29.

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POV S/N

Engoli seco, minhas mãos estavam suadas, porém eu não ia me intimidar, eu estou certa. Sustentei seu olhar, o enfrentando.

Payton: Está feliz agora? - falou com a voz áspera. - Conseguiu o que queria?

- Não, eu não estou feliz. - me aproximei dele, não deixando minha voz demonstrar fraqueza. - Sabe quando eu vou estar? - não o esperei responder. - Quando você voltar a ser o Payton que todo mundo diz que tem saudade. - falei sincera.

E deixei a sala.

No dia seguinte acordei mais cedo que o
normal, coloquei um abrigo, peguei uma
vassoura e sai na rua atrás de Payton. O
encontrei umas quadras para frente, com a roupa de gari, apagando o que escreveu no muro ontem. Parei na mesma calçada que ele, como quem não quer nada e comecei a varrer. Até ele me notar.

Payton: Veio rir da minha cara? - perguntou, sem desviar os olhos do muro.

- Está vendo um sorriso na minha cara? Acho que não. - respondi irônica. - Eu vim te ajudar, já que meti você nessa.

Payton: Não preciso da sua ajuda. - respondeu, áspero.

- Então eu vou limpar porque quero cumprir com meu papel de cidadã. - rebati, sem pestanejar.

E segui varrendo. E sendo ignorada por Payton, mas isso já é normal.

Payton: Quer parar Stewart? - jogou o pano que segurava no chão. - Já não basta ter me irritando mais do que o normal ligando pra policia?

- Quer medir força? - joguei minha vassoura no chão, ela fez mais barulho que o pano ridículo de Payton. - Eu tenho uma vassoura ok?! - impliquei com ele, segurando a vontade de rir. - E não tenho medo nenhum de usá-la.

Payton fechou a mão em um punho, recolheu o pano com raiva saindo pelos olhos e voltou a limpar.

- E limpa essa merda direito. - me atrevi a falar, recolhendo minha vassoura.

Porque algo me dava a certeza que ele não é capaz de me machucar com algo que não seja suas palavras.

A semana passou rápida e dia após dia eu estava lá, varrendo ao lado de Payton. E sendo ignorada. Porém isso não me intimidava e eu seguia como meus monólogos. E hoje, domingo, não será diferente.

- ECO... - gritei, na rua vazia, escutando
minha voz ser repetida. - ... Fala sério, as
pessoas não saem na ruas aos domingos? Há uma lei proibindo isso? - perguntei. E não obtive resposta. - Vou considerar isso um sim. - sorri e segui varrendo. - Sabe, na época da escola tinha aqueles bailes onde quem ficava sem par dançava com a vassoura. - contei. - Eu quase sempre preferia ficar com ela do que com aqueles garotos. - fiz uma careta.

Payton suspirou e seguiu varrendo. Nos
primeiros dias em que apareci achei que ele fosse explodir e voar no meu pescoço a qualquer momento. Porém agora ele somente ignora.

Grande avanço.

- Uau, vamos ficar com os braços sarados ao final disso. - comentei. - Esse movimento que fazemos com a vassoura é melhor que uma academia. E é de graça. - falei, animada. - Payton, eu já te disse um milhão de vezes que tem que varrer os cantos com mais cuidado. - falei brava. - Que saco, parece que me ignora. - debochei.

Nesse momento a rua foi tomada por um
barulho de moto, ela estacionou onde
estávamos, a pessoa tirou o capacete e eu reconheci na hora.

- TIMMY!!! - exclamei, rindo. - O que faz por aqui? - questionei para meu colega de teatro.

 𝘁𝗵𝗲 𝗲𝘅𝗰𝗵𝗮𝗻𝗴𝗲 ! 𝗽𝗮𝘆𝘁𝗼𝗻 𝗺𝗼𝗼𝗿𝗺𝗲𝗶𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora