Respostas do universo.

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Respostas do universo.

Depois de quarenta minutos no trânsito cheguei ao consultório. Novamente aquela fachada com violetas azuis roubavam a cena e me prenderam por alguns minutos. Quando saí do carro, por um momento me senti envergonhada, lembrei da minha última consulta, que não fui tão educada quanto eu esperava, mas estava determinada a seguir em frente. 

Passei pelo portal de glicínias azuis e levantei o braço para tocá-las. Quatro passos e já estava dentro do consultório, de frente para Carolina. 

"Senhora Tavares, por favor, fique a vontade."

"Qual seu nome mesmo mocinha? Não me lembro, me desculpe!"

"Carolina!"

"Carolina, pode me chamar de Elisa! Logo eu não serei mais Tavares, mas Gomes!"

"Eu sinto muito!"

"Imagina, não sinta!"

Carolina ouviu a porta de Rita se abrir e me chamou:

"Vamos Elisa, a doutora já está pronta para te receber!"

Caminhei pelo pequeno corredor com os olhos voltados para baixo. A primeira vez que fui lá, estava tão ansiosa que não percebi que no piso tinham estrelas esculpidas, aquilo era um sinal para mim de certa forma. 

"Elisa, entre, pode se sentar!"

"Com licença!"

"Bom, como você está hoje?"

"Antes de falar sobre isso, gostaria de te pedir desculpas pela última sessão! Eu pensei muito na sua questão e realmente eu acho que não é o direito que me faz mal, mas é a relação entre mim e meu marido."

"Não há do que se desculpar querida, mas me fale mais sobre essa relação."

"Na realidade nós acabamos de nos separar, faz dois dias. Ele é muito fissurado pelo trabalho e é algo doentio! Ele não acompanhou meu parto, porque estava trabalhando! Ele me pediu em casamento apresentando o trabalho de conclusão de curso dele e quando nossa relação estava desgastada, eu peguei-o me traindo! Esse foi o fim na realidade!"

"Entendo. Você está me dizendo que você transferiu para a profissão um sentimento que estava mal resolvido entre você e seu marido!"

"Sim."

"E o que mudou agora que vocês se separaram?"

"Tudo! Resolvi voltar a trabalhar. Vou ajudar meus amigos com o processo de adoção, não vai ser nada fácil porque se trata de um casal homossexual e a assistente social do orfanato que eu trabalhava, já deu a entender que não facilitará as coisas."

"Como está se sentindo como advogada?"

"Não tinha parado para pensar nisso até agora. Mas posso falar que estou leve e feliz!"

"Ótimo, fechamos uma porta!"

"Como assim?"

"Você tem uma inteligência emocional muito boa Elisa! Apesar de contrariada você pensa no que as pessoas falam para você. Nossa primeira sessão foi um sucesso!"

Rita baixou a cabeça e fez uma anotação em uma prancheta que ficava em seu colo. Fiquei intrigada com o que ela poderia ter escrito nela. Ela voltou os olhos para mim, respirou profundamente e me perguntou:

"Você me disse que seu marido não estava presente na hora do seu parto. Por que?"

"Ele falou que tinha um negócio muito importante para resolver em outra cidade e que seria promissor para nossa vida e consequentemente para carreira dele."

À espera da melhor estrelaWhere stories live. Discover now