— MÃE! — gritou Gizelly sentando na cama com os cabelos desgrenhados.— Ô MÃE! — repetiu e logo a mulher surgiu na porta do quarto.
— Que gritaria é essa, Gizelly?
— Gritaria? Aquela roçeira tá tocando berrante de novo na hora do meu sono de beleza!
— Filha já são dez da manhã.
— Não me interessa! Como síndica a senhora tem que fazer alguma coisa a respeito.
— Ninguém no prédio reclama, ela toca já bem tarde. O pessoal até gosta e acha engraçado. — A mulher ri.
Gizelly sopra um fio de cabelo que cai em seu rosto e joga a coberta para o lado antes de levantar da cama.
— Eu vou lá e vou enfiar esse berrante no...
— Gizelly! — repreende a mãe.— E o que é isso na sua cabeça? Um ninho?
Só então Gizelly olha em direção ao espelho onde vê o próprio reflexo. O penteado da noite anterior está de fato idêntico a um ninho de passarinho. A maquiagem borrada e a roupa toda amassada.
Definitivamente não tinha como colocar um pé para fora do apartamento naquele estado.
— Dessa vez ela escapa, mas na próxima...
— Não vai procurar brigas! — A mãe bate com o pano de prato nas pernas dela que dá um pulo para trás tentando esquivar. — Eu já te salvei de muita coisa Gizelly, desse jeito fico até envergonhada na frente do pessoal do condomínio.
A mulher sai e ela pensa em voltar a deitar, mas no mesmo momento Rafa toca o berrante novamente e bufando Gizelly segue para o banheiro, decidida a bater na porta da outra a quem chamava de roçeira.
Gizelly não era rica, mas tinha espírito de riqueza. Ela se achava demais por ser desejada por quase todos os rapazes do condomínio e pela única lésbica que sabia ter por alí. Além de ser filha da síndica, algo que sempre usou a seu favor.
Na faculdade ela costumava andar com as pessoas mais endinheiradas e se exibia gastando o que não tinha, para dar uma de patricinha, mas bastou acabar o curso e teve que ir trabalhar no pet shop do pai por não conseguir emprego em seu ramo.
Quase meio dia Gizelly bateu na porta de Rafa que precisou largar a louça na pia para atender.
Gizelly estava muito bem vestida, como se fosse a uma festa, apenas porque se achava poderosa sempre que botava um vestido e naquele momento queria intimidar a outra.
Apoiou o braço no batente da porta e analisou Rafa dos pés a cabeça. Ela usava um short jeans e uma camisa de botões por cima, os pés estavam descalços e os longos cabelos castanhos soltos, caindo em cascata.
Rafa, simpática como é, sorriu assim que se deparou com a filha da síndica. Ela sempre achou Gizelly muito bonita e naquele momento em que suas curvas estavam bem acentuadas no vestido, quase babou mais do que babava no berrante quando estava aprendendo a tocar.
— Bom dia moça — disse ela com um sotaque que Gizelly achava irritante, junto a um sorriso no rosto.
— Bom dia pra quem?— respondeu Gizelly. — Como pode ser um bom dia quando acordo com o barulho irritante do seu berrante?
— Ixi, dona Márcia falou que não tinha problema. — Rafa coçou a nuca, meio sem jeito. E não pôde deixar de observar a outra trocando o peso de uma perna para a outra, o movimentos dos quadris era hipnotizante.
"Que bela potranca" pensou.
— Dona Márcia não sabe nada sobre a sensibilidade e importância do meu sono. — Ela jogou os cabelos para trás notando o sorriso da outra, percebendo que seus olhos estavam muito fixos em seu corpo. — Qual é a graça?
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Rainha do Gado
FanfictionRafa não esquecendo as raízes adora tocar seu berrante todas as manhãs para começar bem o dia, mas isso infelizmente atrapalha o sono matinal da rainha do condomínio, a estressada, gostosa e mimada Gizelly Bicalho.