Capítulo 09

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Gizelly estava sonhando com várias pessoas tocando berrante, quando foi acordada por Gabi que sacodia o corpo dela.

— Acorda, Gi! —  chamou a amiga.

— O QUE É DESGRAÇA!? — Ela puxou a coberta, escondendo o rosto.

— Faz meia hora que te chamo! Todo mundo já desceu pra praia.

— Todo mundo? — Gizelly afastou o cobertor. Todo mundo quem? — Com os olhos estreitos devido a claridade ela vasculhou o quarto a procura de algum vestigio ou indicio de que Rafa esteve alí, mas não havia nada além da lembrança de tudo o que fizera.

— Todo mundo! A Bia inclusive, com a Rafa, ainda por cima.

— QUÊ? — Gizelly levantou da cama rapidamente. — Elas foram juntas? Tipo, juntas, juntas?

— Eu vi elas duas conversando enquanto saíam.

Gizelly fechou a mão em punho, não acreditando que Rafa teve coragem de já ir arrastar asa para o lado de Bianca.

— Calma amiga, elas já estavam mesmo juntas na festa ontem. Acho melhor você focar em outra porque acredito que com a Bia, depois da Rafa, não tem mais chance.

— O que você quer dizer com isso, Gabi? Que a Rafa é melhor que eu? — Gizelly já estava furiosa em dobro e a amiga apenas se encolheu avisando que ia esperar lá fora.

Gizelly, toda trabalhada no mau humor, seguiu para a praia com Gabi, as duas foram direto para as barracas onde tomaram água de côco.

A praia não estava muito cheia, mas não viam sinal de muita gente conhecida.

Com o óculos de sol no rosto, ela vasculhava o lugar com os olhos procurando sinal da roçeira e quando terminou a água, ficou logo de pé arrastando a amiga para caminhar um pouco.

— Vamos Gabi, vê se você avista elas em algum lugar — dizia olhando para os lados igual um predador em busca da presa, quando de repente avistou Rafa deitada de bruços em uma cadeira em baixo de um guarda sol enquanto Bianca passava protetor nela.

As mãos da médica desciam pelas costas da outras fazendo o caminho em direção a bunda. Aquela mesma bunda que Gizelly não teve a chance de encher a mão na noite anterior e nem mesmo dar uma mordidinha.

Quando as mãos de Bia já se aproximavam daquela região Gizelly andou mais rápido se aproximando igual  a um touro bravo. No caminho surgiu Gustavo segurando uma bebida e ela apenas bateu o braço no copo dele fazendo o líquido jorrar na cara do rapaz que sentiu os olhos arder, mas ela estava focada demais nas mãos atrevidas de Bianca, para se preocupar com quem atravessava seu caminho.

— Stop!— disse ela chamando a atenção das duas.

Rafa, que até então tinha o rosto virado na direção oposta, virou para encarar ela e sorriu de orelha a orelha.

— Bom dia moça...

— Nem venha com esse seu papinho, roçeira! — Gizelly tomou o protetor solar da mão de Bianca. — Também preciso disso. Pode passar em mim?

Bianca ficou sem fala enquanto Gizelly arqueava as sobrancelhas. De algum modo a médica achou interessante a abordagem da outra que sempre se manteve distante e observando ela, mas naquele momento estava intimidando com o olhar. Bianca gostava de mulher com atitude, então confirmou que passaria o protetor.

Gizelly foi para a cadeira ao lado onde deitou de bruços, com o rosto virado para Rafa que rapidamente levantou e puxou ela pelo braço.

— Vamos ter uma conversinha antes! — disse Rafa logo arrastando Gizelly para longe.

— Me larga! Você não tem vergonha? — gritou, mas logo baixou o tom de voz. -— Uma noite está comigo e na outra está com a Bia esfregando seu corpo?

Rafa parou, soltando o braço dela e virou para encara-la. Gizelly até mesmo deu dois passos atrás diante da expressão da outra.

— Estava esperando que eu ficasse igual um cachorrinho correndo atrás de você?

— Eu? — Gizelly riu cruzando os braços. — Não faço questão.

— Então me deixe no meu canto porque até onde sei, sou SOLTEIRA e posso permitir que qualquer pessoa passe protetor solar em meu corpo. — Rafa virou para sair, mas Gizelly arregalou os olhos, logo barrando a passagem dela.

— Para onde vai? Vai voltar para a Bianca? — Rafa apenas empurrou ela para o lado e saiu caminhando de volta.

— Gi, você tem que parar com essa crise de ciúmes. Tá dando na cara — falou Gabi se aproximando.

— O quê????

— Se não tem coragem de chegar na Bia, deveria ao menos se controlar.

—  Ah, é isso. — Ela sorriu aliviada pela amiga não ter ouvido nada da conversa com Rafa. — Vou para a casa, estou sem ánimo pra praia.

— Você veio até aqui para ficar trancada em um quarto, amiga?

— Dor de cabelo — falou Gizelly já se afastando, nem se dando conta do que disse.

***

Já era quase noite quando Gizelly estava assaltando a geladeira novamente e Bianca entrou na cozinha. Elas se olharam e logo os olhos de Bianca foram para a caixinha de suco que Gizelly tinha em mãos.

— Essa é minha — disse a médica.

— Nossa, desculpa. — Gizelly se apressou em colocar de volta da geladeira.

— Não, tudo bem, pode beber. — Bianca deu um sorriso amigável, como nunca antes. — Eu e minhas amigas vamos a uma festinha particular hoje. Tá afim de ir também?

— Eu? — Gizelly foi pega completamente de surpresa, afinal nunca Bia sequer olhou para ela. — A Rafa vai também?

— Não, ela não está se sentindo muito bem.

— Ah! — Gizelly ficou pensativa. — Bem, eu vou pensar, qualquer coisa a gente se encontra mais tarde.

Ela subiu enquanto se recriminava, pois em qualquer outra ocasião estaria em êxtase e procurando o que vestir, mas quando chegou no corredor a primeira coisa que fez foi perguntar a algumas garotas que desciam, qual era o quarto da roçeira.

Gizelly deu duas batidas e não obteve resposta, então foi logo entrando.

Rafa saía do banheiro enrolada em uma toalha e tomou um baita susto ao se deparar com a outra.

— O que fez com a educação que sua mãe te deu?

— Você parece bem. — Gizelly analisou a outra de cima a baixo.

— Ué, eu tô bem.

— Por que disse pra Bia que não estava?

— Porque eu não queria sair, ué. Agora vai ficar me policiando? Me peça ao menos em namoro antes.

Gizelly deu uma falsa e sonora gargalhada.

— Você tem vontade, não é roçeira?

— Será que sou eu mesmo? Quem é que tá agora no meu quarto, preocupada com a minha saúde?

Gizelly revirou os olhos pensando em sair, mas não o fez.

— Se você... Tá bem, porque não vamos dar uma volta na praia mais tarde? — falou como quem não quer nada e Rafa logo estreitou os olhos, analisando ela.

— O que você tá aprontando, vaca braba?

— Você vai ver a brabice na sua cara se me chamar assim de novo!

— Lá pras oito a gente se contra na piscina, agora da licença porque eu preciso me trocar. A menos que você queira ficar para assistir.

—  Não faço questão, mas se você quiser...

Rafa deu uma risada.

— Ah não faz? — Ela deu dois passos na direção de Gizelly que rapidamente correu para a porta e saiu feito um furacão.

Rainha do GadoOnde histórias criam vida. Descubra agora