<12> Um convite inesperado

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"Sabe o que é mais desesperador do que dizer "Eu quero morrer"? " Eu quero viver."
- Hi Bye, Mama

Faltava uma semana para as aulas retornarem e Dahyun estava cada vez mais engajada com os treinos de vôlei, ela conseguiu transformar jogadores medianos em atletas realmente bons. Agora o time era composto por ela, Jisung, Seungmin, Félix, Jihyo e Chaewon que também é de nossa sala.

Hoje era o dia em que Hyunjin e eu iríamos ao hospital visitar Ro Na, então estava indo me encontrar com ele em uma livraria para comprarmos algo para a garota.

Ao avistá-lo nos cumprimentamos e entramos na loja, Hyunjin me puxou para a sessão infantil e começou a olhar os livros.

— Você não vai achar nada pra ela aí. - Digo olhando para outras partes da loja.

— Por quê? - Perguntou confuso. — Queria comprar algumas histórias de princesas ou algo assim.

— Ela já tem essas histórias… O livro perfeito está aqui. - Disse andando ao avistar o objeto e pegando-o.

Hyunjin se aproxima e estica a cabeça a fim de olhar melhor.

— Versão ilustrada de 'Harry Potter e a Pedra Filosofal'? Ela já lê essas coisas?

— Bom, ela não chegou a ler ainda nenhum livro da saga, só assistiu os filmes. Por isso quero dar a versão ilustrada já que as crianças gostam de ver figuras e ilustrações. - Digo sorrindo. 

Ele parece entender e pega a versão ilustrada de 'A Câmara Secreta', então vamos para o caixa, pagamos e saímos. Depois disso, fomos tomar sorvete e ficamos conversando até que resolvemos ir para o hospital.

Ao chegarmos lá, somos recebidos por beijos e abraços das crianças. Algumas estavam dormindo por conta do cansaço da quimioterapia enquanto seus pais as observavam com atenção, carinho e tristeza.

Fomos pra sala de brinquedos e brincamos um bom tempo com elas, fizemos uma história de fantoche já que Ro Na pediu.

— "Ora bolas" - Disse Hyunjin com uma voz fina segurando seu fantoche de cenoura com olhos esbugalhados e bochechas vermelhas. — "Todos sabem que eu sou mais saboroso do que o tomate!".

— "QUE MENTIRA!!!!!" - Respondi também com uma voz fina movendo o boneco tomate com minhas mãos. — "Crianças, ele não passa de uma verdura sem gosto e invejosa!"

— "Como tem coragem de dizer uma coisa dessas???? Ninguém gosta de você na salada, todo mundo só quer o alface!!!"

— "Como é???? Tô de mal!!!" 

Então fiz o tomate avançar na cenoura e eles começaram uma briga sobre quem é mais gostoso. Logo as crianças que antes assistiam atentamente iniciam um bate boca (na verdade gritaria) sobre as duas verduras serem ruins, quando conseguimos trazer tudo à normalidade e a calmaria, fizemos a cenoura e o tomate fazerem as pazes.

Agora já sentados na cama de Ro Na entregamos à ela os livros e o motivo de eu continuar vindo ao hospital voltou a aparecer: seu sorriso. É difícil de descrever  o quão feliz e triste eu fico ao lado dela, é um tormento vê-la tão doente e frágil, mas muito além disso vejo uma menina amável e forte que luta por sua vida todos os dias.

A vontade de viver dessas crianças é tão forte e intensa e ao mesmo tempo é tão admirável e desesperador ver isso, alguém que não pode sequer viver corretamente tem que ficar enfiado num hospital. Mas o mais incrível é que as crianças são as que mais têm esperança.

Ro Na passou a folhear os livros sem dar importância para as partes escritas e a cada desenho ela apontava, ria e nos agradecia pelo presente. Enquanto ela e eu comentamos sobre os desenhos, o celular de Hyunjin avisa a chegada de uma ligação, ele pede licença e sai do quarto para atender.

— Lu, o tio Hyunjin tá dodói? — Ro Na pergunta com uma voz triste.

A olho confusa, a garota está com a cabeça abaixada e fica balançando seus pés no ar.

— Por que está perguntando isso meu bem? 

— Eu vi ele aqui várias vezes, ele não tá dodói né? 

A pequena garota já estava com lágrimas se formando em seus olhos, ergo seu rosto com o dedo e acaricio sua cabeça.

— Claro que não linda, é que o tio Hyunjin tem um amigo que está dodói, então ele vem visitá-lo. - Respondo dando um pequeno sorriso.

Ro Na fica me olhando e seca suas lágrimas, sei que ela ainda está triste agora que sabe que alguém importante para o Hyunjin está doente.

Hyunjin voltou um tempo depois e animou a menina mesmo sem saber o porquê de estar triste depois de um dia tão alegre. Quando chegou a hora de irmos, nos despedimos de todos e abraçamos Ro Na, saindo em seguida do quarto.

— Algum problema? 

— Quê? - Disse Hyunjin.

— Aconteceu algo com a pessoa que te ligou? Você parece desconcertado.

— Ah, não aconteceu nada… 

O olhei sabendo que ele estava escondendo algo, mas antes que pudesse falar algo ele segura minha mão timidamente e diz:

— Você gostaria de conhecer meu amigo?

— Seu amigo que está internado aqui? - Pergunto surpresa.

— Sim, foi ele que me ligou… Eu disse que estava com uma pessoa aqui e ele perguntou se podíamos visitá-lo, mas não precisa ir se não quiser. - ele diz emendando essa última frase para que eu não me sentisse pressionada a ir.

— É claro que quero ir. - Respondo sinceramente.

Hyunjin dá um sorriso e me guia pelo hospital, quando estávamos prestes a chegar consigo ler o nome da ala que íamos entrar. 

Cardiologia.

Destined Hearts | Hwang Hyunjin |Onde histórias criam vida. Descubra agora