Capítulo II

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"Amor e ódio são dois lados da mesma moeda

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"Amor e ódio são dois lados da mesma moeda."

Os dias passavam, e para a surpresa de Naruto, as vozes em sua cabeça haviam se acalmado. Isso era bom, certo? Assim podia se concentrar melhor. Não tinha um dia calmo assim desde... sempre? Sinceramente não se lembrava.

Havia acordado às 10 da manhã, comido o lamen do Ichiraku. Não havia como o dia ser ruim. Bem, pelo menos era o que esperava.

Estava a caminho do campo de treinamento quando recebeu uma mensagem. Era de Kakashi-sensei, avisando sobre a próxima missão. Fazia um tempo desde que não tinham missões. Para ser mais preciso, desde o exame chuunin.

Parando para pensar, o exame era uma memória ruim para Naruto. Quando Gaara, o jinchuuriki do Shukaku, havia perdido o controle, parte dele queria se rebelar também. Gritar para os quatro cantos do mundo como se sentia. Naquele momento, sentiu inveja do shinobi da areia. Queria essa liberdade de ceder aos próprios impulsos, assim como o garoto. Desejava soltar sua ira, até que não sobrasse nada mais que uma casca vazia. Pois era isso que era: um amontoado de ódio, decepção e solidão. E uma vez que soltasse isso não sobraria nada.

E precisava admitir, que havia momentos em que sua mente quase cedia. Entretanto, por outro lado tinha medo. Se liberasse todo seu ódio, o que sobraria?

Sem esse ódio que o definia, o que ele era?
Quem era ele?
Uzumaki Naruto?
Filho do quarto Hokage?
Jinchuriki?
Afinal, quem diabos ele era?

(Voltando ao foco) a missão parecia simples. Era uma escolta. Não gostava de missões de rank C mas tinha que admitir que era melhor começar devagar.
Tinha começado a se acalmar, e não queria arruinar isso.

Dia da missão

Estavam escoltando um senhor feudal.
Mas tudo bem. Afinal era alguém importante.
Ele podia aguentar.

Sua mente começou a vagar, não tinha nada interessante de qualquer forma. Estava tão distraído que não percebeu quando bandidos os cercaram. Ouviu gritos. Sasuke e Sakura já estavam lutando, e apenas ele estava parado (viajando na maionese kkkk). Quando se deu conta os saqueadores já haviam sido derrotados.
Como sempre, Sakura começou a gritar com ele por ser tão desatento. Sério. Como podia já ter se apaixonado por essa menina?

Ela estava tão ocupada lhe dando sermão, que não percebeu um ninja, que estava esperando a oportunidade de atacar, tentar apunhalar por trás.

Naruto viu tudo em câmera lenta.
Sasuke tentou correr, mas estava muito longe.
Sua visão ficou vermelha. O que era aquilo? Era... sangue? Da Sakura?
Aquilo desencadeou memórias dolorosas. Como se já tivesse visto algo semelhante. Sua mente deu branco. Era como se um peso tomasse o lugar em que deveria estar seu coração.

Após aquilo não se lembra bem o que aconteceu. Todo o resto era apenas um borrão. Quando finalmente voltou a si, tinha um cadáver ao seu lado.

Suas mãos estavam sujas de sangue.
Não era o dele.

Seu corpo doía.
Sua cabeça doía.
Então começou a cair.

Sua última visão foi o rosto de Sasuke, geralmente indiferente, demonstrava uma expressão de puro terror. E Sakura que, apesar de pálida pela perda de sangue, tinha a mesma expressão de Sasuke. Naruto queria falar que estava tudo bem, queria tirar aquela expressão do rosto deles e acabar com a razão de seu medo
Antes de apagar, se perguntou o porquê de estarem tão apavorados.

O que os assustou dessa forma? Foi seu último pensamento, antes de se entregar à inconsciência.

Quebra de tempo

Acordou com um cheiro familiar. Tentou abrir os olhos, mas suas pálpebras pareciam ter desistido dele.

Ouviu vozes, mas não conseguia identificar o que diziam. Tentou falar, mas sua boca parecia ser feita de chumbo.

Após suas tentativas frustradas, voltou a inconsciência.
E aos pesadelos

Em seus sonhos sempre vinha a mesma imagem. Uma bela mulher de cabelos ruivos, junto a um homem de cabelos loiros. Eles esbanjam felicidade. Mas então o sonho mudava.

Suas bocas se enchiam de sangue, e suas feições não demonstravam mais felicidade. Naruto sempre se perguntou se a causa da tristeza desses jovens, seus pais, era ele próprio. Se perguntava constantemente se estariam vivos se ele não tivesse nascido. Se culpava, por acreditar que era a causa da morte deles.

Pelo menos era o que as vozes diziam.
E sobre esse assunto em específico elas tinham muito o que dizer.

Elas o chamavam de assassino, besta, monstro. O monstro que matou os próprios pais. O garoto queria chorar para ser sincero. Se encolher em um canto, e pedir desculpas por ter nascido. Por estar... vivo.

No entanto, uma parte sua, uma pequena parte, ainda lutava e dizia que não era sua culpa. Que não havia matado seus pais. Que não era um monstro. E que não era um assassino.

Mas...

Porque havia tanto sangue?

Havia uma poça, e Naruto ficou preocupado, mas não era o seu sangue.

Devagar, ele seguiu o rastro vermelho, que eventualmente o levou a um corpo. Tentou checar o corpo, apenas para ver que não havia pulso. Continuou encarando o rosto do cadáver, tentando se lembrar de onde o havia visto, mas não conseguia se lembrar.

Até que escutou um rosnado.
Seu coração gelou.
Com calma olhou para trás.

Foi quando o viu.
Se viu.
E entrou em pânico.

A pessoa a sua frente se parecia com ele. Mas não podia ser. Era como uma versão mais selvagem de si, com uma aura assustadora. E os olhos estavam vazios, opacos, como se algo tivesse sugado a vida, exceto por um pequeno brilho, que se escondia por trás daquelas órbitas avermelhadas.

De alguma forma Naruto se sentiu atraído por aquele brilho, como uma criança se atrai por doce.

Aquilo era...

Loucura?

Mas havia algo mais, talvez uma pontada de diversão?

O loiro logo desviou o olhar. De alguma forma se sentiu atraído, mas não queria continuar. Naruto pensou que se sentiu assustado com a nova descoberta. Em pânico talvez. Mas não sentia nada. Apenas essa estranha atração.

E preocupação.

Preocupação por descobrir que havia matado o homem. E por não sentir nada em relação a isto. Deveria se sentir culpado. Triste, talvez. Mas não sentia nada disso.

Gostaria de dizer que não sentia nada. Seria melhor. Mas bem no fundo, havia gostado. Sentiu prazer em ter o sangue do homem nas mãos, e rasgá-lo em pedaços. E esse pensamento o aterrorizava.

Uma pessoa normal não sentiria isso, era o que uma das vozes dizia.
'O que importa é que gostou' dizia a outra
A situação era conflitante.

Mas por hora, Naruto decidiu que manteria sua máscara. Se comportaria como uma pessoa normal.

Seria normal.
Normal.
Se comportaria como uma pessoa normal!
Foi o que pensou antes de abrir os olhos.

"Naruto?" disse uma voz.

Mas o que era ser normal?

1135 palavras

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