Capítulo 02

107 13 3
                                    

Porque dizem que lar é onde o coração se grava em pedra, É onde você vai quando está sozinho, É onde você vai para descansar seus ossos, Não é só onde você encosta sua cabeça, Não é só onde você faz a sua cama, Contanto que estejamos juntos, importa aonde vamos? 



Ashley Mackenzie

O primeiro sinal de que algo deveria estar errado, foi a rapidez que consegui pegar um táxi no sábado à noite em Chicago. Isso nunca aconteceu comigo quando precisei. Hoje foi a última reunião da temporada com a equipe de saúde do Chicago Winters, o time de hóquei do momento e do qual eu sou fisioterapeuta há três anos. Quando saí de Helena, Montana, aos vinte e dois anos com uma proposta de emprego no Winters em Chicago, um diploma na bolsa e minha melhor amiga Milla a tiracolo, jamais imaginaria quantas coisas eu conquistaria.

Com o Chicago Winters, eu, que até então era somente uma garota que nunca tinha saído de Montana, viajei pelo país e até mesmo fora dele. Conquistei meu próprio apartamento, meu carro (embora estivesse no conserto) e um namorado lindo. Eu e Fred estamos juntos há dois anos e tenho fortes indícios de que em breve ele irá me pedir em casamento. Principalmente porque há exatamente uma semana, Nate pediu Milla em casamento e ele me deu a entender que em breve seria a nossa vez.

Ele é médico, loiro, com olhos escuros como a noite, um sorriso matador e alguém que eu conheci através de Nate, jogador estrela do Winters e agora noivo de Milla. Eu o conheci em um simpósio de medicina esportiva e o interesse foi instantâneo. Não muito tempo depois, estávamos namorando. Eu sempre fui aquela garota sonhadora, que idealizava um relacionamento de cumplicidade e companheirismo e tinha encontrado tudo isso com Fred. E era por isso que eu estava, neste exato momento, indo para o apartamento dele, vestida com uma lingerie por baixo de um sobretudo preto e botas altíssimas.

O segundo sinal de que algo não estava bem, foi o carro de Fred na garagem. Olhei para o meu relógio e sim, ainda faltava uma hora para que acabasse o seu plantão. Provavelmente, algo deveria ter acontecido. Sacudi a cabeça e peguei a minha cópia da chave na bolsa. Tínhamos combinado de almoçar com seus pais amanhã, então resolvi lhe fazer uma surpresa. 

O terceiro sinal bateu em meu rosto assim que abri a porta. Fred sempre foi organizado ao extremo, então não foi por nada que fiquei pasma com a trilha de roupas que começava na porta da frente e subia as escadas. Roupas de Fred e... Roupas femininas. Meu estômago se revoltou. Como se estivesse condicionada, segui a trilha de roupas que, como esperava, deu no quarto de Fred.

Um quarto que era um pouco meu também.

Levantei os olhos da trilha de roupas e me deparei com a bunda branca de Fred impulsionando ferozmente entre as pernas de uma bela mulher asiática. Olivia Gessinger, a residente de pediatria linda de morrer e orientada por Fred. As mãos de Olivia estavam na cabeceira, que se chocava contra a parede, e em um desses impulsos, o porta-retrato com uma foto minha e de Fred em nossas férias em Austin, inverno passado, caiu no chão e trincou.

Tão simbólico.

Eu não saberia dizer por quanto tempo fiquei ali, estática diante da cena que se desenrolava em minha frente. Em algum momento, Olivia pareceu perceber a minha presença e empurrou Fred. Quando ele olhou em minha direção, seu rosto estava branco.

— Ursinha...

Eu apenas levantei uma das mãos.

— Não. Fale. Nada.

— É uma pesquisa...

Meu temperamento normalmente dócil e gentil, explodiu.

— Cale a boca, Fred! Está me achando com cara de trouxa? O que você estava pesquisando com seu pau na vagina dela?

JOGADA DA VIDA - Spin off de Jogada PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora