Capítulo 14

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Babi

Coloco minhas mãos nos bolsos traseiros da calça e me arrasto na direção do vestiário .

Vou esperar 5 minutos, se ele não aparecer vou embora

Quem vai estar perdendo vai ser ele mesmo .

Dou mais alguns passos olhando pro meu tênis, quando esbarro em alguém

— foi mal - desvio da pessoa e dou mais dois passos

— Babi ? - viro olhando pra pessoa

— Nate ? O que você tá fazendo aqui ?

— aí meus Deus você voltou mesmo - ele abraça meu corpo com forço - pensei que o Cris e o Dylan estavam drogados, mas você tá mesmo aqui- retribuo o abraço, minha escola vai jogar aqui semana que vem eu vim com meu treinador

Ele se afastou e analisou cada pedacinho do meu corpo

— Dylan  disse que você não tá respondendo ele - bufo

— falando nisso como ele sempre consegue meu número ?

— você sabe que o Cris acha qualquer coisa na internet.

— maldito Cris - digo e Nate da uma risadinha

— sinto sua falta - ele suspira - faz mais de dois anos que não nos falamos.

A última vez que vi o Nate eu tava no hospital depois ter tido uma overdose por conta de uns comprimidos que tomei.

— eu sei que ... o que aconteceu foi pesado pra caralho. - ele coloca as mão no bolso do moletom - se eu perdesse minha irmã eu surtia

Ele respira fundo como se tivesse tentando buscar as palavras .

— naquela noite não foi só o Bernardo que morreu Babs- ele encara meus olhos - você morreu junto com ele .

— como é ? - minha voz saiu falha

— essa não é você. Falei com seu pai- claro que falou - cigarro, bebidas. Fui até seu pai pra perguntar como você estava e ele disse que você não falava mais com ele .

— você queria que eu fizesse o que Nataniel ? - aumento um pouco a voz - meu irmão morreu , meu namorado foi um babaca depois do acidente meus pais lamentavam eu não ser a filha morta

Explodi.

— queria que eu fizesse o que ? Vai diz aí ?

Olho pra trás do Nate e vejo o Victor parado observando.

— Bernardo morreu e é talvez eu tenha morrido junto. Mas isso não é da sua conta - me afasto - diz pro seu amigo esquecer da minha existência .

Ele concorda com a cabeça e se afasta .

Victor se aproxima em passos lentos

— preciso de um minuto - resmungo

— não quero que você sabe ... ?

— te chupe ? - ergo a sobrancelha

— é isso aí- ele para na minha frente- você tá chorando

Passo a mão no rosto e só aí percebo que tô chorando .

— nada demais - resmungo

— olha eu sei sobre seu irmão- ergo o olhar pra encarar ele - Alan me contou

— óbvio que ele desabafou com o protegido

— só quero dizer que entendo o que você passou

— entende o que eu passei ?- dou uma risada amarga - seu irmão também morreu? - ele nega - você viu ele morto cheio de sangue na sua frente ? - ele nega de novo

— não Bárbara... - corto ele

— você não me entende Victor você não passou pelo que eu passei, não sofreu o que eu sofri  - respiro fundo - sei que você passou por algo bem pesado - olho pro quadril que agora está tapado pela calça moletom - e mesmo odiando você, sinto muito pelo que a aconteceu. Mas não vem dizer que me entende .

Ele fica calado me olhando .

Sinto minha respiração se acelerar. Nunca consigo falar do Bê sem ter uma crise .

Olho pra minha mão  que tá tremendo e de repente falta ar aqui .

— ei calma - ele segura minha mão com força- respira Bárbara

Ele pega minha mão e me puxa pro vestiário .

Ele me coloca sentada em um banco e se ajoelha na minha frente .

— respira Babi- ele segura meu rosto - devagar . Vai ficar tudo bem

— não- nego - não vai

—  seu irmão não vai mais voltar isso é um fato mas você vai se a acostumar com a perda. Nunca vai esquecer mais vai doer menos .

Ele levanta e senta do meu lado .

— e antes que diga que eu não te entendo, perdi meu pai quando tinha seis anos. E hoje em dia ainda sinto muita falta dele, só não dói mais como doía na época .

Fico em silêncio absorvendo tudo que ele disse

— vamos pra casa ? - ele pergunta

— vamos - resmungo

Flashback on( terceira semana no internato)

- 20 minutos Bárbara - inspetora me diz

Concordo e disco o número  da minha mãe.

Ligo a primeira vez e ninguém me atende, ligo a segunda e não tenho sorte de novo .

Na terceira vez  ela antense bufando

— já disse pra não ligar pra cá Bárbara - minha boca fica seca

- oi mãe, eu só .. só queria o número do papai. Ele não tá usando mais o antigo

— Bárbara seu pai trocou o número pra não receber suas ligações- ele diz irritada - não posso fazer nada

— eu só quero falar com ele

— ele tem o número do internato e sabe o dias das ligações . Se quisesse falar com você teria te ligado

Ela tem razão, ele tem o número desde o dia que fui matriculada

— eu só não entendo ...

Ele não nem olhou direito no dia que embarquei , mal disse alguma coisa. Mas prometeu que ia ligar

— ele perdeu um filho Bárbara não tem tempo pros seus dramas.  Tentar se matar  e essas suas crises - ela diz com desdém - ele também tava de luto

Sinto minha garganta se fechar

— talvez ele precise de um pouco de espaço. Sabe um tempo longe de você

Flashback off

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