Capítulo 7- Linha de frente

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Embora estivesse certa que já havia visualizado todos os arquivos enviados pelo delegado, Vanessa precisava conferir a veracidade das informações que havia acabado de receber. Se o lenhador realmente estivesse certo estaria de mãos atadas.

Tendo uma bagunça em sua mente, Vanessa achou que o melhor a se fazer no momento era tomar uma bela xícara de chá e se concentrar em seu trabalho.

Abrindo a porta de entrada, a mulher se deparou com uma cena difícil de se interpretar. Khalan estava deitado com a cabeça no colo de Willow, a mesma estava debruçada sobre seu corpo enquanto usava uma pinça para fazer a sobrancelha do tailandês.

O que não fazia sentido na hora era o fato de ambos usarem máscaras verdes no rosto enquanto conversavam. Vanessa forçou uma tosse para ganhar um pouco de atenção, e encarou os dois que estavam distraídos.

— Aaron disse pra gente se sentir em casa!— A australiana foi a primeira a falar, levantando os ombros como se aquilo justificasse a procrastinação em meio a uma investigação.

— E eu nem sabia que existia máscaras faciais compactas...— Khalan comentou, ainda com os olhos fechados para não atrapalhar o processo da piloto em deixar o desenho da sobrancelha perfeito.

— Aquele caipira duas caras... – Vanessa expressou sua indignação pela mudança de tratamento que lenhador adotava quando lidava com seus amigos. Ele era dono de um cárter bastante questionável.

Em uma breve mudança de planos a detetive desviou o caminho se acomodando na poltrona desocupada. Seu corpo estava começando a revelar os sinais do cansaço resultado das duas últimas noites em claro.

— E pensar que eu estava preocupada com a adaptação de vocês dois, já devia saber. – Vanessa comentou em tom de riso enquanto analisava a situação. – No final sou a única tendo problemas.

Por alguns instantes, a detetive fechou os olhos e quando voltou a abri-los foi recepcionada por um sorriso compreensivo vindo da piloto. Era bastante sutil a maneira como a relação entre as duas funcionava.

— Sabe que você precisa ser mais aberta com as pessoas. Não é fácil lidar com quem nem mesmo fala com a gente.— Willow comentou, vendo que Khalan estava tão distraído em seu colo que fechou os olhos.— Deveria dar uma chance para o caipira, ele parece prestativo.

Vanessa encarou sua amiga com um olhar incrédulo, coisa que a australiana já esperava. Em resposta, Willow apenas riu baixo.

— Eu apenas não quero que você fique daquela forma novamente. Se prendendo a um caso impossível, e depois se martirizando por não conseguir; você também é humana, deveria pensar em si.— Terminando sua frase, a mulher de olhos claros fazia carinho nos fios de cabelo do químico.

Foi impossível esconder a mudança de expressões no rosto da detetive quando a maior falha de sua carreira foi citada. Vanessa reconhecia suas habilidades como extraordinárias antes da queda, mas algo mudou com o acidente.

Havia uma necessidade incontrolável dentro de si em provar ser autossuficiente para as pessoas ao seu redor e isso significava que para seguir em frente ela precisava consertar os erros que cometeu no passado.

— Não vou envolver minha vida pessoal com a profissional. – Vanessa declarou, observando logo em seguida a confusão vinda da piloto. – Fiz um acordo com o caipira, ele vai me auxiliar com a investigação, ou seja, apenas mais trabalho.

— Ele me parece o tipo de pessoa que está disposto a ajudar, mas...— Com os olhos vidrados na lareira apagada, Willow pareceu se lembrar de algo, porém, balançou a cabeça logo em seguida.— Ele é um morador daqui, provavelmente sabe bem mais que a gente.

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