Mais um dia de aula se inicia em Suncheon, a escola onde qualquer mínimo detalhe vira fofoca e motivo de chacota. Jeon voltou depois de um ano supostamente preso. Jimin é o alvo das especulações de todos os estudantes, mas agora que Jeon voltou para seu território estudantil, todos os olhares voltaram para ele de forma cruel.
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Estaciono o carro na vaga mais próxima da saída, pego minha mochila colocando a alça em apenas um dos ombros e fecho a porta suspirando por pelo menos 5 segundos antes de enfrentar todos os comentários maldosos possíveis.
Ao entrar na escola percebo que há um cara atravessando o corredor apressadamente.
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Ainda há poucas pessoas por aqui, então posso mexer no meu armário sem interrupções e piadinhas feitas por vozes histéricas no corredor.
Abro a porta e caem centenas de bilhetes no chão, todos dizendo coisas ruins sobre um relacionamento passado, sobre minha família, sobre minha reputação que sequer tem a ver comigo, sobre meu corpo. Mas a única coisa que me fere é falarem que fiz cirurgias para ficar mais bonito que os outros. Eu nunca sequer fiz plásticas, mas amam dizer isso como se tivessem passado a vida inteira ao meu lado, sabendo de cada situação da minha vida.
Me abaixo e começo a recolher os post-its, não consigo deixar de rir com a criatividade dessas pessoas. Se de fato se esforçassem em uma redação ou trabalho de artes como se esforçam para insultar outra pessoa, com certeza tirariam boas notas por todo o ano.
Após me levantar com os post-its, reparo o movimento no corredor e em como não há ninguém que esteja prestando atenção em mim. O foco está no refeitório e como um bom curioso, caminho para lá, ainda com os papéis de insultos em mãos.
Chegando à porta do refeitório há uma galera batendo as bandejas de lanches na mesa e fazendo insultos, nada que seja novidade, ao garoto que mais cedo passou por mim às pressas. Ele estava sentado na mesa central, com os pés nos bancos, as mãos atrás das costas com o corpo inclinado sobre elas. O cabelo jogado para traz e o olhar de descrença observando cada ser daquele refeitório.
Algumas pessoas olham para mim, mas não dizem nada. Fico parado observando por um tempo, até que o olhar do garoto fixa em mim por vários minutos. Fico encarando de volta, até que me dê vontade de sair dali.
Volto para meu armário e algumas pessoas estão andando ali, falando sobre prisão, sobre alguém chamado Jungkook, sobre mim... Pera, eu de novo?
- Vejam só se não é Park Jimin. - Reviro os olhos ao olhar para a pessoa e ver Samantha e seu par de saltos ridiculamente barulhentos.
- Oh, vejam se não é Samantha, a batuqueira. Tá tentando fazer samba ou pagode com o barulho que essa coisa faz? - Nós dois caímos na gargalhada.
- Bobinho. Já foi no refeitório? Tá a maior zona lá.
Respondo ela balançando a cabeça em sinal positivo.
- Percebi o movimento e fui dar uma olhada, mas não entendi nada e nem era o garoto. - Volto a atenção para os post-its em minhas mãos.
- Eles mudaram de alvo, Park. Provavelmente não vão mais lhe encher o saco com questões da sua família, muito menos com aquela história de plásticas.
Samantha é a única que sabe como são as coisas em minha casa, a única que sabe a verdade sobre mim e a única que não me traiu alguns anos atrás.
- Não queria que as coisas fossem assim, você sabe que odeio os insultos, independente se são direcionados à mim. Não quero que outra pessoa sofra enquanto a gente pensa que foi livração. - Olho para o chão.
- Hey, você não tem culpa de como as pessoas daqui são cruéis. - Sinto as mãos dela repousarem sobre meus ombros. - Eles são ruins e você nunca fez nada de errado, não se deixe levar pelas atrocidades de adolescentes que adoram azucrinar a vida dos outros!
- Eu... Eu só não consigo ver as coisas desta forma. É bem mais complicado que isso...
Suspiro e caminho até a famosa lixeira do corredor, infelizmente tenho lembranças com ela, já que fui jogado dentro da mesma diversas vezes. Ser alvo não é nada bom.
Jogo os post-its na lixeira e caminho de volta para o armário, pego os livros dos quais preciso e dou um sorriso para Samantha, indicando que estarei na sala.
Ao chegar na classe do Sr. Kang, me sento na última carteira do lado da janela e observo o céu do lado de fora e penso em como seria bom estar lá e não aqui. O professor olha para a classe vendo que sou o único que já está presente, como todas as outras vezes. Então o sinal soa estridente pelo corredor e os alunos começam a se distribuir por carteiras, sempre ao lado de amigos onde a fofoca continua mesmo depois das aulas iniciarem.
O professor encara todos e após achar que já pode começar, apenas se vira e começa a escrever no quadro. Sr. Kang já desanimou de se esforçar por uma classe que sequer lhe dá o mínimo de atenção, então ele apenas passa sua matéria de forma explicativa na lousa e ajuda quem realmente quer algo de suas aulas.
Cerca de dez minutos depois o garoto escancara a porta da classe com um sorriso de canto e entra cumprimentando o professor.
- Sr. Kang, estou de volta. - Ele vai até uma das carteiras do fundo e se senta.
Sr. Kang não dá a mínima, apenas levanta e abaixa os ombros no ritmo de sua respiração.
Desvio meu olhar para o garoto e o mesmo já estava me olhando como se tentasse entender ou decifrar algo. Logo penso na quantidade de comentários maldosos na deve ter ouvido sobre mim. Imagino o quanto ele deve saber e o quanto deve me odiar sem ao menos me conhecer.
- Ei, você. Qual seu nome? - Volto a olhar para ele curioso.
- Ainda não sabe?
- Eu deveria? - Ele cerra os olhos com curiosidade.
- Pela quantidade de pessoas que fazem comentários sobre mim... Huuuum... Sim! - Exclamo em dúvida se ele sabe de algo ou não.
Ele sorri e volta a atenção para a carteira, onde começa a escrever em seu caderno a matéria do quadro. Faço o mesmo, mas continuo pensando sobre ele ter perguntado meu nome e sequer ter percebido que não respondi. Quase ao fim do horário dou uma olhada de canto de olho e, momentaneamente, ele parece estar olhando para o caderno. Mas está dormindo.
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