O dia do concurso de berrante chegou, Gizelly estava animada, pediu até o carro do pai emprestado, o homem estranhou já que por ser um modelo antigo ela nunca queria ser vista andando no veículo.
Ela tinha combinado de encontrar Rafa na portaria.
Tinha planos de ir disfarçada, por isso vestiu uma camisa xadrez por cima de uma preta, uma calça, botas, colocou um óculos no rosto e saiu jogando a chave do carro para o alto.
Ela não via como Rafa não ganhar aquele concurso, afinal a mulher tocava demais, não devia ter segredo tocar aquele negócio.
Quando entrou no carro o motor fez um barulho tão alto que quase saiu do veículo e desistiu de ir nele, mesmo assim o caminho até o local do evento era bem longo então só restava sair naquele trambolho mesmo. Se surpreendeu ao avistar Rafa na portaria usando um vestido branco e botas, os cabelos ainda secavam, ela tinha um sorriso matreiro no rosto e o berrante em mãos.
— Bom dia, moça bonita — disse se inclinando na janela do carro e Gizelly revirou os olhos.
— Você fez mesmo a inscrição pela internet, né? — perguntou assim que Rafa entrou no banco do carona.
As duas seguiram em direção a fazenda. Era manhã, ambas tinham sono, tanto que bocejavam. Ficaram em silêncio e tudo o que ouviam era o barulho do motor.
Rafa se perguntava se o carro aguentaria a viagem, mesmo assim não disse nada.
Chegaram na fazenda quase meio dia. Era um lugar grande onde ocorria uma feira. Tinham animais, frutas e artesanatos em barracas.
— No site dizia que só começa no fim da tarde — explicou Rafa enquanto as duas passavam por entre as barracas.
— E você me diz isso agora? Ainda são onze e meia!
— Você não perguntou — deu de ombros e Gizelly bufou andando mais rápido.
Rafa ficou observando o corpo dela naquela roupa.
"Bonita como o inferno", pensou ela e logo alcançou a outra.
Elas pararam em uma barraca que chamou a atenção de Gizelly. Havia bijuteria feita a mão. Ela pegou um brinco e colocou na orelha, logo depois olhou para Rafa.
— Isso parece caro? — perguntou.
— É caro. A mulher deu duro pra fazer — explicou Rafa e Gizelly bufou retirando a bijuteria da orelha. — Olha alí, tem um bar, vamos tomar uns goles?
Rafa apontou para um bar improvisado com mesinhas embaixo de uma tenda.
— Beber ao meio dia? — perguntou Gizelly torcendo o nariz.
— Não tem hora pra beber cachaça — disse Rafa logo saindo com seu berrante que colocou encima da mesa assim que sentou.
Gizelly sentou mesmo a contra gosto e a roçeira foi logo pedindo uma garrafa de cachaça. A outra arregalou os olhos não crendo que ela tomaria aquilo, mesmo assim apenas virou o rosto enquanto observava o vai e vem de pessoas.
O lugar estava cheio e parecia não parar de chegar gente.
O homem colocou a bebida encima da mesa junto a dois copos, limão e um prato de torresmo. Gizelly quase golfou ao ver aquilo enquanto Rafa sorria animada apegando logo um e levando a boca. Ela mastigava toda animada enquanto enchia o próprio copo.
— Vai querer? — perguntou antes de encher o outro copo, mas Gizelly negou virando o rosto novamente.
"Essa mulher, o que tem de linda tem de enjoada", pensou Rafa dando o primeiro gole na bebida.
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Rainha do Gado
FanfictionRafa não esquecendo as raízes adora tocar seu berrante todas as manhãs para começar bem o dia, mas isso infelizmente atrapalha o sono matinal da rainha do condomínio, a estressada, gostosa e mimada Gizelly Bicalho.