Capítulo 23

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Chegamos em um rio então eu puxo meu braço que o Rafe estava segurando e vou limpar a mancha da minha roupa. Molho minha mão e passo no pano do meu vestido mas não ajuda muito.

— Por que você veio com o JJ e aqueles pogues? achei que você era amiga só da Kie — viro meu rosto para o Rafe quando ele termina de falar. Ele está em pé um pouco distante de mim.

— A Kie é amiga deles, consequentemente eu vou andar com eles também. Algum problema? — pergunto irritada voltando a limpar minha roupa. Eu posso estar estragando o disfarce de "kook" que eu deveria passar mas é que eu odeio esses kooks.

— Algum problema? — Rafe pergunta dando uma risada sem vontade. —
— Você quer ser vista como uma pobre que fica andando por ai fazendo bagunças pela ilha?

— Eu prefiro ser vista como uma pogue— me levanto e enxugo minha mão no meu vestido que está todo acabado mesmo. — Pelo menos eles não tratam as outras pessoas igual lixo apenas pelo fato de que elas não têm tanto dinheiro.

— To começando a achar que você não é quem diz ser — ele diz sério então eu cerro os olhos, meu sangue ferve com a forma como ele trata as pessoas.

—Acha o que quiser, Rafe. — dou de ombros indo em direção a ele. — Não estou nem ai para o que você pensa sobre mim.

—Já entendi, você é igual a Kie.. mora em Figure 8 mas gosta de andar com os pogues pra ser descolada. — passo por ele sem dá nenhuma atenção para ele mas Rafe segura meu braço me fazendo olhar para ele.

— Não é nada disso, eu só.. — olho para a mão dele no meu braço e respiro fundo. — Eu só queria que vocês entendessem que dinheiro não é tudo e começassem a tratar as pessoas com respeito, é o mínimo.

— Sabe que isso é impossível de acontecer, certo? — rolo os olhos quando ele fala o óbvio e tento soltar meu braço mas sem pressa ou raiva já que eu estou mais calma.

— Sei. — Falo como se tivesse concordando mas ficou óbvio que eu apenas disse isso pra ele achar que está certo.

— É sério, Kat — ele chama meu nome me fazendo levantar o rosto e olhar para ele. — Sempre foi assim e sempre vai ser.

— Mas nós temos que ser diferentes dos nossos pais, avós e de todos.. — minha voz sai mais calma, estou decepcionada com esse mecanismo da sociedade.

— É ingênuo da sua parte achar que vai mudar o estilo de vida da ilha. — Rafe fala dando um meio sorriso. Eu sei que ele não falou isso por mal. Sorrio de lado também e acabo notando que estou bem perto dele.

Sinto a mão do Rafe subindo devagar até tocar na alça do meu vestido que está caída, acho que foi na hora que eu estava com raiva. Meu olhar vai até a mão dele e por alguma razão, minha respiração fica pesada.

Rafe apoia a mão no meu pescoço então eu seguro o casaco cinza que ele está usando. Sinto a mão dele na minha nuca, segurando um pouco meu cabelo então abro a boca para falar algo mas apenas fico com a boca entreaberta em silêncio.

Os olhos azuis do Rafe estão olhando fixamente para a minha boca, o que me deixa fraca. Ele aproxima o rosto dele e puxa meu pescoço devagar.

Rafe — Sussurro e ele para de me puxar mas é tarde demais, estamos próximos o suficiente para me fazer sentir a respiração dele na minha boca — O que está fazendo?

— Você sabe, Katrine. — A voz dele sai rouca e em um tom baixo. O que me faz arrepiar. Eu odeio meu nome, mas eu juro que é a primeira vez que é a primeira vez que eu gosto quando alguém fala ele. — E você quer também.

Contramão - Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora