4. Boneca sangrenta

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- Leo, meu querido. - Disse Bárbara se aproximando acompanhada de outros eaters. -... O que houve contigo? - Perguntou ela com uma expressão de tristeza e a voz carregada de ternura.

Leonardo se pôs a chorar. Ele tentava falar algo, mas sua mandíbula quebrada o impedia.

- Foram os soldadinhos que fizeram isso com você amor? - Questiona ela.

Leo acena com cabeça positivamente.

- M-me desc-desculpe. - Disse ele com dificuldade ainda chorando.

Bárbara muda de expressão.

- Que ser mais desprezível. - Diz ela com nojo olhando Leonardo de cima naquelas condições.

Leo tenta falar algo mas não consegue, então intensificando seu pranto.

- Pare de respirar. - Diz a rainha dos eaters fazendo seu par de olhos âmbar tomar um tom roseado.

Leonardo arregala os olhos e começa a se debater, meneando a cabeça negativamente de forma frenética.
Outros eaters atrás de si se entreolham.

- Eu achei que você iria salva-lo. - Atreveu-se a dizer William.

Bárbara gargalhou ao ouvir, ao mesmo tempo que Leonardo gruinha de agonia sem respirar.

- Salvar um verme desse? - Disse ela ainda rindo.

Nossa rainha têm razão. - Disse Kelvin. - Além de fraco ele não iria se regenerar até se tornar um eater superior, pra isso nos custaria muita carne. Nessas condições, o melhor a se fazer é descarta-lo.

Bárbara manda um beijo e uma piscadela com uma feição fogosa para Kelvin.

- E pensar que eu iria desperdiçar muitas presas com esse lixo para que ele se tornasse um eater superior quando ele me disse que iria arrumar um grande banquete em minha despedida. - Disse ela o olhando perder suas últimas forças vitais. - Ainda bem que ele fracassou.

Leonardo enfim morreu.

E quanto a ameaça? - Perguntou William. - Eles usaram esses carniceiros para dizer que vão nos atacar em breve.

Não se preocupe querido. - Respondeu Bárbara. - Lola ficará no comando até meu breve regresso.

Os olhares se voltam para Lola, uma eater superior quase criança, e de poucas palavras.

- Alguma objeção? - Questiona rainha.

Ninguém ousou se opor, pelo contrário, pareciam aprovar sua decisão.
Bárbara é uma eater superior de corpo esbelto e uma pele limpa, rosada, perfeita. Seus cabelos são compridos, ondulados e castanhos. Seu corpo é parecido com o de uma boneca, ou modelo, por isso, além de rainha dos eaters, ela também é conhecida como boneca sangrenta.
Sua vestimenta não são mais que sedas rosas presas com adornos de ouro, cobrindo apenas suas partes íntimas, e um pouco acima de sua vagina está alocada sua pedra divina rosa, o que indica ela a ser a Kyaria no Afrodite.
Ela volta com seus eaters para seu covil, uma gruta imensa, que faz ecoar gritos e grunhidos das centenas de devoradores que vivem lá. A umidade está presente em todo canto, e o lugar cheira a sangue. Sua pouca luminosidade vem dos insetos bioluminescentes, como vaga-lumes, vermes luminosos, certos mosquitos, milípedes e também centopéias que dividem o lar com os eaters, e se alimentam de fungos, vegetação apodrecida, e similares.
Ao passo que os eaters mantinham sua prática de exercícios lutando contra seus predadores gigantes, esses insetos promovem uma luminacão tenebrosa em constante movimento, junto de seus rastejares e zunidos tornando o lugar pavoroso ao extremo.

- Não esqueça de alimentar os carniceiros. - Falou Bárbara enquanto caminhavam.

- Sim senhora. - Respondeu Lola.

Kelvin que estava logo ao lado não pôde deixar de ouvir, expressando estranheza.

- Minha rainha, apenas você pode controla-los, não vejo razão para alimentar eles enquanto você estiver fora. - Disse ele com cuidado.

- É apenas uma precaução. - Respondeu Bárbara. - Se os soldadinhos nos atacarem, dêem um jeito de usa-los para diminuir a força inimiga.

- Você poderia encanta-los antes de partir, assim como fez os eater que acompanhavam Leonardo em sua última missão. - Disse Kelvin.

- Poderia, mas o meu encanto deixa de surtir efeito quando eu me afasto por um tempo.

- Por um tempo? - Questiona William. - Você disse que volta em breve.

Barbara o encara de soslaio, e vê sua expressão de confuso. Ela não gosta de William por seu jeito questionador, mas ele parecia não fazer mal. Então ela apenas suspira.

- William meu amor, esse encanto serve pra fazer com que os eaters carniceiros obedeçam alguém na minha ausência, por no máximo 2 horas. Eu realmente não vou demorar, mas não vou conseguir ir até os Estados Unidos, fazer o que eu preciso fazer e voltar em menos de 2 horas. - Disse a boneca sangrenta.

- Então, mesmo que eles não possam morrer de fome, devemos mantê-los fortes, sem seu encanto? - Insistiu ele.

- William, você está sendo incoveniente. - Interveio Kelvin. - Os carniceiros precisam se manter fortes caso venhamos a sofrer um ataque. Além do mais, eles comem o que não comemos, e nós temos a Lola.

Novamente Bárbara se animou com Kelvin, mordendo seu lábio inferior, o olhando com desejo e sorrindo.
Enfim eles chegam no centro da gruta, mais ao lado há um abismo, um profundo buraco de breu indescritível. Impossível os tímpanos não se incomodarem com o alarido que vem lá de baixo, nesse extenso buraco, vivem os carniceiros.

- Calem a boca! - Exclamou Bárbara lá pra baixo.

No mesmo instante o silêncio reinou, até mesmo os insetos pareciam evitar de se mexer.

- Meus amores. - Começou ela. - É com muito pesar que me despeço de vocês.

Sua voz ecoa tão bem quanto os sons de negação e choramingação.

- Eu sei, sei... Também sentirei muita saudades mas, eu volto em breve!

Novos sons, agora de aprovação e alegria.

- Eu vou buscar novos companheiros nesse território, vou passar por cima de quem quer que seja pra conseguir isso!

Gritos de euforia.

- Vou trazer um exército e quando voltar... Vamos derrubar o Brasil!

Agora os clamores de exaltação tomam o covil, Bárbara ergue os braços e sorri em malfazejo.

Exstinction - ExtinctionOnde histórias criam vida. Descubra agora