49.

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POV S/N

Acordei no meio da noite, com as mãos suando e o coração disparado. Um pesadelo. A cada estalo que o piso ou os móveis davam eu me encolhia mais em baixo do cobertor. Meus olhos vagavam pelo quarto, demorando-se em sombras desconhecidas e no corredor escuro que conseguia enxergar pela fresta aberta da porta. O som da respiração tranquila de Faith me mostrava que estava acordada sozinha. Não pestanejei e nem pensei duas vezes ao pegar meu travesseiro e ir atrás da única pessoa que consegue me acalmar, somente ao me pegar nos braços.

Entrei em seu quarto, pé por pé, para não o assustar, porém qual foi minha surpresa? Sua cama estava vazia e sem vestígios de que ele tivesse dormindo e foi ao banheiro ou sei lá. Meu estômago embrulhou. Ele foi para a tal festa. Sentei em sua cama, tentando impedir que os pensamentos ruins tomassem conta de minha mente, meu corpo tremia, eu estava com medo. Com medo do meu pesadelo. Com medo do que ele pode fazer sozinho com Wyatt. Eu precisava de Payton hoje, eu precisava que me tocasse e falasse que foi tudo um sonho e que já passou. Que me distraísse com suas bobagens e me deixasse dormir sobre seu corpo, mas, acima de tudo, eu queria que ele não tivesse jogado tudo para o alto novamente. Deitei-me em sua cama e puxei a coberta, tapando-me, agarre-me em seu travesseio, para, pelo menos, sentir seu perfume, na inútil tentativa de ficar melhor. Fechei os olhos e pedi a Deus, que por favor, não o deixe sozinho. Não o abandone essa noite. Eu não sei o quanto meu coração aguenta.

A noite passou lenta, torturante, se eu consegui dormir por uma hora foi muito. Levantei as seis horas, com o sol nascendo e os olhos pesados, corri-os pelo quarto, na esperança de encontrar Payton, porém o mesmo vazio da noite passada se instalava ali. Quando percebi que não há chances do sono voltar fui até o banheiro jogar uma água na cara e desci para preparar algo pra comer, porém tranquei antes de chegar na cozinha.

Meus olhos não queriam acreditar no que viam, em minha garganta um nó se formou e eu fiquei completamente paralisada diante da cena digna de pena. Payton estava jogado no chão, de qualquer jeito, como se tivesse desmaiado, as roupas ameaçadas, o contorno dos olhos roxos e nas mãos um saquinho com um pó qualquer. Neguei com a cabeça e tirei aquilo dele, meu corpo inteiro tremia e eu não sabia o que fazer primeiro. Sentei no sofá, sem forças para o ajudar a levantar. Ou o acordar. Olhei para o que antes ele segurava e suspirei. Inacreditável. Respirei fundo diversas vezes antes de levantar-me e desfazer-me das drogas. Minha cabeça doía, a quantidade de pensamentos me deixou tonta e o principal deles ainda era o básico por quê?! Sem chances de eu conseguir o levantar sozinha, precisei apelar para a única pessoa capaz de ajudar, ainda que fosse cedo demais para incomoda-lo, precisei fazê-lo e graças a Deus poucos minutos depois ele chegou.

Jackson: Meu Deus. - levou um susto quando viu Payton.

- Pois é. - foi só o que consegui falar.

Cruzei meus braços, olhando de longe, com receio. Com mágoa. Jackson o levou para o quarto, com uma certa dificuldade e em seguida desceu novamente.

- Desculpe te incomodar essa hora, mas não sabia o que fazer. - suspirei, sentando. Me sentindo fraca. Ele colocou a mão em meu ombro.

Jackson: É difícil para todos nós. - tentou confortar-me. - Estou nessa contigo.

Passei um café forte e quente para mim e para Jackson, sentamos na sala em silêncio, meu olhar se fixou em um ponto qualquer da parede, enquanto me agarrei com força a xícara em minhas mãos.

Jackson: Você está decepcionada, não é?! - questionou, com a voz mansa.

- Eu nem sei o que sinto. - encolhi meus ombros. - Acho que estou anestesiada.

 𝘁𝗵𝗲 𝗲𝘅𝗰𝗵𝗮𝗻𝗴𝗲 ! 𝗽𝗮𝘆𝘁𝗼𝗻 𝗺𝗼𝗼𝗿𝗺𝗲𝗶𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora