A Vida e a Morte

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Em certo momento da caminhada, após subirem uma colina, Layna parou e se sentou sobre a grama.

-Vai sentar mesmo na grama molhada? - questionou Louis.

Ao se dar conta do olhar de Louis, ela riu de modo contido e ergueu uma sobrancelha.

-Uma princesa não deve se sentar na grama, não é mesmo? - disse ela erguendo uma sobrancelha.

- Não é algo comum de se ver. - disse ele se sentando ao lado dela.

-Apesar de seus julgamentos serem bem irritantes... - disse ela rindo - você tem razão. Uma princesa nunca deve se sentar diretamente na grama. Nunca deve andar sozinha. E muitos menos sair em plena madrugada.

-Você não gosta muito de seguir as regras, não é?

-Segui regras a minha vida toda, sem poder cometer um unico erro. - informou ela olhando para o céu - Estar aqui, de certo modo me proporciona um certo alívio.

-Alivio?

-Você não me respondeu antes, Louis. Como você acha que é a vida de uma Princesa?

-Você também não respondeu às minhas perguntas. - disse ela. Layna olhou para ele de soslaio, o fazendo respirar fundo - Tudo bem. Bom... Eu acho que uma princesa está sempre sendo mimada, agradada. Tem centenas de pessoas que fazem as suas vontades sem nunca dizer não. Vai a grandes festas e jantares. Nunca precisa aturar as pessoas que te desagradam. Pode falar o que quiser sem que as pessoas te julguem ou te confrontem. Está sempre rodeada de pessoas te bajulando. Coisas assim.

Layna sorriu e abaixou a cabeça, fitando a descida da colina.

-Já ouviu a história da Vida e da Morte? - questionou ela.

-Acredito que não. - respondeu ele.

- Em um certo dia, a Morte perguntou para a Vida "Por que as pessoas te amam, e me odeiam?". A Vida, com seu sorriso divertido, respondeu "Porque você é uma triste verdade e eu sou uma feliz mentira".

Louis se pôs a pensar, confuso, e sem entender aonde ela queria chegar com aquela história.

-A vida da realeza é exatamente como essa história. - declarou ela - As pessoas preferem a bela mentira, de que a realeza vive cercada de prazeres, sem preocupações, sempre felizes e com tudo que for preciso para agrada-los.

-Se essa é a mentira...qual é a verdade?

-Junto com o título real, vem o peso da responsabilidade de carregar os problemas de toda uma nação. Vem o peso da perfeição. Somos obrigadas a sermos perfeitas. Não podemos rir alto. Não podemos demonstrar nossas emoções. Não podemos chorar diante de ninguém em nenhum momento. A lista das coisas ao qual podermos fazer, é menor do que a somos proibidas. E para que tenhamos consciência do que podemos ou não fazer, somos ensinadas desde o despertar de nossa consciência.

-Quando você estava falando sobre sua mãe e sua irmã...achei estranho você não demonstrar nenhum emoção. Então foi por isso?

-No enterro delas, não derramei uma unica lagrima. - ela sorriu com tristeza - Não demonstrei uma unica emoção de tristeza.

-E seu pai, o Rei? - questionou - Isso também se aplica a ele?

- Não exatamente. Esse tipo de coisa não é exigido dos reis e dos principes, pois eles não são vistos como um simbolo de graça e controle. Eles podem se expressar, se enfurecer, e até mesmo gritar. Mas nós, princesa e rainhas, não podemos se quer entrar em um conflito.

-Isso é injusto.

-É a minha vida. - sussurrou ela abraçando seu corpo.

-Sinto muito. - disse ele, fazendo os olhos dela recairem sobre ele - Te julguei desde o inicio. Sinto muito.

Meu Guardião Minha Paixão/ A História Se RepeteOnde histórias criam vida. Descubra agora