Capítulo 14 - Escudo humano

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Durante toda a madrugada, a equipe médica local evitou responder as perguntas à respeito do estado da detetive, mesmo com a insistência do grupo que a acompanhava.

Faziam horas a fio que eles estavam na sala de espera. Khalan estava sentado em uma das cadeiras com a cabeça baixa e os dedos entrelaçados, rezar havia sido o único diálogo capaz de ajudá-lo a se manter calmo diante da situação.

Por outro lado, Aaron não parava de andar de um lado para o outro, fazendo curtas pausas apenas observando o corredor. Embora estivesse inquieto, ele havia optado por manter a calma e esperar por uma notícia.

Willow era a única que ainda não havia desistido de questionar a arrogante enfermeira sentada atrás do balcão de informações. Enquanto batia as unhas de maneira ritmada contra o mármore da bancada, a australiana observou um homem bem vestido se aproximar.

— Posso ajudar?— A piloto perguntou, vendo que ele havia parado à sua frente.

— Quero notícias da detetive Pinheiro.— Ajeitando o terno com um olhar feio, o homem encarou os outros que estavam ali no recinto. Sem questionar absolutamente nada, a enfermeira passou a prancheta com todas as informações para ele, mantendo seu olhar baixo.

— Ah, pra ele você conta, mas pra melhor amiga da vítima você faz a sonsa!— Willow esbravejou, fazendo Aaron finalmente se aproximar para segurar no ombro da piloto.

— Mantenha a calma, é melhor não bater de frente. Ele é o prefeito.— O lenhador sussurrou, tentando manter o máximo de discrição, mas foi inevitável receber olhares do homem.— Ela está na emergência.

— E você está fazendo o que aqui?— O prefeito rebateu de imediato.— Não deveria estar com o rabo entre as pernas escondido na sua espelunca?

Aaron engoliu seco, e sem pensar duas vezes, se afastou de todos ali, andando pelo corredor que dava para a saída.

Khalan se levantou em seguida, confuso com toda a situação. Havia um homem branco de terno o seguindo com os olhos, nada bom poderia sair daquilo.

— Perdemos nossa carona? — Ele perguntou em tom de piada, mas não riu. Era apenas um mecanismo de defesa que usava quando estava estressado.

Encarando os estrangeiros diretamente, o prefeito os julgou em silêncio. Se não fosse pelo seu cargo ele poderia facilmente passar por apenas mais um senhor rabugento que odeia turistas.

— Irei arcar com as despesas hospitalares da detive Pinheiro, em troca peço o silêncio de todos pelo incidente infeliz. — Ele impôs as condições, como a palavra final.

— Qual o problema de vocês? Uma oficial acabou de ser baleada e vocês se preocupam com o que a cidade vai pensar?— Willow aumentou levemente o tom de voz, mas Khalan se apressou a ficar entre a piloto e o prefeito.

— Se o senhor gentil quer arcar com as despesas, não vamos atrapalhar o trabalho dele e da Vanessa. Melhor pensarmos primeiro na nossa amiga.— A voz calma do químico fez o homem de terno concordar com a cabeça, como se entendesse o ponto dele.— Mas além disso, queríamos ao menos saber da situação da Vanessa. Ninguém nos dá notícias desde que chegamos. Estamos preocupados.

O homem colocou a mão no ombro do tailandês, apertando com certa força.

— Faremos de tudo para cuidar da detetive, não precisa se preocupar com isso, garoto.— O senhor ajeitou seu paletó, andando em direção a saída. Mas no meio do caminho ele deu meia volta, encarando o casal.— Por acaso não viram nenhuma garota ruiva vestindo um vestido branco no meio daquela festa?

Ambos negaram com a cabeça, e tendo sua resposta, o prefeito seguiu seu caminho até a saída.

— Ele não te lembra alguém? — Khalan perguntou cerrando os olhos na tentativa de continuar analisando o senhor, mas o perdeu de vista quando ele dobrou o corredor. — Não me é estranho...

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