19. Um pedido pro futuro

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O jantar transcorreu perfeitamente, como Lena planejou, naquele clima extremamente romântico. Tanto que ela mal se reconhecia, movendo mundos e fundos pra ver sua amada sorrindo e feliz. Ela se sentia imersa em uma realidade paralela. Nem nos seus melhores sonhos imaginava que poderia ser tão feliz assim. Ela sorria bobamente, vendo a loira ao seu lado divagando entre goles de vinho, mas a lembrança do real motivo daquele jantar a faz sair de seus devaneios de boba apaixonada.

L: Bom, meu amor, a nossa noite tá ótima, eu amo desfrutar da sua companhia, mas acho que chegou a hora de eu falar a verdade sobre o motivo desse jantar.

Ela coloca uma carga dramática a mais na voz de propósito, só pra ver a reação da sua loira. O que funciona muito bem. A Danvers rapidamente adquire uma feição séria e mal pode esconder a preocupação, deixando dois risquinhos marcarem a sua testa, e ela apenas assente para que Lena continue. A morena se levanta, vai até um pequeno armário na sala abre uma gaveta, de onde tira uma caixinha, que ela teve o cuidado de revestir com chumbo, e volta para a mesa de onde sua namorada a observa atenta.

L: Esse é o seu pequeno presente, querida. - Entrega a caixa para mulher ao seu lado.

K: Uh! Presente!

A loira muda de feição em menos de um segundo. Impressionante a facilidade com que esqueceu a apreensão de segundos atrás. Ela abre o embrulho, empolgada, e tira de dentro um chaveiro contendo algumas poucas chaves e um pequeno controle remoto. E Lena pode ver o momento em que ela entendeu do que se tratava, com a surpresa tomando sua feição acompanhada de um "oh" mudo.

K: Lena! - Ela conseguiu deixar a repórter sem palavras.

L: Feliz aniversário, meu amor! Eu sei que faz só três meses, mas já nos conhecemos há tanto tempo. E eu desejo do fundo do meu coração que esses meses se multipliquem em muitos. Na verdade, eu tenho certeza que irão. Estou muito certa do que quero ao seu lado, meu bem, e queria lhe dar algo hoje que lhe mostrasse essa certeza. Essas são as chaves da cobertura e o controle da garagem. Eu estou lhe dando pleno acesso, não só a minha casa, mas a minha vida. Quero que possa entrar e sair quando quiser, que se sinta à vontade, em casa. Eu sei que você já faz isso pela varanda, mas achei que era o momento de oficializar. Claro que esse gesto é mais simbólico, mas também significa que eu cadastrei suas digitais em todos os acessos do apartamento, dos escritórios e laboratórios... Você pode ir ao meu encontro em qualquer lugar que eu esteja, a qualquer hora.

Nesse momento Kara tentava segurar as lágrimas e falhava vergonhosamente.

K: Lena, eu nem sei o que dizer!

A morena apenas sorri, vendo a felicidade da heroína. Quando se dá conta, está recebendo um beijo apaixonado.

K: Eu amei! Nossa, eu não esperava nada como isso. Significa muito pra mim Lee, obrigada!

L: Bom, não é só isso. Na verdade, essa foi a forma que eu encontrei de introduzir um assunto com você. - A loira a olha um pouco mais séria, porém curiosa. Lena continua: - Quando eu levei aquele tiro e você ficou aqui por alguns dias, cuidando de mim, digamos que talvez eu tenha ficado um pouco mal acostumada com a sua presença. A rotina que nós estabelecemos, a dinâmica da nossa convivência era tão gostosa, leve e fluida que tornou muito difícil voltar pra cá no fim do dia e não te encontrar. A cama agora parece ter tanto espaço sobrando... que eu pensei que... eh... eu gostaria que você viesse morar comigo. - Lena pode ver o surto nos lindos olhos azuis a sua frente. - Não precisamos fazer isso agora, é claro, se você achar muito cedo, só queria que nós começássemos a pensar sobre isso, podemos planejar pra daqui a alguns meses se você preferir...

Ela é interrompida pela Super, que não consegue mais ouvir em silêncio, ela precisa surtar em voz alta.

K: Por Rao, Lena! Eu... Meu Rao! Eu... nem sei o que dizer! - Ela precisa fazer uma pausa para puxar o ar, estava atropelando as palavras, de tão empolgada. - E pensar que alguns meses atrás, se alguém me dissesse que eu estaria pensando em morar com você, eu diria que essa pessoa estava delirando.

Amor, perdão e tantas coisas - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora