Aquele momento uma esperança nasceu em meu coração. Se meu pai realmente estava me escutando, então saberia eu tinha voltado por ele mesmo depois de tanto tempo longe.
Fiquei por um tempo olhando para ele vivendo um momento nostálgico. Era quase impossível não me sentir culpada a cada hora que eu passava ali. Queria muito que meu pai acordasse.
Amanhecia e eu estava cochilando na poltrona, quando meu celular tocou, nem me atentei para ver quem estava ligando.
"Alô"
"Oi, sou eu."
Em dez anos que fiquei casada com Thomaz, ele nunca mudou a forma como atendia o telefone, eu costumava rir da redundância. Ouvir sua voz naquele momento me trouxe paz, era como se não estivéssemos separados e ele estivesse ligando para me apoiar assumindo seu papel de marido.
"Oi Thomaz, pode falar."
Ele gaguejou um pouco para começar sua frase, acho que estava tão confuso quanto eu nessa situação.
"Eu sei que não sou seu marido, mas dez anos não foram dias e eu ainda tenho um vínculo com seus pais, e...".
"Eu entendo, não precisa se explicar."
"Como ele está?"
"Não está bem, não saiu do coma."
"Como você está?"
Tirei o celular do meu ouvido e apertei forte no meu peito, sentia dor, saudade e amor ao mesmo tempo.
"Não estou bem. Muito cansada, triste, fraca e com um sentimento de culpa por não ter voltado pra cá antes.".
"Eu sinto muito por tudo isso Elisa. Sinto muito não ter levado você antes para ver seus pais.".
"A culpa não é sua. Eu que fiquei sempre esperando por você, sendo que a prioridade de voltar era minha."
Pela primeira vez algo fez sentido dentro de mim, por que eu esperava tanto para fazer as coisas que eram minha prioridade? Por que eu nunca falo sobre algo que me incomoda? Talvez esse fosse o erro que cometi ao longo da minha vida. Estou sempre esperando por algo melhor ou um tempo que nunca chega, assim como aguardo uma estrela cadente deitada no chão olhando para o céu, quando estou com a minha mãe. Essa estrela cadente pode chegar ou não, assim como um momento pode se perder porque eu não o julgava ideal para uma tomada de decisão e dessa forma se perderam várias oportunidades, afinal a vida não nos espera, o tempo não para. Percebi que só voltei a priorizar meus sentimentos no fim do meu casamento e o primeiro passo se concretizou quando fiquei com o Theo. Esse pensamento tomou conta da minha cabeça que até me esqueci que Thomaz estava falando comigo.
"Elisa?"
"Desculpe, o sinal estava fraco."
"Você ouviu o que eu te falei?"
"Não."
"Eu disse que eu também me esqueci de você.".
Fui pega de surpresa com aquele comentário e fiquei sem resposta.
"Eu não sei, não sei o que dizer.".
"Só espero que você seja capaz de me perdoar pela minha ausência.".
"Eu te desculpo sim Thomaz, nós temos uma filha em comum e quero de coração que a gente possa se dar bem, por ela e por tudo que construímos. Quero que você seja feliz, não é porque nosso relacionamento não deu certo que eu lhe deseje mal.".
"Claro.".
A voz dele ficou abafada, não sei o que ele pretendia que eu respondesse, mas de fato não era aquilo que ele queria ouvir.
YOU ARE READING
À espera da melhor estrela
RomanceUm romance divertido e que pode te ensinar a lidar com as dificuldades da vida amorosa. Elisa é a protagonista e conta sobre como conheceu seu ex-marido e como foi o término desse relacionamento. Viaje nos detalhes dessa estória e se apaixone por se...