All Mine

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Nos meios daquelas luzes escuras, eu pude ver os olhos ameaçadores. A expressão séria, mas ao mesmo tempo tão sarcástica, fechando seus lábios ao dar um gole em seu drinque. Nossos olhos se cruzaram, como se sem dizer uma palavra, soubéssemos tudo o que queríamos dizer.

Acordei desse transe, e fui até o bar, pedindo ao barman outra bebida, só que um pouco mais forte. Em alguns minutos, o gentil rapaz deixa o copo sob o balcão do stand. "Eu caprichei pra você, meu parceiro". Com um movimento rápido, sacio a minha sede pelo álcool, virando todo o copo de uma vez, deixando descer queimando por minha garganta.

— Tome cuidado, você não é de beber.

A mão em meu ombro e a voz me fez reconhecer de quem se tratava. Ao me virar, meu olhar percorre em todo o corpo do rapaz que está em minha frente, da cabeça aos pés, dando uma pequena ênfase em seus lábios. Tão macios, tão chamativos, como se fossem uma explosão de sentimentos e energias.

— Você me conhece, eu sei o que eu faço.

Uma resposta que foi um pouco rude, eu sei. Mas essa é a minha forma de me proteger, essa é a minha armadura. Mas do que eu queria me proteger? Dele... Ou será que apenas de mim?

Sem dizer nada, ele sai andando lentamente, caminhando em direção a pista de dança. Não soube o porquê, mas fui atrás, porque algo me dizia que aquilo seria como um convite. As luzes baixas dificultavam a visão, permitindo ver apenas quando a luz mais clara refletia em algo. O álcool começou a fazer efeito em mim, me fazendo flutuar em meus próprios pensamentos. Por um momento, me distrai e perdi-o de vista. Com um único movimento, sinto suas mãos puxarem meu braço, quase colando o meu corpo ao seu.

Com um sorriso malicioso, uma mordida em seu lábio, ele se aproxima e sussurra em meu ouvido. "Dance comigo, até morrermos". A música? Lenta, talvez agitada, não me lembro muito bem. Só me lembro de seguir o que minha mente um pouco afetada pelos três ou quatro drinques que eu tomei, me mandou fazer. Nossos rostos ficaram próximos, mas sem nenhum contato. Seu corpo balançava em sincronia com o meu, conforme nossos rostos se aproximavam mais ainda. Em um segundo, seu braço agarra minha cintura, trazendo-me para perto, deixando nossas bocas há poucos centímetros de distância. Na pouca luz, consegui ver seus olhos encarando meus lábios, sua língua deslizando por sua boca, tentando-me seduzir. Mal sabia ele que desde nossos primeiros olhares, ele já me tinha por inteiro. Sua boca chegou perto de meu pescoço, arfando com seu hálito quente com um cheiro de álcool, ele estava como eu. Na mesma sintonia, mesma conexão. Seus lábios passaram a deixar beijos demorados em meu pescoço, me fazendo fechar meus olhos e suspirar fundo, deixando meu coração acelerado e minhas pernas fracas. Em uma movimentação repentina, nossos corpos se soltaram, seus olhos se desencontraram aos meus, e como uma mera lembrança ou uma mera imaginação, ele sumiu no meio das luzes. 

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