𝕻𝖗ó𝖑𝖔𝖌𝖔

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O vento frio batia e batia em tudo e todos que ousavam ficar naquela noite escura e perigosa. Se você ficasse do lado de fora de sua casa por muito tempo, poderia congelar ali mesmo. Então, mesmo que de dia, os cidadãos não ousavam por os pés para fora, apenas em motivos óbvios de sobrevivência.

Entretanto, para algumas pessoas mais pobres, estar dentro de casa era quase a mesma coisa que estar do lado de fora.

Em uma pequena casa de madeira, morava três pessoas. Dois irmãos gêmeos e uma mãe.

Abraçados e encolhidos perto da lareira, jazia duas crianças da mesma idade. Ambos estavam com um cobertor em volta e bem perto da lareira, na esperança de conseguirem calor o suficiente para não congelarem. Você não precisaria olhar de longe para ver que os dois irmãos estavam tremendo.

A mãe de ambos estava tentando arrumar alguns lugares da casa que estava com buracos, consequentemente fazendo com que vento e goteira entrem na casa. Não ajudava nada a casa ser de uma madeira velha e desgastada.

— Que droga! — A mulher sibilou baixinho, enquanto pregava um pedaço de madeira que havia caído no chão.

O vento começou a ficar mais forte, as nuvens se fecharam no céu escuro e com ele, veio uma chuva intensa. O barulho de água caindo no chão de madeira da casa logo foi ouvido, fazendo a mulher adulta ficar em pânico.

Ela correu para os fundos da casa e pegou vários baldes de ferro enferrujados e começou a colocar em baixo das goteiras, tentando amenizar a situação. A mulher continuou a fazer isso até ver que havia colocado os baldes em todas as goteiras.

Ela suspirou de alívio, mas parou quando viu que as tábuas que ela estava terminando de pregar ficaram frouxas e começarem a balançar violêntamente.

E novamente, veio o pânico.

As crianças que estavam se abraçando pularam de susto quando um barulho quase insurdecedor de um trovão ecoou em todos os lugares. Os olhos do garotinho se encheram de làgrimas e não demorou a começar a derramar. Entretanto, diferente da maioria das crianças, ele chorou baixinho, quase inaudível se você não estivesse perto o suficiente.

Porém, sua irmã que era minutos mais velha, percebeu que o ombro de seu irmão tremia e ele fazia alguns sons guturais. Ela logo percebeu que ele estava chorando e com medo da tempestade.

— Não tenha medo...— Ela sussurou e o abraçou mais perto. — eu estou aqui com você...

— M-mas é tão barulhento...! — Sussurou-gritou aos prantos. — E se ele tentar me pegar?

— Eu não vou deixar. — Ela afirmou com um tom firme. — Se ele quiser te pegar, vai ter que passar por mim primeiro! Eu te protego!

— P-promete...? — Ele levantou um dedo mindinho para a irmã.

— Eu prometo. — Ela entrelaçou os dedos midinhos e sorriu docemente para ele. — Agora pare de chorar.

O menino enxugou as lágrimas e murmurou um pequeno "tudo bem", mas logo parou quando sentiu seu estômago roncar alto. Ele alisou a barriga levemente e soltou um suspiro pesado.

Parece que hoje seria mais uma noite sem comida.

          ꒥︶꒦꒷︶︶︶꒦꒷☪︎꒷꒦︶︶︶꒷꒦︶ᘒ

   

Após a longa noite chuvosa, veio o dia. Junto com ele, o sol. O cheiro de terra e madeira molhada ainda persistia, já que a tempestade durou quase a noite toda.

𝕷𝖔𝖛𝖊 𝖒𝖊 𝖑𝖎𝖐𝖊 𝖞𝖔𝖚 𝖉𝖔Onde histórias criam vida. Descubra agora