Durante toda a minha vida eu ouvi dizer que não se pode qualificar uma pessoa ou determinar o valor que ela tem por sua situação financeira ou a cor da sua pele, pois caráter não ver cor e muito menos saldo bancário, mas infelizmente não é assim que funciona na cabeça das pessoas, ainda mais no mundo preconceituoso e racista que vivemos hoje dia.
Por outro lado, eu fui ensinada também a não agir apenas como uma vítima, aceitando tudo que falam e fazem a minha volta, só que isso é muito difícil quando desde a infância palavras como "negrinha" e "pobretona" eram usados como forma pejorativa, apenas na intenção de me ofender e me humilhar.
E, se não bastasse isso, ainda faziam questão de me ridicularizar pelo fato de que eu nunca soube quem era o meu pai, o que me deixava com muita raiva. Não por não ter uma figura paterna, até porque minha mãe sempre supriu o papel de pai e mãe na minha vida, dando-me todo o cuidado, carinho e amor que eu precisava, mas pelo o que eu era obrigada a ouvir do que diziam sobre ela, quando a ofendiam dizendo que mulheres da cor da minha mãe, só serviam para procriar, colocando mais "criados" no mundo, lavar e cozinhar.
Quantas vezes eu cheguei chorando em casa, sendo amparada pelos braços carinhosos da minha mãe, onde ela me dizia que não devemos nos deixar levar pela maldade das pessoas, mesmo que fossem crianças ou adolescentes, até porque eles só repetem e agem da forma que foram criadas, afinal, só podemos dar o que temos a oferecer de acordo com aquilo que recebemos, mas nem por isso eu devia me deixar influenciar com isso. Que eu não deveria deixar o meu coração ser manchado por pessoas tóxicas que viviam a minha volta, pois não só de pessoas ruins o mundo é composto, tendo também pessoas maravilhosas que nos aceitam e nos amam como somos e com o que temos.
Por um tempo eu passei a acreditar realmente nisso e não me importar tanto com a opinião dessas pessoas que usam a própria amargura para descontar suas frustrações nos outros. Que tentam esconder a própria feiura interior, maltratando e humilhando aqueles que julgam serem inferiores, no entanto, mais uma vez, aquela minha autoconfiança, infelizmente não durou por muito tempo, custando também no processo, o meu coração que foi quebrado em vários pedacinhos.
New York – Outubro/2008
– Eu já falei que você não tem nada o que fazer aqui! – Acordo ouvindo a voz da minha mãe e parece que ela está um pouco brava, por isso me levanto da cama e me aproxima da porta do quarto, que fica pertinho da sala. – Você vem na minha casa depois de todos esses anos, exige que eu vá embora e ainda quer entrar? Não mesmo! Agora vá embora! – Ela tenta fechar a porta, mas uma mão a impede de fazer isso.
– Vai ser melhor para todo mundo, Amélia! Não posso correr o risco de me envolver em um escândalo, e eu tenho certeza que você também não quer isso para a menina. – Ouço apenas a voz do homem, que também está bravo, mas não consigo vê-lo, porque minha mãe não abre a porta direito.
– Não fale na minha filha como se você se importasse e não precisa se preocupar, pois se em 12 anos eu nunca falei nada para desmascarar as suas mentiras, não seria agora que eu faria isso, mas não pense que fiz isso por você, pois se não contei nada, foi justamente para proteger a minha filha. Agora some daqui! Porque não quero um canalha, mentiroso e ordinário como você perto dela. – Arregalo os olhos, pois minha mãe não costuma falar essas palavras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Entrelaçados - Spin-off - Série Destinos
FanfictionEste Spin-off trará as histórias dos casais Secundários de todos os livros da Série Destinos. Coincidências do Destino - Livro 1 Edgar Johnson Júlia Lopes Aleksander Wright Melissa Vitalli Oliver Carter Pietro Johnson William Miller Eloise Johnson O...