9 - Frio & Stroopwafles

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Amelie gostava do frio

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Amelie gostava do frio. Mesmo considerando-se uma pessoa solar, gostava da época que possibilitava tirar seus casacos quentinhos de tricô do guarda-roupas e de cobrir os cabelos com alguns dos gorros coloridos que guardava, mas naquele dia São Pedro estava de brincadeira — a italiana pensou. 

Para ela, a temperatura aceitável era aquela de no máximo vinte graus com uma brisa gélida e o sol estando sobre suas cabeças. Dezesseis graus era exigir muito autocontrole de uma jornalista miúda que precisava ficar circulando no meio daquele gelo. O copo de chocolate quente se tornou o melhor dos seus amigos naquela situação e deu graças aos céus quando atualizou a previsão climática pela quinta vez aquele dia e viu que a temperatura finalmente subiria um pouco mais. 

Ainda era começo de semana, e depois dos dias na França, lá estava ela em meio as grandes montanhas e a grama verdinha de Spielberg, no famoso Red Bull Ring. Amie ouvira falar de como há alguns anos era diferente na Áustria e em Silverstone, sobre como naqueles lugares as torcidas eram apaixonadas por seus pilotos tal qual os tifosi pela Ferrari na Itália. A mulher perdeu as contas de quantas pessoas trajadas de laranja vira transitando pela cidade, compreendendo assim que nem o frio seria capaz de diminuir a quantidade de gente presente na arquibancada torcendo por um triunfo do neerlandês redburrista, e adorou a ideia de que o mesmo aconteceria no Grande Prêmio seguinte, na Inglaterra, pelo britânico mais famoso do grid.

Amie achava maravilhosa a conjuntura das diversas vertentes que formavam a Fórmula 1, amava ver as torcidas apaixonadas na arquibancada, assim como a que ela via nas muralhas vermelhas que se formavam no San Siro quando ia assistir o Milan jogar acompanhada do pai. Era impressionante como essa energia se fazia presente a cada corrida. A popularidade do esporte era surreal, mas o amor pelo automobilismo que pulsava em cada metro quadrado de todo lugar que a competição pisava era o mais bonito de tudo.

A italiana pôde finalmente deleitar-se em um momento de conforto depois de adentrar o grande refeitório que fora montado para o GP de Spielberg. Os aquecedores dando lugar ao ar-condicionado daquele ambiente fechado, barrando o frio congelante e fazendo dali um dos lugares mais legais para se estar no momento. Sentada em uma das mesas acompanhada de Camille e a nova amiga Caterina, esperavam os pedidos do almoço chegarem.

Nascida em Marbella, a espanhola Caterina Hernandez era uma das engenheiras de controle do carro de Alex Albon para aquela temporada da A. M. Red Bull Racing. Amelie ficou maravilhada quando descobriu a existência da mulher nos boxes e fez de tudo para tentar conseguir um tempo de conversa com ela. Cat tinha seus recém completos 27 anos, engenheira, formou-se pela universidade da Catalunha e era uma das responsáveis por toda análise dos sistemas do carro durante a execução em pista. Desempenho de partida, sistema de freio, volante e configurações de embreagem eram sua praia naquele mundo. A espanhola dispôs o que podia do seu tempo para contribuir assim que soube da intenção da matéria de Amelie.

Trabalhar na Fórmula 1 era um verdadeiro sonho para a italiana, mas o fato daquele ambiente ser ocupado majoritariamente por figuras masculinas ainda era algo que a incomodava como uma muriçoca inconveniente perturba o sono de alguém, ela entendia que o impacto desse fato se estendia para muito além das pistas. Não estava sob seu controle resolver aquilo, infelizmente, então em histórias como a de Caterina ela enxergava a possibilidade de contribuir minimamente de alguma forma com aquela questão, propagando a importância do trabalho de mulheres como ela — Amelie o faria sempre que tivesse a oportunidade. O tom de admiração e respeito com o qual Amie carregou suas palavras ao escrever sobre a importância do trabalho de Cat, cativou o coração da moça. 

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2022 ⏰

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