Sangue Nas Mãos

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-Filho? - questionou Caleb confuso - A Princesa não tem idade para ter um filho de nove anos.

- Ele não é filho de sangue. - esclareceu Miles. Após engolir todo o líquido do copo, ele voltou a encher o mesmo - Sua vez de jogar, lindo.

Caleb se aproximou da mesa e após analisar a jogada, acertou a bola e fez um ponto.

- Pensei que fosse me esclarecer as coisas, e não me deixar mais confuso. - disse Caleb então se preparava para outra jogada.

-Lay sempre gostou de sair nas madrugadas. Muitas vezes apenas para poder caminhar fora dos arredores do Palácio. Um dia, lá pelas três da madrugada quando ela voltava para o Palácio, ela ouviu um gemido de dor. Como a garota curiosa que ela é, foi ver o que era.

-Até agora você me disse duas coisas ao qual são extremamente perigosas para uma Princesa. Sair na madrugada sozinha, e ir atrás de um som estranho sozinha.

-Essa é a Layna. - ele riu é voltou a beber boa parte do líquido de seu copo - Bem...quando ela chegou ao local de onde o som vinha, ela viu um garotinho, deitado no chão, coberto por um saco de lixo. Tentando ajudar ela se aproximou e perguntou se ele estava bem. Quando tirou o saco de cima dele, viu que ele estava sangrando. Ela me ligou desesperada me pedindo ajuda. Levamos ele para o meu consultório. Examinei ele, e acabei descobrindo que ele não tinha hematomas só do lado de fora, mas também internos. Tive que levar ele para o hospital e operar ele lá. Depois da operação, Lay conseguiu me convencer a levar ele para o Palácio, e esconder ele.

-Você é muito fácil de se convencer. - disse enquanto analisava Miles dar sua tacada.

-Faço qualquer coisa para ver aqueles com quem me importo felizes. - disse ele com um sorriso e terminou o que estava no copo, o enchendo de novo - Levamos ele para o Palácio e cuidamos dele lá. Com o tempo, Lay foi se apagando cada vez a ele. Seu apego ao menino chegou ao nível máximo, quando ele chamou ela de "mãe" sem querer. Ela queria ficar com ele e cuidar dele, como seu próprio filho. Mas sabia que não podia. Se os ministros descobrissem que Layna havia adotado uma criança, sem nem mesmo estar casada, eles iriam fazer de tudo para casar ela com quem eles quisessem, e ainda por cima, fariam ela renunciar o trono, o entregando ao seu marido, apenas por ser uma mulher, e a ainda por cima, ter a obrigação de cuidar de uma criança. Muito provavelmente, eles também iriam fazer com que em algum momento, ela abandonasse o menino. Afinal...nenhum deles aceitaria um príncipe sem sangue real.

"Então tomamos a decisão de deixá-lo em um orfanato. Lay sempre ia visitar ele em sigilo, com a ajuda de uma amiga que tenho no orfanato. Ela passou esses quatro anos sempre o visitando no orfanato, cuidando dele de longe, como se fosse seu próprio filho. Mas...depois que ela foi embora, o orfanato foi fechado por falta de verbas. Com o fechamento do orfanato, as crianças foram colocadas na rua, e o Dominic..."

-Desapareceu nas ruas da cidade. - concluiu Caleb dando sua tacada - Por isso que ela quer que eu o ache.

-É por isso que ela está tão agitada ultimamente, e creio que seja por isso também, que a saúde dela esteja tão fraca.

-Agora tenho um motivo ainda maior para achar esse garoto.

- Que fofo, você se preocupa. - disse Caleb se inclinando sobre a mesa - Desse jeito...vou pensar que seu coração não é tão duro quanto parece.

Ele olhou por cima de seu ombro, para o moreno que o observava logo atrás de si. Caleb analisou a cena e se segurou para não sorrir, mas não conseguiu e acabou virando a cabeça com um leve sorriso nos lábios.

-Vejam só...ele sabe sorrir. - disse Miles se encostando na mesa de sinuca - Deveria fazer isso mais vezes. Te deixa mais jovem. Aliás...quantos anos você tem?

Meu Guardião Minha Paixão/ A História Se RepeteOnde histórias criam vida. Descubra agora