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Não tenho pressa para saber o meu destino. Eva disse que quanto mais eu demoro para resolver as coisas, mais vai demorar para minha alma partir. Eu meio que não quero ir agora, sinto que ainda não estou preparada para a verdade, preciso descobrir quem me matou e o porquê. Mas agora não, se eu souber a verdade irei surtar.

Dou um longo suspiro. Estou sentada no chão do meu quarto branco temporário. Me levanto e ando por ele. Vejo cada detalhe semelhante ao meu real, é perfeito.

Me troco com uma roupa limpa que encontrei no meu grande armário cor de neve. Coloco uma blusa regata marrom e calça jeans, a roupa esconde bem o buraco da facada. Ainda tenho sangue na região da barriga mas também não dá para notar por conta da blusa ser grossa e a calça ser cintura alta. Sinto raiva por não ter um quarto com banheiro. Não tenho nada para tirar o sangue, acho que ele vai ficar aqui para me lembrar que tenho assuntos a serem resolvidos na terra.

Escuto alguém bater na porta duas vezes. Quando abro me deparo com uma menina de cabelos loiros, olhos castanhos claro e dona de um grande sorriso nos lábios. Ela tem um dos sorrisos mais bonitos que já vi. Sinceramente, até fiquei com vontade de sorrir também.

— Oi, eu me chamo Tine. Na verdade me chamo Constantine, mas isso é nome de velho. — Ela diz animada. — Como você se chama? — Ela pergunta me encarando.

— Me chamo Fátima. — Digo ainda confusa com tudo que anda acontecendo hoje. — Prazer. — Digo dando o meu melhor sorriso, espero que ela não perceba que é falso.

— Então Fátima... Vim para perguntar se você quer ver um dos membros do meio termo entrar no elevador. — Faço uma cara confusa e ela claramente percebe que não faço ideia do que ela está falando. — O elevador é onde as pessoas que resolveram todos seus problemas na terra entram para ir para o céu ou para... você sabe. — Ela diz ainda com a mesma animação. Não consigo imaginar como essa menina doce tenha morrido.

— Quero sim... e obrigada por explicar. — Ela assente com a cabeça e pega na minha mão me levando para fora.

Me assusto com a quantidade de pessoas no grande corredor na frente de um único elevador. Consigo ver uma moça que talvez seja um anjo e um menino que parece estar assustado. Ele está temendo, espero que esteja bem.

— Ele se chama Theo. Está aqui a quase um ano e agora chegou sua vez de entrar no elevador. — Ela diz sussurrando. — Não vejo a hora de ser minha vez. — Escuto um longo suspiro e sinto pena.

Meu Deus, 1 ano... Espero que minha estadia aqui dure bem menos.

— Você sempre assiste eles entrando no elevador? — Pergunto curiosa.

— Sim... é a minha parte favorita. — Ela diz com os olhos brilhando. — Olha... o elevador abriu. Agora iremos saber se ele vai para o andar de cima ou o de baixo. — Ela aponta para o elevador.

Vejo o menino entrar no elevador tremendo de medo. Observo tudo com muita curiosidade e nervosa por ele. O que será que vai acontecer?

— ISSO!! — Escuto Tine dar um grito animada e bater palmas. Vejo algumas pessoas olharem pra ela sorrindo, acho que é uma coisa normal pra eles. — Olha aquele botão, ele está verde. — Ela explica apontando. — Significa que ele vai para o céu. — Ela sorri emocionada, tenho quase certeza que ela deve chorar todas as vezes.

— Fico feliz por ele. — Digo baixinho.

Assim que o elevador se fecha vejo todos entrarem em seus quartos, mas um menino em específico me chamou atenção.

— Tine, quem é o cara do quarto ao lado do meu? — Pergunto curiosa. — Senhor, ele é lindo... pensei que aqui fosse o meio termo, não o céu. Jesus. — Escuto a risada da Tine.

— Para ser sincera, eu não sei. Quando eu cheguei ele já estava aqui e nunca tive chance de puxar assunto com ele. — Ela diz dando de ombros. — Ele é bem na dele, nunca vejo conversando ou visitando algum quarto.

— Entendi. — Digo observando meu vizinho entrar em seu quarto e fechar a porta logo em seguida. Será que ele não se sente sozinho? E o que será que ele tanto faz lá dentro que nem sai para interagir? Suspeito...

— Mas então... Amigas? — Tine pergunta se virando pra mim me tirando de meus pensamentos sobre o homem misterioso estendendo a mão.

— Claro! — Digo sorrindo fraco enquanto aperto sua mão.

— Claro! — Digo sorrindo fraco enquanto aperto sua mão

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Vivendo após a morte: Em busca do paraíso Onde histórias criam vida. Descubra agora