Babi
Coloco minhas mãos nos bolsos traseiros da calça e me arrasto na direção do vestiário .
Vou esperar 5 minutos, se ele não aparecer vou embora
Quem vai estar perdendo vai ser ele mesmo .
Dou mais alguns passos olhando pro meu tênis, quando esbarro em alguém
— foi mal - desvio da pessoa e dou mais dois passos
— Babi ? - viro olhando pra pessoa
— Nate ? O que você tá fazendo aqui ?
— aí meus Deus você voltou mesmo - ele abraça meu corpo com forço - pensei que o Cris e o Dylan estavam drogados, mas você tá mesmo aqui- retribuo o abraço, minha escola vai jogar aqui semana que vem eu vim com meu treinador
Ele se afastou e analisou cada pedacinho do meu corpo
— Dylan disse que você não tá respondendo ele - bufo
— falando nisso como ele sempre consegue meu número ?
— você sabe que o Cris acha qualquer coisa na internet.
— maldito Cris - digo e Nate da uma risadinha
— sinto sua falta - ele suspira - faz mais de dois anos que não nos falamos.
A última vez que vi o Nate eu tava no hospital depois ter tido uma overdose por conta de uns comprimidos que tomei.
— eu sei que ... o que aconteceu foi pesado pra caralho. - ele coloca as mão no bolso do moletom - se eu perdesse minha irmã eu surtia
Ele respira fundo como se tivesse tentando buscar as palavras .
— naquela noite não foi só o Bernardo que morreu Babs- ele encara meus olhos - você morreu junto com ele .
— como é ? - minha voz saiu falha
— essa não é você. Falei com seu pai- claro que falou - cigarro, bebidas. Fui até seu pai pra perguntar como você estava e ele disse que você não falava mais com ele .
— você queria que eu fizesse o que Nataniel ? - aumento um pouco a voz - meu irmão morreu , meu namorado foi um babaca depois do acidente meus pais lamentavam eu não ser a filha morta
Explodi.
— queria que eu fizesse o que ? Vai diz aí ?
Olho pra trás do Nate e vejo o Victor parado observando.
— Bernardo morreu e é talvez eu tenha morrido junto. Mas isso não é da sua conta - me afasto - diz pro seu amigo esquecer da minha existência .
Ele concorda com a cabeça e se afasta .
Victor se aproxima em passos lentos
— preciso de um minuto - resmungo
— não quero que você sabe ... ?
— te chupe ? - ergo a sobrancelha
— é isso aí- ele para na minha frente- você tá chorando
Passo a mão no rosto e só aí percebo que tô chorando .
— nada demais - resmungo
— olha eu sei sobre seu irmão- ergo o olhar pra encarar ele - Alan me contou
— óbvio que ele desabafou com o protegido
— só quero dizer que entendo o que você passou
— entende o que eu passei ?- dou uma risada amarga - seu irmão também morreu? - ele nega - você viu ele morto cheio de sangue na sua frente ? - ele nega de novo
— não Bárbara... - corto ele
— você não me entende Victor você não passou pelo que eu passei, não sofreu o que eu sofri - respiro fundo - sei que você passou por algo bem pesado - olho pro quadril que agora está tapado pela calça moletom - e mesmo odiando você, sinto muito pelo que a aconteceu. Mas não vem dizer que me entende .
Ele fica calado me olhando .
Sinto minha respiração se acelerar. Nunca consigo falar do Bê sem ter uma crise .
Olho pra minha mão que tá tremendo e de repente falta ar aqui .
— ei calma - ele segura minha mão com força- respira Bárbara
Ele pega minha mão e me puxa pro vestiário .
Ele me coloca sentada em um banco e se ajoelha na minha frente .
— respira Babi- ele segura meu rosto - devagar . Vai ficar tudo bem
— não- nego - não vai
— seu irmão não vai mais voltar isso é um fato mas você vai se a acostumar com a perda. Nunca vai esquecer mais vai doer menos .
Ele levanta e senta do meu lado .
— e antes que diga que eu não te entendo, perdi meu pai quando tinha seis anos. E hoje em dia ainda sinto muita falta dele, só não dói mais como doía na época .
Fico em silêncio absorvendo tudo que ele disse
— vamos pra casa ? - ele pergunta
— vamos - resmungo
Flashback on( terceira semana no internato)
- 20 minutos Bárbara - inspetora me diz
Concordo e disco o número da minha mãe.
Ligo a primeira vez e ninguém me atende, ligo a segunda e não tenho sorte de novo .
Na terceira vez ela antense bufando
— já disse pra não ligar pra cá Bárbara - minha boca fica seca
- oi mãe, eu só .. só queria o número do papai. Ele não tá usando mais o antigo
— Bárbara seu pai trocou o número pra não receber suas ligações- ele diz irritada - não posso fazer nada
— eu só quero falar com ele
— ele tem o número do internato e sabe o dias das ligações . Se quisesse falar com você teria te ligado
Ela tem razão, ele tem o número desde o dia que fui matriculada
— eu só não entendo ...
Ele não nem olhou direito no dia que embarquei , mal disse alguma coisa. Mas prometeu que ia ligar
— ele perdeu um filho Bárbara não tem tempo pros seus dramas. Tentar se matar e essas suas crises - ela diz com desdém - ele também tava de luto
Sinto minha garganta se fechar
— talvez ele precise de um pouco de espaço. Sabe um tempo longe de você
Flashback off
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My first love
FanfictionVictor é um adolescente cheio de traumas que só quer ser feliz e esquece sua infância de merda . Depois que foi expulso de casa, consegui abrigo e carinho na casa do treinador do time da sua escola . Dois anos depois ele vive uma vida agradável e p...