34. Preparativos pra uma vida

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Alura gastou mais de uma hora explicando as funções e o funcionamento da matriz kriptoniana para Lena, o que muitas vezes se intercalava com questões culturais a organização social do seu povo. Desde a concepção, gestação, orientação vocacional e, por fim, o pareamento dos casais para formar um novo núcleo familiar, e assim dar continuidade ao ciclo.

L: Bom, Alura, o que quero saber é se você acha possível fazer a combinação do meu DNA com o de Kara. Eu quero dizer, somos duas mulheres, na Terra nossos gametas não se combinariam espontaneamente, apenas os masculinos com os femininos, e ainda não há tecnologia disponível para induzir essa combinação.

A: Entendo... E você acha que a matriz pode ser a resposta pra essa questão. Bem, aqui a combinação genética pode ser feita com qualquer tipo de célula que contenha o material genético completo, não necessariamente precisa dos gametas. E, por isso, as combinações masculino/masculino e feminino/feminino são perfeitamente possíveis. Você talvez só precise aperfeiçoar a matriz para trabalhar com DNA não-kriptoniano, o seu, no caso, para tornar possível o cruzamento interespécie.

L: Ok, acho que entendi... Então, você disse que a matriz já tem parte dos dados de Kara, isso quer dizer... Ela chegou a usar a matriz?

Alura sorri com a preocupação de Lena.

A: Sei onde você quer chegar com essa pergunta, querida. Kara não chegou a usá-la, de fato, pois não tinha idade suficiente pra isso quando precisamos mandá-la pra Terra. Os dados dela que ficaram armazenados são provenientes do processo de concepção e gestação. Mas posso dizer que ela vinha desenvolvendo um grande interesse pela área científica e passava boa parte do seu tempo livre no laboratório, com Zor-El. Nosso palpite era de que seguiria por esse caminho. Me surpreendeu saber que ela optou pela comunicação, no seu planeta. Mas enfim... O que acho que você realmente quer saber é sobre o pareamento. Kara não foi submetida, e agora nem faria sentido. Com a perda de mais de 90% da nossa população, as combinações diminuíram muito as probabilidades de êxito. E Kara não vive mais aqui, ela vive na Terra e parece ter encontrado o par perfeito pra ela em você. Logo, acho que você deveria se tranquilizar quanto a isso.

Ela consegue arrancar um sorriso tímido e sem graça de Lena.

L: Eu sei, é só que...

A: Lena, Kara me contou dos problemas da sua família quanto à ela e ao Kal. Acho que sua insegurança tem mais a ver com isso do que com os nossos métodos e costumes, estou certa? – Ao que a Luthor apenas assentiu e permitiu que sua futura sogra continuasse. - A união de vocês é única, em muitos aspectos. Mas a essa altura, depois de tudo que passamos, já considero um milagre Kara e Kal terem sobrevivido, e um milagre ainda maior tê-los reencontrado e poder fazer parte da vida da minha filha depois de tantos anos e de ter perdido essa esperança. Eu terei o privilégio de vê-la se casar com quem ama, alguém que a respeita, a aceita com todas as implicações, a ama de volta e a faz feliz. Por isso, eu não poderia estar mais feliz por tê-la como nora, Lena. Você já tem o seu espaço no meu coração e na nossa Casa.

L: Muito obrigada Alura, isso significa muito pra mim, você nem imagina.

Alura agora a envolvia em um aconchegante abraço materno.

A: Vocês sempre terão todo o meu apoio, e eu estarei aqui sempre que precisar conversar, sim? – Lena mais uma vez assente. Era difícil formular palavras quando se está concentrada em não deixar-se dominar pelas emoções. – Agora, o que acha de me ajudar a preparar o lanche? Kara já deve estar voltando.

L: Claro.

Foi impossível deixar de passar pela cabeça de Lena que talvez, apenas talvez, o universo, literalmente o universo nesse caso, estivesse lhe recompensando por tudo que perdeu ou já teve que abrir mão durante a vida. Claro que ela sempre se perguntaria como seria sua vida se sua mãe nunca tivesse se afogado naquele maldito lago. Mas lá estava ela, construindo sua própria família, reaprendendo a estabelecer laços. Talvez os Luthors nunca tivessem sido uma família pra ela, nesse sentido da palavra, mas a vida se encarregou de colocar Alura e Eliza no seu caminho, as melhores figuras maternas que ela já conheceu, e estava feliz que essas mulheres seriam as futuras avós de dariam suporte e as aconselhariam na criação dos seus futuros filhos. Ainda podia contar com Alex e Sam, também as melhores irmãs que poderia desejar. Lena apenas se permitiu inundar por essa sensação nova de que tudo ia ficar bem afinal. Não havia cenário catastrófico que sua mente pudesse criar em um momento de autossabotagem, que ela não se sentisse apta a resolver.

Amor, perdão e tantas coisas - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora