Daniel Turner
Já passavam de duas da tarde e eu ainda não tinha saído do escritório, enrolado com o caso de um cliente. Eu também não tinha almoçado e suspirei agradecido quando minha irmã Milla acenou da porta avisando que meu almoço estava na copa. Um caso complicado iria para julgamento essa semana e eu estava reunido com dois estagiários, montando as estratégias para a defesa do meu cliente.
Era um caso de divórcio sem acordo pré-nupcial. A mulher, com um ano de casada, decidiu que o segurança era mais interessante que o marido, trinta anos mais velho e agora, o marido não queria que a ex-mulher tivesse direito a nada. Novamente, era complicado pela falta do acordo pré-nupcial, porém usamos de qualquer argumento para que meu cliente conseguisse o que queria ou o resultado mais próximo do esperado.
— Me tragam o que conseguirem amanhã de manhã. Quero três possíveis soluções de cada, pelo menos.
O casal de estagiários acenou positivamente e mais que depressa, juntou suas coisas e saiu da minha sala. Eu suspirei aliviado e cansado, vendo que Mariah entrava e fechava a porta. Mariah, minha secretária há dois dias, já tinha deixado várias dicas de que estava disposta a um relacionamento mais íntimo. Houve uma época em que seus sinais não ficariam no vácuo. Houve uma época que, no estado de estresse em que me encontrava agora, nada me daria mais prazer do que uma boca ao redor do meu pau.
— Senhor Turner, aqui estão os relatórios do caso de Rupert Mathews, como pediu.
— Obrigado, Mariah.
— Há algo mais que eu possa fazer por você?
Evitei, de propósito, seu tom sedutor e respondi com rispidez:
— Não, Mariah. Você está dispensada.
A decepção passou por seu rosto, mas ela logo se recuperou e se afastou. Eu suspirei, agora ainda mais estressado pelo tesão reprimido. Olhei para o meu telefone e passei pela lista de contatos. Kelly poderia estar disponível hoje à noite. Eu poderia mandar uma mensagem e foder o estresse fora do meu sistema ou estaria com um humor de merda o resto da semana. Ela poderia chamar sua amiga como da última vez...
— Dan?
Olhei para minha irmã na porta, com meu almoço, me tirando de vez de meus pensamentos libidinosos. Milla trabalhava na área de Finanças do escritório e sempre me salvava nesses dias em que tudo saía do controle. Ela se aproximou e eu peguei a comida chinesa que já aromatiza o ambiente.
— Hoje é a típica segunda-feira. Almocei e já voltei, mas vou ter que sair mais cedo.
Olhei para ela com as sobrancelhas erguidas enquanto devorava a comida.
— Preciso começar a resolver alguns assuntos relacionados ao casamento. Não sabia que eram tantas coisas, minha cabeça não para de dar voltas. Ainda bem que Natalie e Ashley estão me ajudando em tudo, já que mamãe está em Montana e Melissa em Berlim. E amanhã ela estará em Milão.
A menção de Ashley me fez vacilar um momento. A melhor amiga de minha irmã era... Chata pra caralho. Quando Milla nos contou sobre a nova amiga, companheira de quarto da faculdade, há alguns anos, pela descrição, parecia uma garota simples, humilde, meiga e gentil.
A realidade foi muito diferente.
Enquanto ela estava na faculdade e eu em Chicago, quase não nos víamos, e ela parecia tímida ao meu redor, mas depois que ela veio para Chicago, conheci sua verdadeira face. A garota tem uma régua julgadora e um senso de superioridade insuportável, foi para o mundo da imaginação e esqueceu de voltar. Acha que a vida é um conto de fadas, e, se não fosse apenas isso, ela não perde uma oportunidade de apontar as inadequações dos outros segundo suas próprias convicções. Eu a evito como o diabo, embora, às vezes seja impossível, visto que meu escritório representa o Chicago Winters, time de hóquei em que ela trabalha. E temos muitos amigos em comum.
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JOGADA DA VIDA - Spin off de Jogada Perfeita
RomanceÉ natural ter um crush no irmão gostoso mais velho da melhor amiga, correto? Errado. Não quando esse irmão é Daniel Turner. Ele é arrogante, irritante e tem o senso de humor mais ácido que existe. É por isso que nos odiamos. Até aparecer uma gar...