Às Escuras do Amor (NA AMAZON) #5

○○○ Prólogo ○○○

1 ano antes...

  — De novo nessa?

A pergunta de Rachel me faz tirar os olhos do meu príncipe encantado, vulgo homem de todos os meus desejos mais secretos, só para focar no rosto entediado ao meu lado. Minha cunhada me olha como se eu fosse uma criança pequena desprovida de qualquer entendimento.

Suspiro, não poupando um sorriso.

— Ele é lindo — exalo mais um respirar, que dedura minhas reações perante ele. Sempre sou completamente abalada pela presença do homem alto, sorridente, de fácil acesso, descontraído e lindo perto de nós.

— Quantas vezes eu já disse que ficar babando por Pedro Smith, sempre de longe, não vai adiantar nada? — Rachel enfatiza a palavra com um pouco mais de firmeza no tom, me fazendo ter algum desânimo.

— Eu não quero que adiante, alguma coisa. Estou bem só em olhá-lo — dou de ombros. Sempre é tão bom vê-lo rindo e sorrindo com seus funcionários, tratando-os como se fossem seus amigos próximos. Tem coisa mais linda para se admirar em um homem que o seu jeito de tratar as pessoas? Não tem. Eu estou, constantemente, atingida por Pedro e o seu jeito de se comportar.

— Você devia falar com ele, não se contentar em olhá-lo apenas, pelo amor de Deus — minha cunhada parece descrente. — É sério, Crystal, dar um oi não arranca pedaço.

— Você sabe que não consigo — remoo, perdida na cena de Pedro pegando uma uva e jogando na boca, fazendo as meninas que estão colhendo daquele lado soltarem risadinhas.

Não as culpo, eu também riria um monte. Provavelmente riria até ano que vem, de tão feliz por ele me fazer rir.

— Tenha dó, né? — Rachel debocha. — Você tem 23 anos, não tem mais idade pra ficar envergonhada para dizer oi a um homem.

Eu a olho, ressentida.

— Se você não sabe, e eu sei que sabe porque meu irmão é um fofoqueiro, a minha vida amorosa não é a mais badalada — despejo.

— Bem, você tem aquele seu amigo que está sempre aqui. Como é mesmo o nome dele? Mark? — assinto e ela continua: — Pois é, o Mark — dá um sorrisinho — não te facilita nisso? Não é fácil falar com ele? Então, com o Pedro vai ser fácil também.

— Não vai, não — discordo imediatamente. — Mark não tem dois metros, não é lindo, não é tão simpático e com certeza não abala a minha coordenação motora.

Rachel ri, balançando a cabeça de forma positiva.

— Já faz tempo desde que eu tinha dificuldade para falar com homens. Nem me lembro mais como é. Mas, de qualquer forma, ainda acho que você devia passar por ele dar um oi. O que demais pode acontecer?

— Sei lá — volto a colher as uvas, momentaneamente mal por saber que sequer tenho a coragem de dizer oi ao homem que paga ao meu pai e, consequentemente, a toda nossa família e funcionários das nossas fazendas para colhermos suas uvas manualmente.

Segundo Pedro Smith, seu vinho precisa ser o melhor. Quanto mais agora, que sua vinícola, Winess — que outrora foi de seu pai —, migrou para, também, Nova Iorque. Ele diz gostar de percepção minuciosa e que somente os olhos humanos podem proporcionar isso.

Ele está certo, eu não discordo, mas também fico chocada sempre que meu pai desconta o cheque. É um valor absurdo, que ele poderia economizar muito mais se as uvas fossem colhidas por máquinas - como seu pai preferia. Embora, provavelmente, a colheita manual deixe que a próxima etapa da produção de vinhos seja mais eficiente por as uvas serem 100% usadas, ainda acho que Pedro Smith deveria averiguar os prós e contras. Sem falar que a demora para a colheita é considerável em relação as máquinas.

— Não aconteceria nada demais — Rachel volta a falar. — Ele te responderia. Provavelmente faria você rir descontrolada, igual quando fica nervosa.

Dou risada.

— Não quero parecer uma idiota com ele. Gostaria de falar não só um oi. Tipo — gesticulo, sendo observada por Rachel —, eu quero que ele queira falar comigo. Sabe, continuar a conversa. Como faz com todos. Você já observou que ele praticamente fala ou já falou com todo mundo daqui, menos comigo?

Minha cunhada concorda, como se eu tivesse razão.

— É uma realidade mesmo — ela olha na direção de Pedro e eu faço o mesmo.

E quero me impedir de suspirar, mas não consigo. Ele está ligeiramente abaixado, falando algo com seu rosto tão lindo e sorridente, ajudando as meninas a colherem alguns cachos de uvas. Seu cabelo castanho é tão bem arrumado e ele parece tão impecável. Quase como se não fosse real.

— Estão de brincadeira?

A voz de Derick, meu irmão mais velho, me faz tirar os olhos da cena, então olho para cima, encontrando-o com as mãos no quadril e o rosto sério.

— Deixa a garota ser feliz, Derick — minha cunhada se levanta, indo para perto dele, que continua a me olhar. — Ela está admirando o bonitão.

Com esse comentário, Rachel consegue toda a atenção do meu irmão. Ele a olha como se perguntasse, "o que você disse?".

— Ele é bonito mesmo, fazer o quê? — ela ri, ficando na ponta dos pés para dar um selinho nele.

Faço uma careta e desvio o olhar.

— É hora do almoço, vim chamar vocês — Derick agarra a esposa pela cintura e a mantém junto a si, como se ali fosse um lugar seguro para ela estar. — E, por favor, Crystal, pare de babar pelo cara. Você não tem mais idade para isso.

Minha boca se abre tamanha minha indignação. Observo meu irmão e minha cunhada saírem andando por além dos vinhedos, para longe de mim e não entendo. Não entendo mesmo. É a segunda vez que alguém me diz que não tenho mais idade para alguma coisa.

Mas eu não sou velha. Não tanto assim. Ainda há esperança para mim. E também não há nada de tão grave em observar o homem que nos visita a cada trimestre para recolher informações ou, a cada ano, para colher uvas.

Eu só estou apreciando, de longe, quase muito distante, o que é belo, e isso não faz de mim uma pecadora. Mas talvez esteja mesmo velha demais para só olhar.

No entanto, não consigo encontrar minha voz para falar com ele, porque a presença de Pedro Smith a faz sumir.

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Superei Alan e Aurorinha? Não 😩

Mas simbora com o Pedro, que chegou a vez dele 😋

Desculpem os erros gramaticais e quaisquer outros que vierem, lindezas

Boa noitinha, meus amores! <3<3<3