Hinata esbarrou desengonçadamente em um dos garçons, enquanto percorria a direção da saída de funcionários e espaço da cozinha. Sua sorte era que a bandeja estava vazia. Droga, ela estava fora de si, trêmula, pálida. Parecia ter visto um fantasma e de certo modo realmente vira. Um que esteve fora de sua vida nos últimos dez anos.
—M-me desculpe – pediu, e logo se perdeu pelo longo corredor, abrindo a primeira porta que viu em sua frente, atravessando-a.
O homem, por um momento, perdeu-se na visão da bela mulher aturdida. Ela não parecia bem, mas antes mesmo que se recuperasse do primeiro choque, seu corpo bateu contra um outro. Porém esse era mais alto e mais forte, e, diferente da gentil garota, dessa vez um cara, que tal como a mulher possuía uma face de assombração e obscuridade, o segurou pelos ombros. Não houve um pedido de desculpas, bem, talvez porque a única coisa que atormentava a mente do Uchiha fosse justamente aquela miúda que fugia de si.
Tão logo, exigiu em um tom autoritário.
—Viu uma mulher de vestido preto, cabelos curtos passando aqui?
O garçom estremeceu diante da rouquidão e imponência. Estaria a bonita mulher enrascada e agora aquele ogro buscava caçá-la? Não sabendo exatamente o que responder, ele negou ao balançar a cabeça, mas isso fizera Sasuke estreitar o olhar e o solta-lo. As mãos passaram pelos cabelos negros com raiva e frustração, sentindo uma imensa vontade de socar a parede, contudo, respirou fundo controlando-se. Precisava, afinal, para começo de tudo fora justamente desse que Hinata fugiu. Virou-se para o homem, dessa vez com um tom um pouquinho mais calmo, rebaixando-se, mesmo não sendo algo costumeiro de si, ele suplicou.
—Por favor... eu preciso... só... me diz.
Hesitante, o homem endireitou-se e fitou os olhos negros por alguns segundos, sentindo um aperto no coração enquanto sua intuição o contradizia.
—Ela entrou na primeira porta à esquerda.
Sem perder mais tempo, o Uchiha correu alcançando a tal porta, atravessando-a por igual.
—Que Deus ajude que eu não tenha entregue a pobre coitada pra morte. – Rogou o homem finalmente voltando ao seu trajeto.
Sasuke sentiu o ar frio do lado de fora assim que abriu a última maldita porta. Estava em um tipo de varanda auxiliar de serviço, pois era possível ver os canos de ventilação, gás e água, tubulações de energia, telefone, etc... Haviam caixas empilhadas por ali e sem dúvida alguma, não havia nenhuma saída, já que estavam um andar acima, bom, a menos que Hinata se jogasse dali.
Estava tenso, acovardado, temeroso. Eram dez anos e ele não sabia o que falar para começo de conversa. Tinha todas aquela palavras decoradas em si, cada uma delas, todavia, sua mente não passava de um borrão. As palmas frias, esfregaram-se uma na outra, ele suava em hesitação, não de vê-la, mas do receio do que vinha dela. Talvez, o sentimento assemelhava-se a uma criança que temia uma nova perda ou rejeição.
Ouviu o barulho de esbarrão mais adiante e soube que ela estava por ali. Suas pernas ainda continuavam travadas, para logo em seguida, os passos o levar exatamente para aquele lugar, onde ela estava de costas para si, segurando com força a última barra do parapeito de proteção do lugar, como se evitasse se virar, e com certeza soubesse de sua presença ali.
Os olhos negros, contemplaram na baixa luz todo o corpo dela, todos os detalhes mapeando aquela nova garota. Dez anos mais velha, porém, Hinata era como um bom whisky, conservado no lugar certo, pois o tempo a tornara muito... muito, muito melhor.
Estava trêmulo, e por isso passou novamente as mãos pelos cabelos, dando finalmente o último passo ficando ali, quase que diante dela, vendo o instante que Hinata virou o rosto de lado mesmo sem olhá-lo diretamente.
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Nós nunca vamos envelhecer
FanfictionUm estava perdido imerso na escuridão, enquanto o outro tornou-se a sua luz guia, mas e se a escuridão tragasse a luz? Era exatamente nesse ponto que Sasuke se encontrava. Uma relação extremamente conturbada movida por extremos opostos cheios e emoç...