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Volto para o meu quarto, será que eu deveria ir para terra ver como as coisas estão lá? Acho que estou com medo de ninguém estar sentindo a minha falta. Melhor ficar aqui por um tempo...

— Não tem nada pra fazer aqui... — Digo bufando.

É um saco, não sinto fome, não fico suja pra ir tomar banho e mesmo que eu ficasse eu não tenho um banheiro. A morte é um verdadeiro porre.

Me levanto da cama e começo a vasculhar minha estante de livros. Minha sorte que antes de morrer não li todos, tenho bastante tempo agora para atualizar minhas leituras atrasadas.

Abro um livro qualquer e não consigo passar da primeira página. Eu preciso ir na terra.

— Okay... a Eva disse que era só pensar em alguém ou um lugar. — Quem ou onde? — Vamos ver se a Ravena está sentindo minha falta. — Penso nela, fecho meus olhos e estalo meus dedos.

Acho que meu teletransporte está com defeito, não aconteceu nada.

— Onde será que é o quarto da Tine pra ela me ajudar? — Fico rodando de um lado para o outro no quarto. — Vou tentar de novo.

Repito o processo de antes e ainda nada.

— Onde será que Eva está? Preciso de sua ajuda... – Antes que eu terminei a frase escuto uma batida na porta.

Quando destranco para minha surpresa vejo Eva. Abro espaço para que a mesma entre.

— Me chamou? — Ela diz com um grande sorriso no rosto.

— Sim. — Digo sorrindo. — Não estou conseguindo me teletransportar para a terra, você poderia me ajudar?

— Claro. — Ela diz ainda sorrindo. — Me mostre como você está fazendo.

— Okay. — Fecho meus olhos, penso na Ravena e estalo meu dedo. Novamente nada acontece.

— Você não sabe estalar os dedos. — Ela diz segurando uma risada.

— Claro que sei. — Digo um pouco brava.

— Quando você aprender me chama de novo que eu te ajudo. Passar bem, Fátima. — Ela sai do meu quarto rindo.

— Era só o que me faltava, viu. — Que ódio.

Me sento frustrada na cama e fico tentando estalar os dedos, percebo que realmente não sei, que vergonha.

Nada pra fazer e se eu... tentar fazer amizade com o vizinho bonitinho. Péssima ideia, você chegou aqui não faz nem um dia, tá parecendo com a Ravena, cruzes. Falando nela, estou com saudades... espero que eu não tenha machucado ela com as minhas palavras. Espero que ela me perdoe.

Me lembro da nossa briga e sinto uma onda de tristeza muito grande. Me deito na cama e tento dormir mesmo não sentindo sono. Sinto algumas lágrimas pesadas caírem antes de apagar no escuro dos meus olhos fechados.

Acordo com duas batidas na minha porta, já sei que é a Tine, ela sempre bate duas vezes. O que essa mulher quer agora? Atrapalhou meu sono da beleza...

Abro a porta com tudo e vejo a loira do lado de fora sorrindo.

— O que foi Constantine? — Digo fingindo estar brava.

— Perdão, te acordei? Foi mal. — Ela diz olhando meu quarto pela porta.

— Quer entrar? — Pergunto.

— Claro. — Ela diz me empurrando para o lado enquanto entra admirando meu quarto.

— É lindo. — Ela diz sorrindo.

Sempre tive um carinho enorme pelo meu quarto, eu sei que ele é lindo. Eu mesma arrumei e comprei tudo. Tenho muito orgulho dele. Sei que não é o meu real, mas é muito parecido com ele.

— Obrigada. — Digo fechando a porta do quarto. — Fico feliz que tenha gostado.

Observo ela olhar cada detalhe do meu quarto, ela parece realmente gostar da decoração.

— Já estou tão enjoada do meu quarto que o seu parece ser algo tão... novo. — Escuto ela dizer isso e faço uma cara confusa.

— Você não vai em outros quartos? — Pergunto.

— Na verdade não, as pessoas aqui parecem não gostar muito de mim. — Ela diz tímida.

— Mas você veio no meu. — Falo me sentando na cama. — E tenho certeza que isso não é verdade, você é incrível. — Escuto ela dar uma risada nasal e vejo ela sorrir fraco.

— Eu senti uma vontade enorme de conhecer você, não sei dizer o motivo. Só achei que você deveria fazer amizade com alguém no seu primeiro dia. Ninguém veio falar comigo no meu e eu fiquei bem mal, não queria que você sentisse o mesmo que eu senti. — Ela diz admirando o quadro de bailarina na minha parede.

— Você ter vindo falar comigo tornou tudo mais fácil, obrigada. — Vejo ela sorrir. Eu amo o sorriso dela, preciso confessar isso.

— Mas então... você é bailarina? — Ela pergunta saindo de perto do quadro e agora passando a mão pelo meu piano branco.

— Era. — Digo dando de ombros. — Estou morta agora, não estou? — Vejo ela concordar triste.

— Sei que é difícil... mas você sempre será, você ainda existe, Tata. — A Ravena me chamava assim, deixo escapar um sorriso. — Tudo bem eu te chamar assim? — Ela pergunta.

— Claro, você pode. — Falo deixando escapar uma lágrima.

— Ah, não... eu falei alguma coisa errada? — Ela pergunta se aproximando e sentando ao meu lado.

— Não, você só me lembra alguém muito especial. — Digo secando as lágrimas do meu rosto.

 — Digo secando as lágrimas do meu rosto

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Vivendo após a morte: Em busca do paraíso Onde histórias criam vida. Descubra agora