Capítulo 3

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“Você está linda, Judezinha.”, Cardan disse, com um sorriso genuíno nos lábios.

Jude revirou os olhos.

“Obrigada, Cardan. Você também não está nada mal.”, a frase fez o rapaz encostado no carro franzir o cenho.

Nada mal? Você não deveria dizer que estou deslumbrantemente lindo?”, ela ergueu uma sobrancelha e soltou uma risada anasalada.

“Eu diria se fosse verdade.”

 A acastanhada prontamente entrou no carro, sem nem mesmo esperar o mais alto abrir a porta. Ele rapidamente adentrou no veículo, claramente indignado.

“Você é inacreditável! Eu te levo para sair e você retribui dessa forma.”, o Greenbriar estava emburrado. Ao ver de Jude, aquilo era muito fofo, mas óbvio que não iria admitir. Apenas riu.

“Não se esqueça de tudo que você e seu grupinho fizeram comigo esse ano, tá’ legal? Você vai ter que merecer meus elogios, se os quiser, claro.”, ela sorriu vitoriosa e ele apenas bufou, dando partida e seguindo até o local combinado.

 O caminho, em geral, fora silencioso. Mas era um silêncio confortável para ambos. Vez ou outra eles puxavam assuntos e riam, mas depois apenas escutavam as músicas que tocavam na rádio. Jude também ria bastante de Cardan xingando os outros motoristas que cometiam erros que o irritavam, o mesmo queria até abrir o vidro para xingá-los - ato que a de madeixas castanhas rapidamente o impediu de fazer, deixando-o emburrado -. 

 O de orbes escuras nunca iria admitir mas, a risada de Jude o acalmava. Sempre que ele estava quase arremessando algo de dentro do carro em outra pessoa, ouvi-la rir fazia seu corpo esfriar e diminuir a raiva que antes estava presente. Ele gostava de fazê-la rir, por isso frequentemente fazia piadinhas sem graça nenhuma, porém, por algum motivo ela ria. Achava engraçado exatamente por ser idiota. A forma como Cardan contava as piadas era engraçada, ainda mais quando ele se embolava e não conseguia contar a piada toda. 

 Infelizmente, nem tudo é um mar de rosas. Jude realmente estava gostando da companhia do Greenbriar, mas não deixou de desconfiar nem por um segundo sequer. Ela aprendeu que aquele quarteto podia esconder pessoas piores do que aparentam, e por isso, estava atenta e sendo cautelosa, sempre prestando atenção em todos os movimentos do mais alto. Ela não seria enganada novamente. 

 Com certeza foi uma surpresa para a Duarte o convite repentino para sair. Ainda mais vindo dele. Jude e Cardan, desde o início das aulas, tinham uma relação odiosa, sempre xingando um ao outro e quase caindo no soco no meio do corredor do colégio. Por esse motivo, Jude desconfiava. Ele não mudaria de uma hora para outra, não é? 

“Chegamos!”, disse animado, tirando Jude de seus devaneios.

“Nossa.”, as orbes cor de nozes rolaram por todo o exterior do estabelecimento, vendo leves luzes coloridas e escutando a música que claramente tocava lá dentro. Reconheceu a melodia na mesma hora. Call Me When You’re Sober, do Evanescence. Cardan abriu a porta do carro e pegou na mão de Jude, a ajudando a sair - a mesma apenas permitiu que ele o fizesse pois sabia que era só por cavalheirismo, caso contrário teria chutado sua canela -.

 Os dois adentraram no local. A iluminação estava média, juntando alguns leds coloridos que se encontravam espalhados pelo teto alto. Diversas pilastras de madeira eram distribuídas ao longo do ambiente, de forma simétrica. Nelas, pessoas estavam encostadas bebendo, conversando ou até mesmo se beijando. Mais à frente estava o palco. Uma banda composta por: uma vocalista, uma guitarrista, um baterista e um tecladista. Eles eram extremamente bons, cantavam e tocavam muito bem.

espelhos | jurdanOnde histórias criam vida. Descubra agora