E mais uma noite Gizelly rolava na cama de um lado para outro sem conseguir dormir.
"Desde que me aproximei da roçeira não tenho uma noite de sono tranquilo", pensava ela jogando o lençol para longe, logo levantando da cama.
Seguiu pelo corredor com bastante cuidado e devagar abriu a porta do quarto de Rafa.Colocando a cabeça para dentro mal dava para ver a cama de tão escuro estava, então ela entrou devagarinho e foi na ponta dos pés até a cama onde apalpou o colchão confirmando que Rafa estava mais pra lá, mas logo a roçeira segurou o braço dela que quase deu um grito de susto.
— O que está fazendo? — perguntou Rafa.
— Não consigo dormir — cochichou.
— E minha cama por acaso tem sonífero?
— Não consigo dormir por sua culpa, então assuma a responsabilidade — falou puxando o braço, logo levantando o lençol e deitando ao lado da outra que afastou-se um pouco mais para dar espaço.
— Minha culpa? — Rafa esticou o braço e ligou o abajur que estava ao lado, logo sentando na cama. — Não tenho costume de dormir com ninguém na minha cama. E se você me der um coice durante o sono? — Gizelly cutucou a barriga dela com força. — Ai! Tá louca?
— Não sou vaca pra dar coice! — Ela alterou um pouco a voz, mas logo baixou o tom novamente. — Sim, sua culpa! Você e seu berrante durante a manhã, você se intrometendo nas minhas coisas sempre e ocupando meus pensamentos.
— Que desculpa esfarrapada!
— Vamos roçeira, não quero dormir sozinha naquele quarto. — Fez um voz manhosa encarando a outra com os longos cabelos desgrenhados, observou também que usava um camisola branca. — Maldita linda — resmungou virando de costas. — Vou ficar quietinha.
Rafa analisou ela de costas e após um suspiro, apagou o abajur e deitou.
***Gizelly acordou com o susto ao ouvir o som de dois berrantes. Ela sentou na cama rapidamente, levando a mão ao peito, os olhos quase não suportando a claridade que vinha da janela. O barulho persistia e ela levantou da cama para ver de onde vinha o som. Mal se aproximou da janela avistou Rafa e o pai a uma certa distância, com seus berrantes na mão.
Se não fosse o homem ela gritaria um desaforo, afinal ainda parecia bem cedo.
— Bom dia, moça bonital — gritou Rafa acenando.
— Bom dia, moça! — disse o homem. — Bora tomar café!
Gizelly ainda tinha a cara amassada e o mal humor consumia cada parte de seu ser, então apenas respirou fundo e saiu da janela.
Parecia que os dois tinham combinado de acorda-la daquela forma que tanto irritava.
A mesa de café estava farta. Gizelly comia na força do ódio porque não tinha costume de estar acordada tão cedo.
— Daqui a pouco o povo chega pra começar os preparativos do almoço — disse Genilda. — Manu tá ansiosa com o casamento amanhã, por isso se
ofereceu pra ajudar.— Quem diria que sua prima ia casar antes, hein Rafinha? — disse o pai.
— Ela quem sonhava com essas coisas desde pequena, pai.
— A Rafa é mais dos estudos e trabalho — completou a mãe, antes de levantar. — Mas mesmo assim reserve um tempo para pensar em familia, viu? Quero netos. — A mulher riu antes de seguir para a cozinha.
Os olhos de Gizelly encontraram os de Rafa que movia a cabeça em negação, estalando a língua.
— Tá pronta? — perguntou e Gizelly arqueou as sobrancelhas. — Pra ajudar na cozinha — explicou.
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Rainha do Gado
Fiksi PenggemarRafa não esquecendo as raízes adora tocar seu berrante todas as manhãs para começar bem o dia, mas isso infelizmente atrapalha o sono matinal da rainha do condomínio, a estressada, gostosa e mimada Gizelly Bicalho.