Capítulo 3

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Damien

"Não gosto de comida chinesa, minha comida preferida é a Italiana. Amo pizza e macarrão."

Ainda me sentia meio idiota por estar conversando com uma menina de dezessete anos. Isso mesmo, seu imbecil, dezessete...

"Preciso discordar, amo comida chinesa, mas pra sua sorte amo comida Italiana também". Respondi prontamente.

Não conseguia ignorar suas mensagens, cada novo vibrar do meu celular me dizia que ela havia me respondido, estávamos nisso há horas, como eu estava fazendo o trabalho de escritório, preenchendo papelada e catalogando provas, então aquilo estava estranhamente deixando meu trabalho um pouco mais agradável. Estava comendo um rolinho primavera e precisei rir, passara de um policial durão para um idiota que troca mensagens com uma adolescente.

Ótimo, seria preso por me envolver com uma menor. Enquanto ela digitava algo sobre estar achando a vizinhança calma demais, observei a pasta que estava aberta sobre minha mesa com o nome dela.

Madeleine Grace Richards era filha de Rowena Richards, mas sua mãe, uma viciada em drogas, havia cedido sua guarda para a avó Rose Anne Richards a mais ou menos dez anos. Não havia nome de pai na certidão, o avô materno da garota já era falecido quando ela nasceu e sua mãe parecia ter sido presa alguns anos atrás, mas estava fora da cadeia tinha uns três anos.

Fora isso, sua avó era uma mulher honrada que lecionara por quarenta anos em uma escola estadual para jovens na cidade, havia vendido sua casa em um bairro de classe média alta dez anos atrás e comprara o apartamento no meu prédio somente cinco anos antes.

Mesmo escolhendo um bairro de origem duvidosa, não estava envolvida com nenhuma situação perigosa, não devia um real ao banco e pelo que percebi havia deixado uma poupança bem generosa para a neta, que era emancipada desde os dezesseis.

Eu era mesmo um cretino, não aguentei ficar de papo enquanto não sabia com quem de fato estava lidando e se ela ficaria bem sem a avó. A julgar pelo planejamento da senhora, Maddie não precisaria se preocupar com dinheiro até se formar.

Me sentia melhor em saber que mesmo que a mãe fosse uma maçã podre, a avó era uma pessoa dedicada e que lhe tinha planejado o futuro e garantido que ela viveria bem sem ela.

— O'Donnel, chamada agora, tiroteio na sua área. — Holliday chamou, a voz apática como se falasse do clima lá fora.

Então a voz de Duck invadiu a sala, fiquei de pé em um minuto, todos os detetives de plantão se colocando em prontidão. Minha área significava meu bairro, estava pronto para a ação em menos de um minuto, com a arma no coldre e o distintivo nas mãos, corremos para o carro, com a comoção toda que se instaurou, deveria ser coisa grande.

— O que houve lá? — Perguntei ansioso, já pronto para trabalhar.

— Vários feridos, dois mortos, tiroteio no meio da rua. — Duck respondeu, prendia o colete a prova de balas ao redor do corpo.

Meu coração disparou quando cruzamos a avenida que levava ao meu bairro, lembrei-me do celular em meu bolso e resolvi mandar uma mensagem para Maddie, ela não havia respondido meu último SMS, de repente sentindo-me ansioso demais.

"Tiroteios agora, onde está? Me responda se está tudo bem"

Nós chegamos ao local rapidamente, a polícia já estava lá e as ruas eram um caos, haviam acertado a linha de alta tensão e não havia energia elétrica em quase todo o quarteirão, corri ao lado de meu chefe para analisar a cena de crime, ainda era cedo para a perícia estar lá, mas estava claro que se tratava de um acerto de contas e envolvimento com drogas. Enquanto todo o esquadrão conversava sobre o ocorrido, aproveitava para checar as mensagens, nada de Maddie.

Dona do Meu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora