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Esse capítulo pode conter gatilhos.


"O que você fará, quando houver sangue na água ?"

Mudanças. Eu sempre odiei mudanças. A idéia de mudarmos a nossa realidade pra algo totalmente inesperado, me irrita.

Minha mãe sempre dizia: "Não deixe nada tirar o melhor de você. Por pior que a situação seja, tente se adaptar e torne a sua situação menos desagradável."

Sim, dizia. Minha mãe morreu à um ano atrás e agora somos eu, meu pai, minha madrasta e o filho dela. Eu morava em Nova Iorque com minha mãe e meu pai, uma família perfeita na minha opinião. Até que minha mãe se suicidou e depois de um tempo meu pai se casou, isso faz umas 3 semanas. Eu nunca entendi o motivo da minha mãe ter feito isso, ela sempre parecia tão feliz pra mim.

Agora estamos em Los Angeles na Califórnia, CONTRA a minha vontade! Meus pais passaram a lua de mel por aqui, minha mãe adorou tanto que até voltou outras vezes. Era o lugar favorito dela de todo o País.

- Bom dia.- Termino de descer as escadas, chegando na cozinha.
Hoje é o meu primeiro dia de aula no Colégio da Cidade, o nervosismo já está quase me consumindo.

- Bom dia.- Meu pai anda até mim e me dá um beijo na testa. Essa é a forma dele de perguntar se eu dormi bem, uma coisa nossa que normalmente Emma, minha madrasta, sempre tenta repetir.

                               ...

Bato na porta da minha sala amtes de abri-lá e dar de cara com todos me encarando.
O nervosismo que adentrou meu corpo se tornou incontrolável a partir disso.

- Você deve ser a aluna nova. Venha até aqui e se apresente.- Um homem de cabelos grisalhos que suponho ser o professor, vem até mim e fecha a porta.

- Meu nome é Katherine Dominick- Fiz uma pausa pra engolir o nó que havia se prendido na minha garganta desde que abri aquela porta.- Tenho dezesseis anos, morava em Nova Iorque e... Acho que é só isso.

- Pode se sentar em qualquer carteira vazia.- O Professor sorri pra mim e eu caminho até uma mesa atrás de uma garota de cabelos castanhos.

- Eu adoro Nova Iorque.- A garota suspira se virando pra mim, sua mente parece ter voado longe enquanto ela joga a cabeça pro alto e fecha os olhos.- Apesar de nunca ter ido pra lá.

- Sou Alana Bethany.- Ela estica a mão, finalmente dizendo seu nome. Eu aperto de volta, com um pequeno sorriso.

Aquilo realmente me fez esquecer das pessoas ignorantes e grossas de Nova Iorque. No meu primeiro dia de aula, os alunos me julgavam e mantinham olhos de onça em cima de mim até o último segundo. Era como se desconfiassem de cada pessoa que respirasse perto deles, era desconfortante.

- Essa aqui é a Bárbara.- A ruiva pareceu não ouvir e continuou rabiscando algo em seu caderno.-Bárbara!- Arregalo os olhos e olho ao redor da sala com vergonha. Eu gostaria de abrir um buraco e enfiar minha cabeça ali, como um avestruz indomável.

- O que foi ?!- A ruiva tem uma testa enrugada antes de olhar em minha direção e relaxar sua expressão.-Bárbara Coolins.

                                 ...

Pov. Bárbara Coolins

- Aqui.- Alana diz quando chegamos no ginásio. Nós duas trouxemos Katherine pra tentar entrar nas "Angels", líderes de torcida do Colégio. Isso tudo totalmente contra a minha vontade já que eu não suporto a capitã das líderes.

- Olha... Rosto novo por aqui.- A capitã entra em meu campo de visão com seu típico sorriso falso. É claro que não pude deixar de bufar e revirar os olhos com aquela ceninha.

- Essa aqui é a Katherine, ela quer entrar nas Angels.- Alana sorri empurrando Katherine, fazendo a novata ficar cara a cara com a capitã.

Quantas alunas que não a conhecem sonham com isso ? Antigamente eu seria uma delas louca por qualquer proximidade com a coreana de olhos castanhos.

Não era como se ela fosse uma celebridade intocável, mas qualquer um que trocasse pelo menos duas palavras com a garota poderia se gabar por uma semana.

Mas elas nunca a conheceriam de verdade e se conhecessem, até evitariam passar perto daquela cobra venenosa. Era uma pena só eu saber a verdade.

- Eu sou Verônica More, a capitã.- Um sorriso convencido se instalou em seu rosto.

- Bárbara, coloque seu uniforme.- Verônica me olha como Regina George prestes a destruir Cady. Minha testa se enruga quando a olho de cima a baixo confusa, coisa boa não estaria vindo por ali.- Faça o teste com a Katherine.

Soou como se não fosse o fim do mundo, mas é ERA O FIM DO MUNDO!
Meu queixo caiu e meus olhos se arregalaram instantâneamente com suas palavras, ela só podia estar louca e não é exagero. A Verônica More que eu conheço nunca me deixaria voltar para as líderes. Afinal, o ódio era recíproco.

- O que ? Ficou maluca ? Eu nunca faria esse teste.

- Poxa, que pena.- More deu de ombros com seu ar irônico, como se ela fosse realmente aceitar aquilo.- Não sabia que tinha virado uma covarde Coolins, você era mais divertida.- Já ouvi essa frase em algum filme.

Reviro os olhos me segurando pra não bufar novamente diante da pressão a minha frente. Todas ali querem que eu faça este maldito teste. E não é sendo convencida mas é bem provável que seja aceita, já fui uma angel e sei como agradar as líderes.

Claro que Verônica tem uma carta na manga, ela deve pretender infernizar ainda mais meus dias, agora não só na sala de aula e nos corredores, mas também nos treinos enquanto visto aquele top vermelho e aquela calça preta super apertada. E é claro que não vou ceder a pressão.                         

Pov. Alana Bethany

- Eu não acredito que vocês me transforam em uma daquelas nojentas que só sabem esticar as pernas e empinar a bunda nos ensaios das coreografias, até a calça do uniforme rasgar!- Bárbara bufa irritada entrando na sorveteria depois de nós.- Sem ofensa.- Ela força um sorriso pra mim e vamos até o balcão fazer nosso habituais pedidos: o meu tradicional milkshake de chocolate, o de morango totalmente de Bárbara e o sorvete de uva que descobrimos ser o favorito de Katherine.

- Qual o problema com você e a patricinha lá mesmo ?- Katherine a olha curiosa e eu reviro os olhos.
Lá vamos nós pra mais uma história enorme e dramática...

- Tudo começou quando...

- Elas eram melhores amigas mas brigaram e agora se odeiam.- Sorrio animada por ter conseguido adiar aquela conversa toda e bebo um gole do meu milkshake enquanto recebo um olhar irritado de Bárbara junto a uma risada baixa de Katherine.

Blood in the WaterOnde histórias criam vida. Descubra agora