Tine dormiu no meu quarto comigo, pegamos no sono juntas. Sinto que seremos boas amigas, espero que a Ravena não fique com ciúmes. Queria tanto contar pra ela sobre tudo isso, tenho certeza que ela acreditaria em tudo. Ela é aquele tipo de pessoa que acredita em fantasmas e vidas passadas, se eu contasse que agora estou entre o céu e o inferno ela não iria ficar chocada. Volto a me lembrar do dia da nossa briga e me lembro que ela disse sobre não gostar de fazer bale, aquilo foi uma grande surpresa pra mim, eu juro que não imaginava. Ter falado que odiava ela foi um dos meus maiores arrependimentos, isso nunca vai ser verdade. Espero que ela esteja lidando bem com o luto.Hoje é meu segundo dia aqui no meio termo, não é tão ruim como eu pensava que seria. Encontrei uma amiga incrível e tenho meu quarto. Só sinto falta de uma coisa, na verdade de várias, mas principalmente de dançar balé. Sei que tenho sapatilhas aqui no quarto mas ainda não estou preparada. Morrer fazendo a coisa que você mais ama pode trazer traumas, não recomendo.
— Bom dia! — Tine diz se sentando na cama. — Desculpa, peguei no sono.
— Tudo bem. — Digo sorrindo. — Gostei de ter companhia. — Ela retribui sorrindo de volta.
Tine não ficou muito tempo no meu quarto, depois que ela acordou logo foi embora, acho que ficou com medo de estar incomodando mas eu realmente gostei da companhia dela.
Aproveitando que ela saiu vou me trocar. Escolho uma camiseta preta do Michael Jackson e um short jeans branco. Estou usando meu all star preto e meu cabelo está solto.
Penso sobre minha lista, como irei me resolver com Bill sendo que nem sei o que eu fiz pra ele estar na lista. Eu conheço ele a muito pouco tempo, não sei como vou me aproximar dele.
Eu preciso aprender a estalar o dedo rápido. Abro a porta do meu quarto, a primeira pessoa que passar na minha frente eu vou pedir ajuda. Saio pra fora e fecho a porta. Quando me viro vejo meu vizinho na porta de seu quarto. Não penso duas vezes, quando vejo já estou indo em sua direção.
— Oi. — Digo e vejo ele olhar pra mim.
— Olá. — Escuto a voz dele pela primeira vez, foi como música para meus ouvidos. — Perdeu alguma coisa? — Ele acha que é quem pra falar assim comigo? Odiei.
— Na verdade, não. Só quis ser educada e me apresentar para você. — Digo grossa.
— Okay, foi um prazer, tchau. — Vejo ele abrir a porta.
— Calma, eu só preciso de ajuda. — Ele para na entrada e se vira pra mim novamente.
— Estou ouvindo. — Ele está me encarando, não fica vermelha Fátima.
— Isso pode parecer estranho... mas eu não sei estalar o dedo. — Digo morrendo de vergonha. — Você poderia me ajudar?
Acho que quase fiz ele rir. Ele deve me achar uma idiota.
— Não. Passar bem. — Vejo ele entrar e fechar a porta na minha cara.
— Que babaca do caralho. — Digo olhando para a porta fechada. De repente a porta abre.
— Você me chamou de babaca? — Ele aparece na porta com a mão na maçaneta.
— Sim, quer que eu repita? — Digo brava e vejo ele sorrir sem humor ou com, não sei dizer muito bem.
— Se quiser repetir, fique a vontade. — Ele diz dando de ombros. Acho que nunca senti tanto ódio de um desconhecido.
Mostro meu dedo do meio e quando me viro para sair sinto sua mão segurar meu braço.
— Entra. — Ele diz me dando espaço para passar pela porta.
— Eu não sei se você vai tentar me matar aí dentro. — Digo olhando pra ele.
— Então eu te ensino aqui mesmo. — Burra não vai conhecer o quarto dele. — Me dá sua mão. — Ele pede olhando nos meus olhos. — Por favor.
— Me mostra na sua mão, não sei onde você andou enfiando a sua pra pegar na minha, eu hein. — Digo irônica e ele dá uma risada nasal.
— Você vai pegar seu dedão e vai juntar assim. — Ele mostra fazendo em sua própria mão. — No seu dedo do meio. — Ele estala o dedo. — É só pressionar, não é difícil, até uma criança consegue. — Ele diz tentando me irritar.
— Bom, eu não sou uma criança. — Digo enquanto tento estalar. Sem sucesso. Parece ser tão fácil, mas eu faço tudo errado.
Vejo ele rir enquanto assiste eu tentar.
— Posso? — Ele diz apontando para minha mão.
Eu levanto minha mão com receio e entrego pra ele. Quando sinto sua mão eu me arrepio um pouco, espero que ele não tenha percebido. Eu fui morta por um homem, acho que vai ser difícil confiar em qualquer pessoa depois disso, espero que ele compreenda.
Ele pega meus dedos e colocam na posição para estalar.
— Vamos testar. Pense em alguém ou em algo e tente estalar do mesmo jeito que mostrei pra você. — Ele explica. — Você consegue. — Isso foi fofo.
Por algum motivo eu penso no Bill, estalo e sinto uma grande dor de cabeça.
Quando abro meus olhos estou dentro de um banheiro totalmente estranho e quando percebo vejo Bill sair totalmente nu do chuveiro.
— MEU DEUS!! — Digo tampando meus olhos. — Você não está me vendo? — Pergunto abanando uma das minhas mãos em sua frente e a outra continua tampando minha visão.
Quando ele coloca a toalha em sua cintura, eu tiro as mãos dos meus olhos e consigo ver o pitel na minha frente. O cabelo molhado pingando no chão e também me permito ver seu abdômen definido. Meu Deus Fátima, o que você está fazendo?
Preciso voltar, isso não é certo. Ainda bem que ele não consegue me ver. Penso no meio termo e estalo meu dedo.
— Eai, conseguiu? — Escuto a voz do babaca. — Você está bem? — Ele parece preocupado.
— Acabei de ver um cara pelado sem querer. — Digo ainda chocada.
Escuto o idiota rir. Não aguento e começo a rir junto.
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Vivendo após a morte: Em busca do paraíso
RomanceFiz essa fanfic especialmente para a minha amiga Fátima. Espero que ela goste <3