote! — respondeu com a voz rouca de quem havia acabado de acordar.

— Mamã! Abre esses olhos! — pulou em cima de Harry sentando em seu peito enquanto levava as duas mãos para suas pálpebras fechadas numa tentativa falha de forçar a abertura dos olhos verdes da mãe.

— Filhote! — repreendeu gargalhando — Você está me machucando! Eu já estou acordado, vê? — abriu os olhos em abrupto, logo segurando sua filha pela cintura jogando-a cuidadosamente do outro lado da cama para iniciar a sessão de cócegas e lambidas.

— P-ara! Ma-mã, pa-ra! — Ayla gargalhava enquanto tentava formular qualquer frase. Ela sabia que aquele dia seria mais um dia especial ao lado de sua mãe. Todos os dias eram.

Praticamente todas as manhãs o ritual era o mesmo. A pequena alfa geralmente acordava mais cedo do que o ômega, seu relógio biológico era certeiro e por mais que fosse preguiçosa — assim como sua mãe — ela adorava receber cócegas e lambidas de Harry.

Ela amava estar perto dele e a parte da manhã era o momento que tinham para ficar juntos e aproveitar a companhia um do outro, visto que Harry trabalhava pela parte da tarde e Ayla ficava com Bella, sua babá desde os três anos de idade.

O início da relação de Harry e Jesse era como um conto de fadas. Jesse fazia tudo por Harry, o protegia, o fazia mil juras de amor, o levava para todos os cantos da cidade, o fazia se sentir feliz. Entretanto, toda essa dedicação havia um motivo: Harry é um ômega lúpus. E ômegas lúpus são extremamente raros e — infelizmente — perseguidos por serem a classe mais desejada da sociedade, além de seus instintos mais aflorados e também possuírem a possibilidade de transformar-se em lobos, podendo assim serem utilizados em guerras e disputas de territórios. O relacionamento durou menos de um ano, não conseguindo fugir do cio de Harry, passando-o juntos e pela infelicidade — até então — de Jesse e Harry, o ômega acabou engravidando de Ayla.

Quando descobriu a gravidez, todo sentimento de culpa que Harry carregava dentro de si se intensificou. No início, Jesse pedia aos deuses da Lua por um menino, assim, ele teria o que sempre quis quando decidiu enganar Harry: um filhote macho para ser seu escravo. Quando descobriram ser Ayla, Jesse mostrou sua verdadeira face deixando Harry sozinho em um dos períodos mais delicados da vida de um ômega: a gravidez.

Harry pensou que por não querer um filhote naquela época a pequena poderia sentir e nascer distante de si, por isso, com a ajuda de Anne e Gemma, o ômega percebeu que o universo não faz nada sem um propósito. Ele sabia que o propósito dele era ser mãe de Ayla e fora quando finalmente aceitou que conseguiu aproveitar sua gravidez, mesmo com os abusos e perseguição infinita de Jesse que queria à todo custo que Harry abortasse a filha.

Dancing in the Moonlight | l.s - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora