- Conheço-a. - Responde Blond. - Penso que trata-se de um conceito que tem as suas raízes na alquimia. Mas honestamente, eu não acredito que trata-se de uma troca. Por exemplo: no caso da vida e da morte penso que não trata-se de uma troca equivalente, pois ambas são viagens.
- Talvez tenha razão Blond.
Pensando melhor, toda a minha trajetória fora forjado por momentos que funcionavam como portais abrindo-se um após o outro. Alguns deles desejei-os apreciando a vista, e já outros tivera tanto medo de os desejar que não se lembra da aparência da sua paisagem. Mas a mais pura e angustiante verdade, é a que ainda que tivera sido de olhos fechados ou abertos, em barulho ou em silêncio, eu os tivera desejado.
- Viver é a troca equivalente e a recompensa. - Acrescenta Eunoia.
- Pois, tu não és apenas a passageira, tu também és o bilhete de passagem.
Por essa altura, ele já encontrava-se extasiado! Sentia que nem a mesa que encontrava-se atravessada entre os seus corpos pudesse impedir a fecundação de suas mentes. Consequentemente, seus corpos despertaram sinais provenientes do aconchego das suas almas.
- Está tudo bem Blond? - Sentiu a necessidade de perguntar, pois o homem havia se perdido em algures entre a conversa, trazia consigo um semblante distante, embora à cada instante que trocavam perspectivas ela sentia-o cada vez mais próximo.
- Sim!
"Nunca tivera sentido sentir, até o momento em que sentir-te permitiu-me sentir-se." - Pensa Blond... Mas na esperança de que não tenha pensado em frequências tão altas ao ponto de despertar vibrações em seu corpo.
- Tá bem! Se o diz.... Perguntei, porque me parecia perdido.
- Mas não estamos todos de certa forma? - replicou Blond.
- Pois faz sentido. Lembro-me do meu antigo eu perder-se, e na tentativa de resgatar-lo dei a luz ao novo eu.
- Mas o que ele procurava? Caso sinta-se confortável em falar sobre o assunto com um estranho é claro.
- "Estranho? Não tens noção do quão íntimo acabaste por se tornar. Tão íntimo ao ponto de sentir-me inteiramente desnuda, porém, poder sentir-se confortável, abraçada pela sensação de estar em casa. Tão íntimo ao ponto de penetrar-me até as cavernas mais escuras do meu ser, e ainda optar por ficar... Tão íntimo ao ponto de permitir que enxergasses-me trajada no avesso." - Assim vagueava Eunoia em seus pensamentos. - "Não tem problema nenhum em responder. Penso que por essa altura já não somos tão desconhecidos assim."
- Respondendo a tua pergunta: ela procurava pela fórmula perfeita.
- Fórmula perfeita?!
- Sim, tal como o seu pai, minha mãe sempre dizia-me que existe uma fórmula para tudo que existe, e que devemos encontrar a nossa fórmula de vida.
- Percebo! Não sou apenas percebo como sinto-a.
- E ela encontrou a fórmula perfeita?
- Quem? O meu antigo eu?
- Sim!
- Não! Perdeu-se nas entrelinhas da imperfeição.
- E desde então ela permaneceu perdida?
- Sim!... Porque perder-se também é caminho.
- Ou seja, perder-se é o caminho para reencontrar-se certo?
- Exatamente!
"Oh Eunoia! Como é magnífico viajar em sua galáxia, como é esplêndido esse lugar." - Mais uma vez lá estava Blond perdido em seus pensamentos.
"Que homem estranhamente interessante és Blond." - Pensara Eunoia.
- Terra chama Blond, Blond?
- Sim! Exclamou Blond após ter despertado.
- Blond chama terra -sorri em seguida.