O combate.

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Escuto apavorado os estrondos e explosões, encarando a porta enquanto ouço-os se afastarem. Aquela louca saiu daqui e cinco segundos depois os barulhos começaram! Por que raios ela saiu daqui! Tento levantar e meu braço e peito doem na hora, me obrigando a permanecer sentado. Devo ter machucado eles quando fui atingido... que merda!

Retiro o pano da boca e murmuro um palavrão, sentindo a minha preocupação por Vitória me consumir por dentro. Preciso ir atrás dela! Mas não consigo sequer levantar! Ouço agoniado os ruídos pela escola e olho para o meu braço, deslocado. Preciso ir atrás dela, mas primeiro tenho que dar um jeito nisso!

Encosto nele e solto-o na hora com a dor. Mordo a língua, respirando fundo antes de novamente segurar ele. Preciso colocá-lo no lugar e fazer isso de uma vez, se não a dor vai me derrubar.

Seguro o braço e quase grito pela dor, cerrando os dentes. Isso vai doer mais, com toda certeza vai.

Respiro lentamente, me preparando mentalmente para continuar. Coragem! Preciso fazer isso! Se não vou custar a andar! Respiro fundo e olho para a porta, sentindo o medo de algo acontecer com Vitória me rasgar por dentro. Aquela maluca deve ter ido despistar aquele monstro, que bosta! Aquela coisa vai pegá-la!

Pego o pano e enfio-o na boca, apertando o braço com mais força. Arrepio com a dor e aperto-o ainda mais, mordendo o pano com tanta força que meus dentes encostam um no outro.

Preciso ir atrás dela. Aplico mais força e fecho os olhos, lacrimejando com a dor. Respiro fundo e, de uma vez, puxo o braço. Um estalo percorre o local e ouço meus dentes baterem um no outro, passando do pano enquanto bato as costas na parede.

Movo-o mais uma vez e outro estalo acontece. Não suporto mais a dor e solto ele, respirando ofegante ao chorar de dor. Mordo o polegar e começo a contar, um, dois, três, quatro...

Controlo a respiração e continuo sentindo a dor diminuir ao chegar no vinte. No cinquenta, abro os olhos e consigo me mover, ficando de joelhos. Setenta. Movo o braço e ainda sinto muita dor, mas consigo suportá-la.

Cem. Levanto ao apoiar na parede e aproximo da porta, giro a maçaneta e saio das escadas, indo atrás de Vitória.

***

Dobro no corredor e ouço os seres se enfrentarem do outro lado da escola. O andar treme a cada golpe e sequer consigo pensar em algo, sequer consigo acreditar que isso é real. Eles estão destruindo tudo e ainda por cima não estão cansando! Pelo contrário! Estão ficando cada vez mais rápidos e maiores!

Observando parrudo socar o rosto da aranha e ser quase perfurado por uma das patas, desviando por pouco ao se impulsionar para o lado, vejo ela avançar como se não houvesse sofrido nenhum dano e tenta mordê-lo com a boca em meio as pinças, levando um chute bem na cara e atravessando a parede com o impacto.

Ele salta atrás dela e ambos vão para dentro de uma das salas. Saindo do meu campo de visão, os impactos e som de carne sendo rasgada ecoam pelo local, seguidos do monstruoso ser voltar da sala voando, atingindo o concreto antes de sair rolando. Parando de joelhos, um líquido dourado escorre pela boca dele e, a aranha surge num salto.

Desviando para o lado, as patas passam zunindo pelo seu peito e atravessam as paredes. Os membros são atingidos por um chute e racham na hora. Ela berra e rasga o concreto ao puxá-las, rasgando o peitoral do monstro que, se afastando dela, é atingido por uma investida.

Arrastando os pés pelo concreto, vejo-o gritar enquanto segura-a, trincando os dentes ao contrair ainda mais os músculos. O líquido dourado inunda a carapaça da aranha, incessantemente tentando mordê-lo.

Batendo-o contra a parede, ele grunhe e suas pupilas negras focam, emitindo um brilho negro. Já o seu peito, emite uma luz branca. Os ferimentos dele começam a sumir e seus braços vibram, expelindo ainda mais ondas de calor.

CalamidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora