Se Faz Sentir, Faz Sentido

Capítulo 57

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"Se eu deixar, você vai me dar como garantido"
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SELENA FERNANDES

— Eu nunca achei que você fosse capaz de fazer isso, principalmente ali, com todo mundo vendo – disse comendo o meu Taco de carne moída com minha limonada.

Ao sairmos de casa, o Christian trouxe-me para uma praça alimentar, estacionamos bem em frente de um restaurante mexicano.

Como estava com baby-doll de alcinha e um short conta, preferi não descer do carro por conta do frio nas pernas. O Christian desceu do carro e foi fazer os pedidos.

Fiquei observando ele a falar com um dos funcionários, depois de um tempo, vi uma mulher convida-lo para acompanhar os seus passos de salsa. Bem no centro daquele restaurante, onde tinha um grupo de pessoas dançando salsa que nem eles momento antes.

— Eu criei boas amizades na minha adolescência – disse admirando-me pois já estava no meu segundo taco – Eu conheci a família Martinez por conta do meu amigo Tony. Ele sempre foi um cara muito divertido, ele dizia pra mim, que a família é a coisa mais bela que Deus resolveu criar para o homem e eu dou razão a ele – declarou e a sua boca curvou num sorriso.

— E onde aprendeu a dançar salsa?– questionei animada.

— Digamos que aprendi a dançar na casa dele, a mãe dele é uma bailarina profissional, a que dançou comigo a minutos atrás. E sempre que a gente ia passar o final de semana na sua casa, por causa das festas que sempre aconteciam por lá, aprendi alguns passos com a mãe dele. Você tem de ver o Ricardo a dar uns passos desses – respondeu dando uma gargalhada contagiosa.

— A sua adolescência foi cheia de aventuras anh! – disse pegando o meu terceiro Taco na sacola e dei um mordida gemendo de prazer.

— Você não está comendo demais? Você vai acabar passando mal! – repreendeu esperando uma resposta minha.

— Eu só quero satisfazer esse desejo, sério, o nosso bebé vai deixar-me igual uma bola de tão cheia que ficarei até ao final dessa gravidez – disse olhando para o Taco que me parecia mais interessante que qualquer outra coisa.

— Depois diz que não avisei! – disse colocando o cinto de segurança nele - Eu acho melhor a gente ir, hoje faremos uma visita a sua avó e acredito que você já deveria estar a dormir – disse dando arranque ao seu carro e fomos seguindo o caminho pra casa.

— Christian! – chamei-o pois parecia que estava num outro planeta.

— Ahm! – respondeu com o seu olhar distante.

— O que você acha disso tudo que está acontecendo com a minha avó! Será que a sua prima e a sua avó estão envolvidas nisso? – questionei após tomar a limonada.

— Na verdade, acho tudo isso muito estranho. A minha avó é uma pessoa que não tem limites em certas ocasiões – disse soltando uma respiração profunda – Só posso dizer, que se realmente tem um dedo dela e da Tamara nisso, elas irão pagar – disse chateado e um pouco magoado. Entendo o que esteja passando, nunca é fácil resolver uma situação complicada quando a sua família está envolvida naquilo.

Ficamos em silêncio por um bom tempo, e continuei comendo. Por incrível que pareça, não estou enjoada. Olhei fixamente pelo retrovisor e observei um carro que estava bem a nossa trás, e comecei pensando baboseiras, o que me fez ficar nervosa. Após o Christian fazer uma curva os meus pensamentos "que estávamos a ser seguidos" sumiram pois o carro desapareceu.

— Ainda vai terminar esses outros tacos? – questionou ele puxando assunto.

— Não, eu acho que esse foi o último, até porque já não tem mais espaço para entrar outro desse – disse após terminar de comer o Taco – Eu queria falar algo pra você, sobre o meu trabalho! – disse apreensiva, chegou a hora de contar que não irei trabalhar como assistente dele.

— O que? Que queres demissão e que na segunda-feira começarás a trabalhar como a analista de marketing? – respondeu me fazendo arregalar os olhos deixando evidente a surpresa.

— Co-como é que sabes disso?

— Selena, eu só o CEO daquela empresa, tudo que acontecem dentro dela, deve passar pelas minhas mãos – disse sem demonstrar emoção.

— Que alívio! Ao menos, você já sabe que não serei mais a sua assistente. Eu tive a sorte de ter uma oportunidade como essa. Não quero ficar andando, de um setor ao outro ou ficar tanto tempo colado ao meu chefe – disse sem me importar por ele estar ouvindo.

— Isso quer dizer, que você nunca gostou de estar próximo de mim ou melhor você nunca gostou de cargo como minha assistente? – perguntou meio chateado.

— Não! Não venha tirar palavras da minha boca Chris– disse com a cara fechada – Eu só disse isso por que faz mal uma mulher grávida ficar muito tempo em pé, sem falar sobre as coisas que tem de entregar correndo, entre outros – disse na defensiva – Eu tenho orgulho do cargo que tive e isso não nego – disse pegando o último suco de limão que estava por lá, pelos vistos a sede voltou ou só será o nervosismo.

"Fazer o que!?"

— Aham! Infelizmente, terei de dar-te uma péssima notícia – disse fazendo-me olha-lo confusa – Você vai ter de trabalhar comigo até na sexta-feira e a partir das nove da noite começarás o teu trabalho – disse ele convencido

— Não! O meu turno não termina tão tarde. E a minha carta de demissão vai ser entregue amanhã mesmo – disse determinada – Até por que não obrigarias uma mulher grávida, sendo a mãe do seu filho a trabalhar num horário tão tarde – disse fazendo jogando pelo lado emocional nele.

— Oh! Apelar pelo lado emocional não vai mudar em nada – disse botando aquele sorriso torto nos lábios – Na sexta-feira, teremos uma festa de gala da nossa empresa. Onde todos os funcionários devem ir, acompanhados como não. Então, sendo você a minha assistente social, e eu sendo ainda seu chefe, estou ordenando que me acompanhe para festa e caso você não o fizer, não vou pagar o seu ordenado no final do mês – disse ele olhando-me pelo canto do seu olho.

"Esse só está de sacanagem comigo"

— Você não tem o direito de fazer isso! E nem sou obrigada a ir – disse com convicta.

— Está bem! Acho que vou chamar uma das minhas garotas para me acompanhar – disse ativando o meu lado ciumento, sério isso.

"Pode chamar até a Miss universo se tiver vontade! Idiota"

— Pode chamar! Eu realmente não me importo mais com a sua vida pessoal! – disse olhando para janela encostando o suco de lado, pois a minha sede sumiu igual a minha vontade de olhar pra cara dele.

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