1 - Trabalho dos Sonhos

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Se algum dia contassem a Amelie como sua vida estaria agora, ela riria

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Se algum dia contassem a Amelie como sua vida estaria agora, ela riria. Ou melhor, se lhe contassem que deixaria a Itália para rodar o mundo atrás dos carros mais velozes que conhecia, ela iria gargalhar, mas essa era sua realidade. A moça era a mais nova integrante da equipe italiana da Sky Sports na cobertura dos grandes prêmios de Fórmula 1, e era surpreendente como tudo mudou para ela num piscar de olhos desde que deu um dos passos mais inusitados de sua vida.

Assistir as corridas nos domingos foi um dos hábitos que cultivou conforme crescia em Florença, a capital da região italiana da Toscana. De início ela o fez por ver seu pai e irmão sempre pregados no sofá nos fins de semana, criando curiosidade de saber o que tanto os interessava naqueles carros correndo pelos circuitos. Aos poucos, descobriu que não era só a corrida que importava. Aprendeu que um grande prêmio envolvia treinos prévios, disputa classificatória, além de todas as outras coisas que levavam às poles positions, primeiro lugar no pódio, até enfim alguém se tornar um campeão mundial. A menina havia se interessado em tudo, desde a escolha certa de pneus, à disputa do campeonato de construtores. O futebol fora o primeiro dos esportes a ganhar seu coração quando criança, a paixão pelo Milan era inegável, mas tudo nas corridas se tornou igualmente encantador para ela.

No auge de seus quinze anos, virou aquela pregada no sofá aos domingos junto aos dois e, enquanto a mãe passava a manhã cuidando de sua estufa no quintal do pequeno sítio, os Santoro berravam em frente à TV — pulsando todas as emoções de assistir à disputa. E assim foi, até conseguir uma bolsa para estudar na universidade de Westminster, em Londres. Aos dezoito, uma jovem acostumada à calmaria de viver na Toscana, caía de paraquedas no centro Londrino.

A adaptação de sair tão cedo de casa lhe custou algumas noites sem dormir, horas dobradas de estudo para aprimorar o inglês e ligações na madrugada para ouvir a voz dos pais — e sanar um pouco da saudade. Esse último fator foi o que mais lhe doeu em deixar seu país: a falta do aconchego de casa. Por todo tempo que passou estudando, Leonardo, seu irmão mais velho, era quem conseguia ver com mais frequência, pois já era formado e trabalhava com Educação Física em Manchester, que era mais próximo de onde a garota morava. Viviane e Matteo não podiam pôr em palavras a falta que fazia ter os filhos em casa, mas se sentiam imensamente orgulhosos de vê-los construindo suas vidas de forma independente.

A francesa de Lyon, batizou a garota com a variação de Amélia, cujo significado diz respeito à alguém que gosta de ajudar e que se realiza na ligação emocional que estabelece com o outro — alguém que valoriza a companhia e a amizade. 

Como alguém que carregava todos o significados do próprio nome, Amelie Rose Santoro cresceu uma jovem altruísta e carinhosa. O pai carinhosamente a chamava pelo segundo nome desde pequena — dizia que a caçula era sua pequena rosa —, a mãe a apelidara de Amie e o irmão assim a chamava também, exceto quando lhe dava na telha e ele achava que "meio-metro" era um termo adequado para falar com a irmã. Isso à dava nos nervos quando mais nova, afinal que culpa tinha se o mais velho resolveu crescer além da conta? A forma que ficava emburrada fazia Leo rir toda vez.

Dandelions  |  Daniel RicciardoOnde histórias criam vida. Descubra agora