03: II. Sobre Uma Declaração Indiretas-Direta - Ou Não.

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Esse, definitivamente, foi um dos dias mais loucos e inusitados da minha vida e de certo modo não foi tão ruim

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Esse, definitivamente, foi um dos dias mais loucos e inusitados da minha vida e de certo modo não foi tão ruim. Na verdade, acho que foi o dia que eu me senti mais realizado em toda minha vida. Afinal, não é todo dia que o seu crush canta pra você, não é?

***

Eu acho que nem preciso dizer que se não fosse por Hansol está alguns metros à minha frente no caminho de casa — porque, pra piorar tudo, moramos em bairros próximos. —, eu teria ido saltitante pra casa, não é?!
Também não acho que seja necessário dizer que nem quando eu fui tomar banho, comer e conversar com minha mãe sobre meu dia, nem por um segundo eu parei de sorrir. No entanto, precisei me contar para não parecer idiota demais e para minha mãe não perceber, porque ela sempre percebia. Não que tenha adiantado muito.
— Me conta, filho, tá sorrindo a quatro ventos assim por quê? — Ela perguntou enquanto eu lavava as louças e ela terminava de arrumar a mesa. Eu sei que ela estava se revirando do avesso pra me perguntar aquilo de uma vez logo. Eu conheço minha mãe.
— Nada demais, ora… — Desconversei e sequei minhas mãos. Depois de lavar tudo era hora de secar e guardar os pratos. — Ah, um… — Parei pra pensar por um segundo. Estávamos mais próximos esses dias, mas eu não sei se, de fato, eu posso chamar ele de amigo ou algo do tipo ainda. — Enfim, o Hansol vem aqui pra gente terminar uma atividade importante, ok?! Não sei se vai lembrar dele.
— Ah, entendi agora… — Soltou um risinho. Agora quem não estava entendendo nada era eu. —  Tudo bem, eu faço um lanche pra vocês depois.
— Você é a melhor mãe do mundo, Senhora Sooyoung! — Levantei meu polegar para cima em sua direção e ela me deu uma piscadela indo pra sala.
Após terminar tudo, fui para o meu quarto deixar ele pelo menos apresentável e enquanto esperava o garoto chegar, fiquei assistindo “Ponyo” — Com certeza a grande maioria dos filmes do Studio Ghibli são os meus preferidos da vida, e “Ponyo” está no top três. Eu acho que fiquei bastante concentrado no filme; não importa quantas vezes eu assistisse aquele filme (e os outros do Studio Ghibli), iria sempre ser como se fosse a primeira vez e acho que por esse motivo não notei a chegada do mestiço, apenas quando ele se pronunciou da porta do meu quarto.
— Não sabia que gostava dos filmes do Studio Ghibli...
Sobressaltei na cama sentando de imediato, assustando. Ele riu fraco e eu acompanhei, é claro, pra disfarçar.
— É meio que impossível não gostar… — Respondi de volta. E daí todo mundo ficou em silêncio encarando um ao outro. Pigarrei, tentando desviar não só da situação constrangedora quanto do olhar dele também.
— Pode entrar e deixar sua mochila ali. — Apontei pro branquinho onde a minha estava. — Você quer assistir um pouquinho antes… antes da gente continuar a atividade? — Ele concordou e eu dei duas batidinhas do meu lado morrendo de vergonha, ele sentou meio sem saber o que fazer e arrumei o lado onde eu estava — Ótimo, porque eu não aguento mais estudar...
Ele riu relaxando mais o corpo e foi inevitável não sorrir também enquanto dava play no filme de novo.
E no final nós assistimos o filme inteiro.

[...]

Senti minha barriga dar uma reviravolta, provavelmente de fome e felizmente não saiu nenhum som, imagine o quão vergonhoso seria minha barriga roncar bem alto na frente do garoto que eu gosto? Não aguento mais pensar e além de tudo tá um silêncio muito incômodo. Quero dizer, eu não sei puxar assunto e ele pelo o que parece não tá afim, as poucas palavras que a gente trocou desde que pegamos essa bendita atividade para terminar, foram relacionadas a ela. Apenas.
Talvez ele não se importe em eu colocar uma musiquinha, certo?
— Você se importa de eu colocar música? Me sinto um pouco incomodado com muito silêncio… — Espero que ele pegue essa indireta.
— Não me importo, não. — Disse com um sorriso pequeno.
Ótimo, peguei meu celular e o desbloqueei, colocando no aplicativo de música e escolhendo “Melhor Forma”, dei play. Não podia faltar poesia acústica nessa sofrência que é a minha vida.
Voltei a fazer o exercício normalmente querendo e tentando me concentrar para absorver qualquer coisinha dali. Não é novidade nenhuma que eu não seja de exatas e muito menos de humanas, acredito que eu faça parte do grupo de burras, entende? Eu não entendo literalmente nada.
—  “Me chama de vida, pra tu ver se eu não te faço feliz, como ninguém fez ainda, bebê…” — Cantarolou baixinho. Minha nossa!
Olhei pra ele meio confuso quando ele começou a cantar junto ao L7NNON, só que, pasmem, ele já estava olhando pra mim. Acho que foi uma péssima ideia tentar contato visual com Hansol. Foi bem rápido, mas ele me olhando desse jeito e cantando essa parte em específico olhando nos meus olhos é demais, meu amores! Eu realmente não consigo lidar com isso tudo. Precisei ignorar e fingir que nada aconteceu para o meu próprio bem; Sinceramente? já não estava aguentando ficar mais nenhum segundo perto do meu crush. É demais para o meu coraçãozinho frágil de gay emocionado.
— Me espera aqui. — Tossi um pouco para dispensar a voz quebrada. — Eu vou… pegar água e algo pra gente comer. — Levantei rápido, me sentindo meio desnorteado com o que tinha acabado de acontecer ouvindo a risada dele antes de sair do quarto. Sair dali o mais rápido que pude.
Filho de uma ótima mãe! Acha que não sei o que está tramando? Ele quer destruir (mais ainda) o meu psicológico e o pior, ele está conseguindo com quase 100% de sucesso.
Desci as escadas quase escorregando de tanto que minhas pernas estavam moles, antes mesmo de chegar na cozinha, minha mãe já sabia que eu não estava muito bem, talvez pelo jeito que eu suspirava muito alto, porque me olhou estranho assim que abri a porta da geladeira a procura de água.
— O que foi, garoto? Tá morrendo?
— Não. É só… não aguento mais estudar. — Me encostei no balcão, derrotado, coloquei a jarra de água lá e procurei um copo de plástico. Tinha chance de derrubar o copo de vidro do jeito que minhas mãos suam.
— Hum, sei… — Me olhou desconfiada mas deu de ombros. — Olha só, dei uma saída e comprei bolo de frutas na padaria, fiz suco de manga também. Chama o Hansol para vir comer aqui embaixo ou, sei lá, você leva uma bandeja lá para cima, mas do jeito que você é, é capaz de derrubar tudo antes de chegar na escada.
— A senhora não confia mesmo em mim, hein? — Falei, fingindo estar ofendido mesmo que ela estivesse certa, como sempre. — Tá bom, vou lá chamar ele.
— Em relação a você ser desastrado, eu realmente não confio. Não sei porque ainda não substituí tudo por plástico.
Revirei os olhos.
— Vou fingir que não ouvi isso.

***

Hansol foi embora um tempinho depois de terminarmos tudo. Minha mãe insistiu pra ele ficar mais um tempinho para bater um papo, quase morri ali mesmo, minha mãe às vezes não percebe que fala coisas inconvenientes demais. Então fiquei em alerta enquanto eles conversavam quietinho na minha, sem saber o que falar, para caso ela falasse algo de errado eu interferisse para o meu bem e do mestiço; E eu estava certo em ficar em alerta quando Senhora Sooyoung começou a perguntar se Hansol gostava de alguém. Talvez eu tenha o arrastado para fora de casa para livrar tanto ele quanto eu daquele constrangimento e me despedido o mais rápido possível bastante tímido e fechado a porta na sua cara ainda mais rápido.
— O que foi? — Boo Sooyoung perguntou quando eu olhei estranho para ela.
— Ai, mamãe, você é impossível. — Neguei com a cabeça indo para meu quarto terminar de assistir minha maratona de filmes do Studio Ghibli.
Mas nem mesmo “O Castelo no Céu” conseguiu prender totalmente minha atenção porque eu só pensava o que diabos tinha acontecido hoje. Hansol Vernon, o que você está fazendo comigo, huh?

Irei enlouquecer a qualquer momento.

O Que Músicas Brasileiras E Crush's Tem A Ver? ◠ VerkwanOnde histórias criam vida. Descubra agora