Vale do Fim

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Eu sei que não foi
Mas sei que foi.
Sei que acidentes acontecem
E que é passado mas
Ainda dói.

Dói tanto quanto doeu aquele día
Quando te vi e foi a última vez
Não importou o que veio depois.
Não posso negar que teve momentos
Que esqueci de te visitar.

Chorei até meu olho embaçar.
Deixei sangrar até estancar
Cortei até perfurar
Escondi até estourar.

Me afundei em mim mesmo, mas de um jeito nada saudável
Formei uma outra realidade, mas com os demônios ao meu lado
Busquei a luz, não encontrei, a julguei inalcançável
Ganhei reconhecimento que alguns invejam, mas todo errado
Procurei salvação na própria perdição, péssimo resultado

Me perdi dentro do buraco no meu peito, me afogando em lágrimas
O sangue escorre, a pressão aumenta, a vida se esvai
Depois de tanta destruição, só restam lástimas
Se eu morrer aqui, certeza, vão sorrir
Não fui nada de bom
Perdi quem mais amava, não salvei quem precisava
Arrependimento não tarda, mas não alivia a barra
Eu sei, eu sei, eu sei...
Da última vez que voltei naquela rua
Juro, eu te vi sorrir, acenou pra mim
Agora o que restou? Amor e culpa
Mas me destruí, não tem volta é o fim

Só sei que é tarde pra querer voltar atrás
Não mereço o seu perdão
Já aceitei, por isso solto a sua mão
E de vez me jogo do Vale do Fim.



Poemas De Um SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora