Capítulo 5

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Damien

— O senhor é o pai dela?

Fiz uma careta, a risadinha de Maddie ao meu lado me fez balançar a cabeça.

— Não, sou um amigo.

O olhar da enfermeira foi sarcástico. Eu quase perdi as estribeiras, Maddie estava com 39° de febre e aquela mulher continuava com o mesmo lenga lenga.

— Ele é um amigo da minha família, sou emancipada, bom? Está aqui o documento. Tenho ficha neste hospital.

Finalmente a mulher se moveu, me olhando como se eu fosse um tarado e Maddie fosse uma doida.

Então minha menina sorriu, seu rosto antes pálido de um tom rosado estava vermelho como fogo, os cabelos grudavam em sua testa e os olhos pareciam desfocados. Maddie estava realmente mal.

— Vamos nos sentar para esperar o médico, vem cá. — A puxei para o meu lado e ela se sentou, encostando a cabeça sobre meu ombro.

Respirei fundo, quase havia tido um ataque do coração ao vê-la deitada naquele sofá tão embolada quanto um coelhinho abatido, estava quente como o inferno, meio desmaiada. Pior ainda foram os minutos em que tive que esperar que José encontrasse a chave reserva do apartamento dela, ainda bem que tinha uma certa autoridade por causa de meu distintivo para exigir que o faz-tudo abrisse a porta dela para mim, caso contrário colocaria a porta embaixo na base da porrada.

Havia me esquecido como era se preocupar com alguém que gostamos. Olhando para ela, para a pequena menina encostada ao meu corpo, me senti um filho da puta desgraçado, era para eu ser um amigo, me colocar a sua disposição como um apoio e uma base para ela se reerguer, ao invés disso, a estava usando como um apoio para mim mesmo.

Mal conseguia ficar em minha própria casa sem querer correr para estar com ela em seu apartamento. Que tipo de relação fodida era essa? Ela era uma menina de dezessete anos e eu um homem de trinta e sete anos, pelo amor de Deus, não era a relação apropriada para um Tenente e Detetive da polícia, se Duck descobrisse o quanto estava envolvido, me colocaria na geladeira por pelo menos um mês.

Ao invés disso, estava tão enlouquecido que sonhava com ela, sonhos nada apropriados, me sentia um verme imundo, acordava no meio da noite chamando por ela e nada tinha a ver com nossa amizade.

Queria ela. Ela inteira.

Sexualmente falando poderia esperar mil anos, mas sentimentalmente falando, me sentia dependente, mal podia deixá-la em seu apartamento e já a queria ao meu lado novamente. Os dias de plantão pareciam não passar, tinha dias que somente trocas de mensagens não bastavam e tudo que eu queria era ter um tempo ao lado dela. Nunca havia me apaixonado, mas estava próximo de procurar um psiquiatra, não era bem esse tipo de relação extremamente dependente que as pessoas do meu trabalho relatavam quando anunciavam que tinham finalmente encontrado "aquela pessoa'.

Não com uma menina, uma menina bem avançada por sinal, que diabos eram aqueles textos safados que ela escrevia? Mal podia me conter, imaginava o corpo dela, o meu corpo, o que poderíamos fazer e como poderia ensiná-la a amar de forma verdadeira e real. Como poderia abrir sua mente criativa e safadinha para o mundo sexual, como poderia guiá-la por caminhos que poderiam matar tanto a mim quanto a ela...

Só de pensar ficava duro.

Mas era só me lembrar de quantos anos tinha e de que ela era só uma menina doce e ingênua que confiava sua vida em minhas mãos, que tudo passava, deixava tudo de lado.

Não poderia e não iria permitir que seguíssemos por esse caminho, ela era doce e inocente, apesar dos textos eróticos, era uma moça honrada e alegre, eu era um puto fodido que não tinha nada a perder na vida, estava longe de ser um bom partido para ela.

Dona do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora